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ᴘᴀꜱꜱᴀᴅᴏ.

ⅰ. 𝚚𝚞𝚊𝚗𝚍𝚘 𝚜𝚎 𝚌𝚘𝚗𝚑𝚎𝚌𝚎𝚛𝚊𝚖.

Gabriela Guerreiro sempre foi uma pessoa de certezas.

A determinação que lhe era característica, um traço herdado do seu progenitor, concedia-lhe essas certezas todas. A sua mais recente certeza tinha sido a sua primeira opção na candidatura para o ingresso no Ensino Superior, cujo curso superior conduziu-a para a capital portuguesa, deixando para trás a região minhota de Portugal que a vira nascer e crescer. Lisboa recebeu-a, mais propriamente, a Universidade Nova de Lisboa para vê-la frequentar o curso de História da Arte, durante um período de três anos.

- Podes só explicar-me para onde me levas? – Por entre risos, a jovem rapariga de cabelos castanhos-claros solicitou à amizade ganha no primeiro dia em que pisou as instalações universitárias.

- Não confias em mim, Gabriela Sofia? – Glória questionou em resposta ao mesmo tempo que puxava a morena pela mão pela rua em que se encontravam.

- Queres mesmo que responda a isso? – Gabriela contrapôs, revirando os olhos quando a amiga ignorou por completo o seu argumento e persistiu em empurrá-la em direção ao destino que desconhecia.

Só quando virou a esquina é que, por fim, desvendou o mistério em redor ao lugar que Glória tinha em mente. Provinda de uma família que vivia o futebol, especialmente, o clube português fundado em mil novecentos e quatro, não demorou muito a reconhecer a entrada do centro de estágio e formação pertencente ao mesmo. Ao contrário da sua família, o seu coração batia pelo clube presidido por Jorge Nuno Pinto da Costa.

- Já ando há algum tempo para fazer a vontade ao meu primo e vir assistir a um dos seus jogos. Quando me disseste que vinhas de uma família benfiquista, soube que era a pessoa ideal para me acompanhar, embora possuas um único defeito que é ter coração azul.  – Glória esclareceu o seu propósito, enquanto caminhava à frente da sua colega de curso, indicando-lhe, daquela forma, o caminho a seguir, não perdendo uma oportunidade para a provocar pelo clube pelo qual o coração de Gabriela batia.

O sorriso genuíno presente nos lábios da nascida em Braga era a forma de agradecimento pelo gesto da estudante de história da arte que possuía. Chegadas às bancadas do campo indicado à partida da equipa B de futebol do Sport Lisboa e Benfica, instantaneamente, a nascida em Amadora levou consigo a amiga para a fila da frente, uma vez que queria apreciar o futebol dos vermelhos e brancos em condições visuais adequadas. Em consequência da paixão intensa que nutria pelo desporto-rei, Gabriela estava demasiado abismada com o apoio incrível brindado pelos adeptos para os jogadores, o qual proporcionava um ambiente assombroso, para se preocupar em que lugar das bancadas ficava. 

Aquando da entrada das duas formações que se iriam defrontar dentro das quatro linhas, involuntariamente, o seu intenso verde chocou com a figura do primeiro jogador que conduzia o onze principal das águias para dentro do campo delimitado por quatro linhas. Assim que os jogador se alinharam, uns ao lado dos outros, os olhos castanhos pertencentes ao capitão benfiquista corresponderam ao olhar lhe direcionado. De imediato, Gabriela desviou o olhar, manifestando a sua timidez, enquanto Rúben sorriu de lado, regressando ao foco necessário para o jogo de futebol.

Após o apito inicial dado pelo árbitro, a morena de olhos verdes ainda lutou para se concentrar nos movimentos de cada um dos futebolistas profissionais a marcar presença no interior do campo, contudo, quanto mais fitava os jogadores, mais a imagem daqueles olhos castanhos do amadorense surgia na sua cabeça, pelo que, desistiu dessa ideia e procurou, então, conciliar as duas coisas: o efeito que aquele simples olhar tinha nela e a partida de duração de noventa minutos que decorria diante dos seus olhos.

nós os dois |  rúben diasOnde histórias criam vida. Descubra agora