CAPÍTULO 3 - NEREIDES BAR

22 3 18
                                    

POV INGRID

Estou cansada de tudo isso! Quando finalmente saímos daquele matagal dos infernos, Beatriz surta de vez! E as meninas dão corda, enquanto ela tenta encher nossas cabeças de picuinhas e desconfianças.

Eu saio de lá, tentando segurar o meu sarcasmo para não falar algo que me arrependa depois. Eu estava desde de manhã querendo um banho com urgência, e agora que o tenho, ele vem bem a calhar. Uso essa desculpa para relaxar e sair o mais rápido possível do ambiente tenso, se formando no quarto, querendo escapar de ter que respirar o ar sufocante de nossa futura desavença e de descarregar todo meu estresse desses dois dias turbulentos.

Pego uma toalha e entro no banheiro. Trancando a porta, respiro calmamente, absorvendo a paz que aquele pequeno cômodo me proporciona nesse momento.

Analiso todo o ambiente, suspirando em alívio ao colocar os olhos numa pequena banheira, mas que é tudo que eu preciso para relaxar. Jiro o registro de alumínio, vendo a água jorrar da torneira, enchendo a banheira lentamente.

Abro os armários, em busca de sais de banho, sabonete, shampoo e condicionador. Assim que encontro, pego a bandeja com os pequenos frascos, colocando em cima da pia, que fica ao lado da banheira, para conseguir manuseá-los de dentro dela. Jogo os sais de banho, sem pena, vendo a banheira espumar.

Começo a me despir, ignorando o fato de termos deixado nossas malas para trás, estando assim, sem roupa para usar após meu banho. Apesar disso, descarto automaticamente a ideia de usar a mesma roupa, tendo como alternativa mais adequada para elas, o lixo.

Faço minhas necessidades básicas, lembrando desgostosa das vezes que tive que fazê-las no meio do mato. Afasto as lembranças grotescas, focando na banheira, já suficientemente cheia, à minha frente.

Entro nela, sentido cada músculo do meu corpo relaxar com a água fria e refrescante, afastando por agora, o calor escaldante do Norte. Minhas pernas doem pelo esforço de tempos atrás e depois, formigam em uma sensação gostosa de relaxamento. Apoio minha cabeça na borda da banheira, aproveitando a sensação da água doce me relaxando e acalmando.

Pego o shampoo na pia, me afundando mais para molhar bem meu cabelo, mas sinto a banheira muito pequena para isso. Decido então, colocar minhas pernas para fora da banheira, não tendo sucesso ao movê-las, sentindo pesadas demais. Confusa, levo meus olhos para minhas pernas...

-Aaaahhhhh!!!!

Grito instantâneamente em choque e pavor. O que eu fiz de errado na porra da minha vida, para merecer esse pesadelo?! Me belisco com força, numa tentativa desesperada de acordar de um sonho, não obtendo sucesso. Então... só pode ser efeito do calmante que me deram! Ou vai ver... eu nem acordei depois de me doparem! Ou estou alucinado... com febre! Toco minha testa checando minha temperatura, me decepcionando logo em seguida. Bato levemente nas minhas bochechas, porque... só podem ter me drogado... e... duas vezes! Aquela bebida indígena não era boa coisa, e eu sabia!

-Ingrid!!

Ouço batidas na porta e barulhos de fechadura. Ouço elas preocupadas, discutindo sobre algo que não ouço direito, tentando abrir a porta com batidas cada vez mais altas e contínuas.

-Ingrid!!! Você está bem?! Está aí!?

Ouço Bia gritar desesperada, mas abrindo minha boca para respondê-la, não sai nada. Permaneço com ela aberta em choque e pavor. Sinto algo quente escorrer pela minha bochecha, caindo na minha boca num gosto salgado. Passo a mão no rosto, confusa... Só então percebo, estou chorando... Um nó se faz em minha garganta, então soluço buscando ar, me permitindo chorar mais e mais, dolorosa e ruidosamente.

IARAS- Em Guerra Com O AtroOnde histórias criam vida. Descubra agora