Abandonada.

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Não sabia muito sobre Deus quando tinha 10 anos. Nem tinha silêncio emocional para me ligar a ele. Ele sabia que eu estava num turbilhão de aflições. E estas depois da primária mal tinham começado.

A minha turma da primária foi para o básico e decidiu abandonar-me. Está a ler bem abandonar-me sozinha naquela selva daquela escola básica.

A minha mãe ouviu rumores que aquela escola era perigosa, queria por-me num colégio, mas ainda assim mandou-me para a pública.

Entrei em dissociação.

A rainha daquela merda de estabelecimento de ensino, uma chumbada, fumadora, feia do pior, veio pegar comigo também. Dizia-me que eu " tinha uma peruca". Eram as palavras dela...

Mais uma vez o diabo do cabelo estava-me a destruir por dentro e por fora nas minhas relações sociais.

Depois umas da minha turma que era a pior da escola inteira do sétimo para baixo, peixeiras, vieram me pedir desculpa por me terem chamado palhaça e que eu devia ir para o circo.

Era uma confusão nos corredores e nos espaços exteriores que eu passava e ansiava que passasse o intervalo fechada completamente na casa de banho.

Este trancar-me foi o início do meu processo de invisibilidade.

Comecei a andar com roupas mais discretas para não dar nas vistas. Mas ou era o facto de ser brilhante aluna, ou não ser uma parva como as outras, tudo incomodava aos que me faziam abuso psicológico. SIM ABUSO! Há que chamar as coisas pelos nomes. Terror pronto! 

DEIXA A LUZ ENTRAROnde histórias criam vida. Descubra agora