Prólogo III

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Sua cabeça pesava demais... Maria Pia podia sentir os olhos inchados, graças à noite anterior. Ela custou para abrir os olhos, rezando, implorando para qualquer divindade que tudo não tenha passado de um pesadelo. Mas o perfume de Sabine que preencheu o local, era a prova da realidade nua e crua

- Bom dia, mon petit. Vamos abrir esses olhinhos que a madrinha preparou um delicioso café da manhã pra você - Sabine se aproxima, sentando no lado vago da cama.

- Você passou a noite aqui? Achei que já tinha voltado pro exterior -

- Eu prometi, não prometi? - Maria Pia acaba por sorrir quando Sabine bagunça carinhosamente seus cabelos, bem como fazia quando era pequena

- Cadê a Madah? - Pergunta, enquanto se esforça para beber um pouco do suco laranja

- Não se preocupe. Sua Madah está tendo uma manhã bem agitada. Seus pais vão viajar... como sempre - A despeito do tom crítico da madrinha, Maria Pia deu de ombros, já acostumada

- Obrigada, por estar aqui.. agora -

- Não precisa agradecer! Madrinhas são pra isso neh? E que bom que estou podendo ser sua madrinha agora - Elas se dão as mãos. E assim permanecem com as mãos entrelaçadas. Maria Pia vê aquilo com certa graça, é como se todos aqueles anos distantes não tivessem feito diferença alguma.

- Quando vai parar de doer, Sabine? - Pacientemente, Sabine guia o indicador até rosto de Maria, enxugando a lágrima que está prestes a cair

- Com o tempo, mon petit! E por experiência própria, pode ser que nunca pare, mas ameniza. E quer saber de uma coisa? A dor só torna você mais forte! - Sabine sorrir, no que Maria Pia retribui, ainda que pequeno... apertando ainda mais o enlace das mãos unidas.

- Não me diga que bonita assim.. já sofreu de amor -

- Oh... oh se já. E como sofri - Ela sorrir mais abertamente, jogando a cabeça para trás com tanta elegância, jeitinho que só ela tinha - E também, jovem como você, achei o mundo tinha se desabado sobre minha cabeça -

- Qual nome dele? -

- Pedro Guimarães. Mas todos o chamavam e ainda o chamam de Pedrinho.... - Apesar da expressão impassível, há certa perturbação nos olhos claros de Sabrine

- Espera.. Pedrinho, meu padrinho?? - Não pode esconder o espanto - Nossa.. eu não fazia ideia. Ele me ligou ontem de manhã para se desculpar e justificar a ausência dele. O voo tinha sido cancelado, devido ao mau tempo -

- Hm.. Aquele velho gagá só sabe torrar dinheiro com festas, viagens e mulheres - Sabine comenta, meio que a contra gosto.

- Será que estou vendo uma pontinha de ciúme, Sabine Favre? - Fez graça, se esforçando para sorrir

- Mais respeito que sou sua madrinha, Maria Pia - Sabine bem que tenta ralhar. Mas ver a afilhada sorrir, depois da noite anterior... é uma dádiva...

- Você não vai me contar o que aconteceu entre vocês neh? -

- É uma história beeem looongaaa, mon petit - E dolorosa... completou em pensamento

- O que você fez pra superar isso? - Diante daquela pergunta, Sabine fica muda por um tempo.. avaliando se devia ou não responder

- Bom, sai do país. Voltei pra minha terra natal, França. Mas resolvi partir pra Suíça, onde estudei e fundei minha empresa. Foram anos de muita... -

Nós dois, o seu amor sou eu!Onde histórias criam vida. Descubra agora