"Meu Querido Tabuleiro de Xadrez"

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Meu querido tabuleiro de xadrez,
Que fazes tu ali encostado,
No canto do móvel,
Com pó por todo lado,

Já fostes memória de jardim,
Já fostes memória de carro,
Sempre fostes memória de casa,
sempre serás memória de todo o lado,

As tuas peças,
Claras e escuras,
Que fazem lembrar as pessoas,
Que usaram-nas nuas,

Nuas de alma,
De puros sentimentos
Que nas tuas peças tocavam,
Como eles a si mesmos,

Foram avançadas peças,
E tantos cheque-mates feitos,
Uns de pura realidade, outros traiçoeiros,

Mas se bem que quem os fazia,
O rei que sempre ganhava
Alguma vez saberia,
Que a sua rainha o deixava,

Pois ela por vezes conseguia,
Mas via a angústia do rei,
E como a alma por vezes lhe doía,
Um sacrifício ela expôs além,

Para o sorriso final do grande cheque-mate,
Que ao rei fizesse vencedor,
Saberia lá ele da sua rainha,
Que sentia-se mais que vencida com aquele sorriso de valor,

Pois então, querido tabuleiro,
Vais dar uso outra vez?
Ou ficarás no teu canto,
Sem jogares uma última vez?

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