Me aproximei lentamente e observei a criança em seu colo.
- É o filho da...
- Sim. Mas para onde você estava indo?
Ele viu minha bolsa e me olhou cético. A alegria da chegada quando me anunciava que era um menino que trazia no colo, desapareceu.
Preferi não responder, não queria mentir e nem havia a necessidade, ele sabia que a qualquer momento eu partiria. Acho que ele não supôs que seria tão breve. Tomei a criança em meu colo. Lembrei-me de Fred, meu irmão. Fechei meus olhos e senti seu cheiro. Ele estava limpo, bem agasalhado e pelo que notei Nick trazia mais alguns pertences do bebê.
- Vamos entrar, aqui esta frio para ele.
La dentro ele tratava de acender a lareira que eu julgava ter dito adeus a instantes atras.
- Benjamim. - Ele interrompeu o silencio
- Como? Não entendi.
- O nome que a mãe escolheu.
- A, sim. Lindo nome. Benjamim. - Sorri com ele no colo, dormindo. - Ele precisa mamar.
- Acabou de fazer isso antes de vir comigo. Amanhã de manhã nós vamos la de novo. Ou só eu... Ja não sei. Enfim, ele terá amas de leite também.
- Tudo bem. Nick...
- Alyah, eu não quero conversar. Não hoje. Vamos dormir.
Me senti culpada sem razão. Ver ele cabisbaixo, decepcionado comigo, isso me matava por dentro. Por alguns instantes pensei em ficar por ele. Talvez toda essa confusão, ideias de fugir, fosse só maluquice. Dormi pensando nisso.
E acordei com o choramingo do bebê. Foi tão difícil pegar no sono, e quando finalmente consigo... Benjamim. Me levantei um pouco sonolenta. Nick já tinha saído. Peguei alguma coisa para comer, algumas roupas e me adiantei. Não poderia me dar o luxo de comer ou tomar banho antes de ir. Benjamim não poderia esperar mais. Uma noite inteira sem a mama dele já era demais.
Eu mesma me sentia mal de chegar naquele lugar, pior ainda levando um recém nascido. Mas era preciso.
- Meu pequenino.
Ela estava cansada. Ainda se recuperando do parto. No entanto ver seu filho fez um sorriso brotar. Ele se calou no mesmo instante. Afinal o que era isso? Essa coisa que une a mãe ao filho como um fio invisível. Conversamos um pouco e ela pediu para eu cuidar do seu bebê. Precisei assumir o meu desejo de ir procurar o Symon. Para meu espanto ela aceitou.
- Lyah, talvez esse sumiço do Symon estivesse nos planos de Goel. Eu preciso te contar algo muito importante. E depois disso, vá e leve meu Benjamim para alguem que o ame, até que eu saia daqui e possa encontra-lo.
Fiquei desnorteada. Ela estava séria, convicta da sua decisão. E assumo que temi e tremi.
- Raquel, voce não vai precisar se afastar dele. Quem ficar com ele pode trazê-lo aqui, como eu estou fazendo.
- Não, Alyah. Você vai leva-lo pra longe. Tenho medo que o pai dele faça alguma coisa.
- Raquel!! O pai esta por perto? Me diz, eu vou exigir que ele cuide de voces. Ou ele não tem condições pra isso?
- Ele é rico... Mas voce não vai falar nada. - Com a mão desimpedida ela acalentou a minha. - Eu me envolvi com um homem que prometeu me dar o mundo se fosse preciso, e eu tão nova acreditei. Não ouvi meus pais e simplesmente me joguei de cabeça numa paixão que destruiria minha vida. Aprender a amar meu filho foi dificil, mas não impossivel. Ele foi o motivo de continuar viva e nao cometer nenhuma loucura. Meu pequeno herói salvou minha vida. Enfim... Esse homem tem um passado escuro, e cheio de interrogações. Quando você se aproxima, sua curiosidade te leva a ir alem. E na escuridão voce nao sabe onde pisa. Pode acabar numa armadilha. Num buraco. Por isso me arrependo de nao ter te contado antes... Voce precisa sair desse caminho.
Como assim? Eu o conhecia? Ela interpretou minha expressão, para meu desanimo.
- Sim... você o conhece. Benjamin é filho do Nickolas.

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Sobrenatural
AdventureNão subestime o seu desejo de transformar o mundo. Pode ser que o seu mundo dependa disso para mudar. Um livro pode mudar o destino de uma pessoa? O de Alyah sim. Uma garota que vive num mundo perfeito demais. Atraves de suas indagaçoes ela chega a...