Se tinha algo que eu detestava mais do que o frio, essa coisa era Lena. A garota era insuportável, um verdadeiro veneno que me atormentava dia após dia. Mas, como a vida é uma puta que te fode e ainda espera o pagamento, eu não tinha escolha. Se ao menos ela aprendesse a controlar sua própria estupidez, eu não precisaria lidar com minha raiva constante.Uma memória específica do verão me atormentava. Uma grande festa havia sido organizada na fazenda para celebrar a boa sorte que tivemos, sem perdas de animais ou contratempos na fazenda, graças ao trabalho árduo dos funcionários. O churrasco estava farto e as bebidas fluíam, e Lilian e Lionel, nossos generosos patrões, nos deixaram até usar a piscina. Era um reconhecimento raro e merecido.
Mas Lena, é claro, não pensava assim. Para ela, éramos apenas "abutres" e "sanguessugas", sugando o dinheiro de seus pais. Era um nojo explícito que ela sentia por todos nós, a classe que sustentava sua família. No dia seguinte à celebração, ela ordenou que esvaziassem a piscina e jogassem a água fora, insistindo que fosse lavada com sabão e água sanitária. Aquilo foi uma humilhação para todos que souberam, e muitos dos funcionários passaram a desprezá-la. Os que não a desprezavam eram os conhecidos “babadores”, que lambiam o chão que ela pisava em troca de qualquer migalha de atenção.
Mas eu, eu faria a vida dela um inferno.
- Seu cavalo estava aqui - ela me apontou, com o dedo indicador em riste, indicando o lugar onde o vira antes.
- Mas não está mais - respondi, desdenhando.
- Quando eu passei, ele estava.
- Deve ter se assustado com sua presença - disse, com um sorriso sarcástico.
Ela se agarrou ao pescoço de seu próprio cavalo quando desmontei abruptamente.
- O que você está fazendo? - ela questionou, a irritação evidente em sua voz.
- O nosso acordo era que você me trouxesse até ele. Você me trouxe, e mesmo que ele não esteja aqui, eu cumpro a minha palavra - declarei, sacando um amontoado de chaves do bolso.
- Idiota! você pretende voltar como? A pé?
- Prefiro voltar a pé do que passar mais um minuto na sua presença - retorqui, segurando o riso.
Ela agarrou o chaveiro quando o joguei na sua direção, seu olhar de desprezo me queimando.
- Então, eu te devo um muito obrigado. Ficar perto de gente como você me embrulha o estômago.
- A única coisa que você me deve, Lena Luthor, é respeito.
- Respeito a você, Kira? Nem se você morresse com uma medalha de honra no pescoço.
- Meu nome é Kara. É mais provável que eu ganhe essa medalha do que você algum dia receber reconhecimento por sua arrogância. E se você não acredita, talvez devesse se olhar no espelho.
- Vai se foder, caipira - foi a última coisa que ela gritou antes de cavalgar para longe.
Espirrei, um espirro tão forte que parecia querer expelir toda a raiva que eu guardava. A roupa grudada em meu corpo me deixava ainda mais incomodada, e o dilúvio não parecia ter fim. Seria aquilo um sinal de alguma divindade? Seria minha missão construir uma arca? Abandonei essa ideia, não tinha coragem para viver cem anos apenas para cumprir um destino monumental.
Era sempre assim, meus diálogos com Lena me deixavam fora de mim.
Segui meu caminho a pé, armada apenas com minha força e coragem. Sacudi meu chapéu encharcado e pisei firme no barro lamacento.
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texas corp
FanfictionKara Danvers nunca imaginou que sua vida mudaria tanto ao aceitar trabalhar na fazenda da poderosa família Luthor. Entre desafios e intrigas, ela precisa lidar com Lena Luthor, a filha do fazendeiro, que parece viver apenas para tornar seus dias ins...