CAPÍTULO 2 - SORO BATIZADO

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Agora que a lua está sumindo, descansando de sua vigília, engolida pela luz do sol. Os cadáveres irmãos e seus cachorrinhos, estão reunidos no porão do casebre imundo. Que ao contrário deste, é como uma luxuosa mansão subterrânea.

-Vocês são todos nequam!

Fala o dono da voz rouca e sombria. Ele está possesso com a incompetência dos seus cachorrinhos, assim como seus irmãos. Afinal, era a oportunidade perfeita para se fortalecerem.

-Elas pularam no rio. Não tinha como prever essa loucura...

Um dos homens tenta se justificar, para não ser morto pelos seus senhores. Mas esta não foi a melhor decisão, já que seu esôfago é arrancado de sua garganta, pelas garras de um dos irmãos.

O sangue espirrado por todo lado suja as paredes brancas e o chão recém polido, a visão do corpo pálido sem vida do homem azarado, que aos irmãos, era um deleite para seus desejos mais sombrios e raivosos. Com certeza, o prazer de sentir suas unhas afundarem na pele do pescoço humano, alcançando com seus dedos o osso da espinha dorsal, arrancando-a junto com a carne a sua volta, sentindo o sangue espirrar na sua cara... ah... um alívio para sua raiva, com certeza.

-Elas são iaras stultus! Ut salire in aquis!

O dono da voz arranhada, com sotaque forte, fala com a mão ensanguentada, querendo que seus cachorrinhos os desafiasse novamente, para lhes arrancar o coração, a fim de descontar sua raiva, como o seu irmão.

-Achem elas!

A voz fina é soada com impaciência, direcionando comandos aos homens a sua frente. Seu dono troca olhares cúmplices com o irmão ao seu lado, percebendo sua ideia genial. O melhor plano que poderiam ter.

-E quero que me tragam roupas delas

O irmão de voz sensual e hipnotizante, fala com um sorriso sombrio no rosto, pensando em destruir as jovens iaras de dentro para fora. Ele anseia vê-las agonizando aos seus pés e se destruindo aos poucos. Ele sente que poderia entrar em êxtase neste momento, imaginando como elas ficarão depois do que fará... a morte lhes seria menos doloroso, toda com certeza.

-É melhor not errarem desta vez.

Ameaça o cadáver irmão de voz manipuladora, brilhando seus olhos totalmente brancos e sorrateiros, virados para seus cachorrinhos, querendo garantir que eles tenham medo o bastante, para não fracassarem desta vez.

-Não, se quiserem uma morte rápida!

Completa em um grito, o cadáver escandaloso, se deliciando com o pavor nos olhos dos cachorrinhos.

POV INGRID

A manhã na aldeia está insuportavelmente quente. Eu suo igual a uma porca e não passa um vento nesse fim de mundo. Me sinto suja e fedida. Daria tudo para ter meu chuveiro comigo...

Olho para o lado e vejo as meninas ainda dormirem. Ótimo! Elas me arrastaram para esse mato... a viagem está um fiasco... e elas estão dormindo serenas, como se tudo estivesse às mil maravilhas!

A noite foi muito cansativa, passamos por muito estresse emocional e físico. Ainda tive que aturar as loucuras que aquela velha maluca dizia. Mas, mesmo assim, tive uma péssima noite de sono. A todo momento escutava algum barulho vindos das árvores e as plantas do chão cutucavam a minha cara. Estou louca para voltar para minha casinha.

-Ingrid, bom dia. Como está?

Byanca sussurra para não acordar as outras. Quanto tempo eu fiquei imersa, para ela ter acordado e eu não ter visto? Ela tem os seus olhos preocupados em mim, esperando ansiosa por uma resposta minha. Acho que ela percebeu minha insônia... eu devo estar acabada, ótimo!

IARAS- Em Guerra Com O AtroOnde histórias criam vida. Descubra agora