Capítulo 3 - A verdade

913 41 9
                                    

Havíamos nos afastado da armadilha, e a poucos metros entramos numa choupana bem aconchegante. Sentei-me e aproveitei pra observar. Se eu morasse ali com certeza traria um pouco mais de vida. Sei que disse que estava aconchegante, mas poderia ficar melhor. As janelas estavam fechadas, mas ainda assim me sentia confortavel. Symon voltou com um pouco de agua. Fiquei com receio de toma-la - não sabia até que ponto os rebeldes poderiam ser violentos - e coloquei sobre a mesinha que havia entre nós. 

- Obrigada.

A sua deficiencia era ainda mais visivel. Ficamos em silencio por um instante até que eu o interrompi.

- Me explique sobre os rebeldes.

Ele parou de beber seu chá e levantou os olhos na minha direção, rindo um pouco, o que foi estranho.

- Por que esta rindo? O que eu falei de tão engraçado?

- Na verdade ainda me surpreendo com esse titulo que voces nos deram.

- Mas não é isso que voces são?

- Responda-me voce. Te pareço um rebelde? - balancei a cabeça negativamente - Se assim fosse eu teria te ajudado? Não usaria voce como um meio de vingança por tudo que os Perushins ja nos fizeram passar?  

- É que meus pais me disseram…

- Sim, eles dizem isso desde que o mundo é mundo. Senhorita Alyah, somos chamados de rebeldes por que não obedecemos os extremos deles, e sim o que consideramos correto. É simples, se hoje fosse o dia santo - sempre temos esse dia, como um ritual onde descansamos, compreendia mas assumo que achava um tédio - e a senhorita visse alguem ferido no meio do caminho, pararia para ajudar?

- Mas é claro que sim…

- Pois bem, isso te custaria alguma punição. Mas me diga o que lhe parece mais correto? Ajudar ou cumprir leis?

- Mas senhor Simon…

- Pode me chamar apenas de Simon.

- Não importa… não ha uma chance de cumprir as leis fazendo o que é correto?

Ele me olhou com um sorriso de canto.

- Tem, sendo como voces chamam, rebeldes.

Tentei absorver aquelas informações. Mas por que eles simplesmente nao conversavam? Tudo poderia mudar.

- Aalyah, há mais coisas entre o céu e o inferno do que supõe nossa imaginação. Nós optamos por continuar fazendo o certo ainda que todos achem errado.

- Mas o que te garante que esta fazendo tudo corretamente?

Ele lançou um olhar sobre minha chave. Segurei-a com força.

- Voce conhece o Livro?

Seu sorriso mostrava um certo carinho.

- Ele é a resposta Aalyah. Para tudo que voce quiser saber. Ele é a garantia de que tudo que faço é certo. Ou pelo menos a intenção é correta. Provavelmente voce não leu a declaração, não é? E seus pais, não sabem que o tem?

- Não sabem. - me levantei cada vez mais confusa - Eu não consigo entender como um livro pode fazer voces viverem assim. Isso é loucura, Simon. Olha para voce, pelo jeito que fala e pelo tanto de livro que tem nem parece aquele homem que encontrei dias atras. Voce é inteligente. Mas essa decisão de seguir um livro me parece um tanto maluca.

Ele se levantou e foi até a cozinha pegar mais chá.

- Aalyah, eu não sigo papéis. Esse trabalho eu deixo pra voces, Perushins. Eu sigo um proposito por detras dos papeis.

SobrenaturalOnde histórias criam vida. Descubra agora