Depois de desenhar um bocado e ver um filme enquanto fumava, decidi deitar-me cedo nessa noite. Não porque me sentia cansada, mas porque no dia seguinte tinha trabalho às 8:15 da manhã.

  Deve dizer-se que tive um sonho estranho. Estava no mar, a nadar. Estava a rir-me e qualquer um diria que me estava a divertir. Mas comecei a ficar sem pé, e quando voltei para trás também já não tinha pé. De repente tudo se tornara mar e eu não tinha pé em lado nenhum.

  Apesar de saber nadar, comecei a ficar exausta de andar sempre a arrastar-me de um lado para o outro, sozinha, sem rumo. E quando estava prestes a deixar-me envolver pela água e imergir para sempre nas profundezas do oceano, apareceu um rapaz todo azul, a andar por cima da água (literalmente) que me estendeu a mão. E não sei porquê eu fugi dele e mergulhei no mar. O meu coração estava a bater cada vez mais rápido e o suor escorria-me da cara. Estava cada vez mais fundo.

  E a mão do rapaz apareceu, estendida na minha direção. Agarro?  Estou prestes a afogar-me, e estou tão perto de acabar com o sofrimento. Eu não sei o que está para além da água. Há necessidade de arriscar? A mão do rapaz persiste e eu, sem decidir nada, também estendo a minha. Os nossos dedos estão prestes a tocar-se, mas subitamente algo me puxa para baixo. O meu coração está a bater a uma velocidade alucinante e é nesse momento que acordo.

  São 5.47h da manhã. Sei que não consigo voltar a adormecer e vou tomar um duche. Ao sentir a água na minha pele, a lembrança no sonho faz-me estremecer. Acabo por só conseguir suportar aquilo durante um minuto e saio logo do chuveiro. Sei que não devia deixar afetar-me por um pesadelo, mas este parecia-me uma boa metáfora da minha situação. Obrigo-me a parar de pensar nisso e decido ir fazer algo útil.

  Quando me estou a vestir, cai-me do bolso das calças um papel. Pego nele e reparo que é um número de telemóvel com um 'M.C' à frente. De certeza que o Michael mo pôs no bolso ontem. Ele devia pensar que eu era uma qualquer. Cheia de raiva, rasgo o papel até não se conseguir rasgar mais.

  Passados alguns minutos percebo que o papel me caiu do bolso de trás das calças e fico com vontade de espancar o Michael. Sem controlar o ódio, lanço mãos ao trabalho e tento fazer um puzzle com o papel e, milagrosamente, consigo ter o número dele outra vez. Mando-lhe a seguinte mensagem:


Ontem esqueceste-te de uma coisa, posso ir a tua casa entregar-ta?


  A resposta demora nem dois minutos a chegar. Era a morada dele.

  Pego nos bocadinhos do papel e na minha mochila e saio de minha casa em direção à dele.

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Haii! O que acharam do capítulo? O próximo capítulo vai ser tão lmao!

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xx, Leonor


☽Voodoo Doll☾(1/3) - m.c.Onde histórias criam vida. Descubra agora