Sua Alteza Real - Satzu

2

— jungkook voltou. 

Estou na sala de jogos da casa de dahyun, sentada no chão e encostada no sofá com um controle de Xbox nas mãos. Na TV gigante à minha frente, um dragão agarra meu avatar, lady Lucinda, pela cabeça, sacudindo-a tão agressivamente que o corpo sai voando para fora da tela. Ótimo. Descanso o controle na barriga com um suspiro enquanto a tela fica branca. — Aquela era minha última vida — resmungo, pegando a lata de Sprite Zero ao meu lado. dahyun cutuca meu pé com o dela, suas unhas pintadas num roxo vívido.

— tzuyu, você me ouviu? Do meu outro lado, chan se apruma, pegando o controle de mim e recomeçando o jogo. — Ela te ouviu, dahyun. Ela não se importa. — Eu me importo — confirmei —, porque gosto do jungkook e é legal que ele tenha voltado. Só acho que isso não tem nada a ver comigo. Cruzando as pernas, dahyun endireita a coluna e olha para mim sobre os óculos. São novos, a armação verde-ácido brilhando em volta de seus olhos escuros. — tzuyu — ela diz, e eu movo os ombros, desconfortável.

— Eles terminaram — eu a lembro enquanto me endireito também. — Acabaram. E eu e somi somos... — Um caso de verão que vai partir seu coração — dahyun completa, e fecho a cara para ela. dahyun tem batido nessa tecla desde que contei a ela sobre nós: que somi é inconstante, que ela muda de ideia mais vezes do que muda a cor do cabelo, que eu sei como somi é. Sei que ela diz isso porque se importa comigo, mas, ainda assim, não é o que mais gosto de ouvir e, além disso, ela está errada. E talvez tenha um pouco de ciúmes. somi e dahyun eram muito próximas alguns anos atrás, mas, conforme somi e eu nos aproximamos, dahyun acabou ficando um pouco de fora. Nosso Quarteto de Amigos está em constante transformação. O fato de somi e eu estarmos juntas agora mudou mais ainda as coisas. — somi é meio excêntrica — chan reconhece enquanto seus dedos voam sobre os botões do controle. Ele olha para mim, os cabelos castanhos sobre um dos olhos. — Desculpa, tzu, mas você sabe que é verdade. É uma das coisas que amamos nela, mas dá pra ver que isso pode fazer dela uma namorada ruim. — Você não é exatamente um especialista em namoradas, chan — digo, e ele abre a boca fingindo ofensa, o olhar ainda grudado no jogo. — Como ousa, chou tzuyu? — Então seu rosto abre um sorriso. — E, sim, justo. Mas sou um especialista em você e não quero ver seu coração esmagado. A dahyun está sendo meio chata, mas ela não está necessariamente errada, o que em geral acontece com dahyun, sejamos sinceros. — Por que eu ainda te chamo pra vir aqui? — dahyun resmunga, pegando a lata de refrigerante e bebendo um longo gole. — Porque você me ama e quer apoiar meu vício em jogar — chan diz, e então solta um grito triunfante quando o dragão cai morto na tela. Jogando o controle sobre o tapete grosso, ele se inclina sobre mim para alcançar o pacote de salgadinhos de queijo que foi parar debaixo do sofá. — É um desperdício você ter esse videogame, dahyun — ele diz. — Você nem joga. dahyun dá de ombros e eu pego um salgadinho do chan, com cuidado para não derrubar farelo no tapete. Não que dahyun ou seus pais se importem. Mas a casa deles é tão bonita que sinto que eu devo me importar. O pai de dahyun trabalha para alguma empresa de petróleo em Houston, o que significa que sua família tem muito mais dinheiro do que a minha ou a do chan. Isso nunca foi um problema, mas ainda fico impressionada com o piso lindo, as TVs enormes e como dahyun tem seu próprio banheiro no quarto. Agora ela me observa com os olhos semicerrados. — somi disse que você passou para aquele colégio sofisticado na Escócia. — Quê? — Farelos cor de laranja voam da boca de chan enquanto ele leva uma mão à boca, e eu olho de um para o outro com o estômago embrulhando. — Ela te contou isso? — pergunto, e dahyun pega o pacote de salgadinhos de queijo de chan. — Sim — dahyun me diz. — Você não vai por causa dela? Pego meu refrigerante de novo, mais para ter algo para fazer com as mãos do que por sede. — Não — digo naturalmente. — Não vou porque é cara. chan solta uma risada debochada. — Sei, porque uma bolsa de estudos não está à sua altura, ó lady Espertona. — Exatamente — dahyun concorda e eu apenas dou de ombros. Fico incomodada que somi tenha comentado sobre isso com a dahyun,especialmente porque eu ainda não tinha contado para mais ninguém. Mas apenas falo: