jungwoo tinha que procurar a dona das cartas - seis

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"Querido Jungwoo... Eu não quero te ver chorando, por favor, sorria. Mesmo que nada bata certo, sorria e lembra que eu te amo. Eu não quero te perder... Por favor... Só peço isso... Eu te amo..."

A carta era simples e continha uma pequena mancha de lágrima na ponta.

— Ela estava chorando enquanto escrevia? — Ele procurou algo a mais na carta, até mesmo no envelope e tinha algo a mais escrito. Yuta tinha escrito o número de celular dela. Estava lá escrito "sim, é o número dela, Yuta Príncipe de Osaka."

Porque ele fez isso? — Procurou o seu celular nos bolsos e digitou o número, pensando em ligar, mas se lembrou que estava em tempo de aula. Respirou fundo. — Se eu ligar, ela poderá não me mandar mais cartas. — Vários pensamentos desse tipo lhe surgiram, mas o toque de intervalo o interrompeu, o assustando. — Merda, eu tenho que limpar isso... Ah foda-se. — Falou baixinho assim que pegou suas coisas e rapidamente saiu do banheiro, correndo até à enfermaria, onde achou a enfermeira.

— Jungwoo? O que aconteceu? Porque está machucado? Nem faz uma hora que esteve aqui.

— Não foi nada, pode me colocar curativo nisto? Ainda tenho que ir falar com o diretor.

— O que você fez?

— Eu não quero falar agora.

— Jungwoo... — A enfermeira suspirou, pegando os curativos e começando a passar na testa de Jungwoo, que gemeu de dor. — Você brigou com alguém?

— Sim e não. Depende de qual parte querer saber.

— Não entendi.

— Deixa para lá. Você irá saber entretanto. Todos sabem tudo sobre mim, não será novidade.

— Eu realmente não sei. Não compreendo porque você é tão pessimista.

— Você está brincando né? Todos sabem quem eu sou, o que aconteceu na minha família. Sério, às vezes eu preferia ser um Jeon. Eu invejo tanto o Jungkook...

— Eu não estou entendendo muito bem, mas saiba que se precisar de um ombro amigo, eu estou aqui. Posso ser uma simples enfermeira da escola, mas nunca vou rejeitar ajudar alguém.

— Eu não preciso de ajuda.

— Você precisa sim.

— Você nunca iria entender. Pela primeira vez eu desabafei, mas sei lá, me arrependi porque eu sei que sempre serei massacrado por causa do meu sobrenome. Não é fácil ser filho e sobrinho de nojentos que mataram a minha mãe e tia. Acha que é fácil? Eu só tenho vinte anos e sou massacrado sendo que eu só quero ser feliz. Eu não tenho culpa de nada, é verdade, mas aqueles nojentos carregam meu sobrenome! Além que, eu nunca fui desejado. Nem mesmo meu irmão. Meu pai nunca quis ter filhos mesmo, sempre avisou a minha mãe que a mataria, sempre avisou a minha tia que o irmão, que é meu tio, a mataria. Isso tudo aconteceu. Além que meu irmão se suicidou. Eu estou sozinho. Queria ter a coragem do meu irmão e dar fim à minha vida, mas sabe porque eu não faço? Por causa disto. — Abriu sua mochila e tirou todas as cartas de amor anónimas que já tinha recebido até agora. — Este é o motivo porque eu estou vivo, suportando tudo a cada dia. Elas me animam nos dias ruins, elas me fazem sorrir... Coisa que eu nunca fazia. — A enfermeira pegou as cartas uma por uma, lendo-as, já que o garoto deu permissão mimicamente.

— Já tentou procurar a dona das cartas? Pois realmente... Parecem cartas com sentimentos verdadeiros.

— Nunca pensei se eram verdadeiros ou não, mas o facto de eu estar vivendo dia a dia esperando por mais uma, faz me acreditar que talvez seja verdade mesmo, que mesmo nos confins do mundo, parece que alguém me ama.

— Você devia procurar por ela. Ela anda nesta escola, não anda?

— Sim. As cartas sempre vão parar no meu cacifo. Mas hoje, um garoto da minha turma me entregou uma, ainda com algo por trás. Esta aqui — Mostrou-lhe — Tem o número que aparentemente é dela.

— Eu acho que você devia procurar por ela, Jungwoo. Se ela te faz bem... Procure por ela. E olhe, vou te dar um conselho. Suicídio não leva a lado nenhum, e estas cartas estão te provando isso. — Jungwoo arrumou as cartas dentro da mochila e encarou a enfermeira, respirando fundo novamente. A mesma termina o curativo na sua testa, já que não estava fazendo porque o garoto estava se mexendo, agora passando para as mãos. 

Ele pensou sobre o que a mulher disse, e admitiu para si próprio que ela tinha razão. Jungwoo tinha que procurar a dona das cartas.

Cartas para Kim Jungwoo | kim jungwooOnde histórias criam vida. Descubra agora