Estava em casa preparando pipoca, a cena de Madd dando um tapa em Aidan permeou em minha cabeça, nunca a imaginei sendo tão agressiva, de certo que ele deve ter lhe dado um bom motivo para aquilo, ou, como minha mãe diz, não devemos julgar o livro pela capa, pessoas doces podem ser tempestuosas por dentro. Os grãos começaram a estourar e dei um salto, as vezes eu entrava num estado vegetativo quando meus pensamentos divagavam demais, soma-se isso ao fato de que eu iria assistir Invocação do Mal. Chamem-me de louca por assistir sozinha, mas Millie se acovardou de meu convite como boa medrosa que é, além do mais, ainda eram cinco da tarde, acho que poderia encarar essa.
O cheiro bom tomou conta da casa, coloquei a pipoca na vasilha, salpiquei sal e fui para a sala. O DVD já estava no ponto, respirei fundo e apertei play. Sentei no chão mesmo, as primeiras cenas eram sinistras, uma boneca medonha tomou conta da tela, duas garotas apavoradas contavam sobre o fato de já tê-la visto se mexendo, a boneca Annabelle era aterrorizante, sentada imóvel em uma cadeira de balanço, um frio na espinha me tomou, as meninas a jogaram no lixo, livrando-se da presença do objeto maligno. Algum tempo depois, chegaram animadas em casa, ouviram batidas na porta, mas não havia ninguém. As batidas agora eram em algum cômodo da casa, uma delas se aproximou da porta, claro que a idiota iria abrir. Eu correria que nem o diabo da cruz.
As batidas cessaram quando a garota pôs a mão na maçaneta, não abre, não abre, não abre, pedi em silêncio. Dei um pulo quando as batidas recomeçaram, só que na porta da minha casa. Creio em Deus pai, estava prestes a me borrar nas calças, quando ouvi a voz rouca de Aidan me chamando lá fora, pausei o filme aliviada, decidindo se depois de atendê-lo, continuaria assistindo aquilo ou não. Por causa do medo, meu raciocínio não estava muito bom e não parei pra pensar no porquê de sua visita. Ele estava sério, lá fora fazia um frio dos diabos, fiquei parada na porta, esperando que ele falasse primeiro.
- Posso entrar? - Perguntou-me, seus lábios estavam um tanto roxos.
- Claro. - Acordei do meu transe pós medo idiota.
Desbloqueei a passagem e tranquei a porta rapidamente, o problema da primavera era esse, haviam dias em que estava mais quente e outros em que o frio era terrível. Olhei para a tela congelada na TV, a garota abriu a porta, o rosto de Annabelle estava congelado na tela, fiz uma careta, que horror.
- O que você viu Nola? - Tirou o cachecol azul que envolvia seu pescoço e sentou-se no sofá, cruzou as pernas e esperou paciente.
Desgrudei os olhos da televisão, piscando algumas vezes. O que eu diria? Minha boca abria e fechava diversas vezes, mas minha voz havia desaparecido e eu não sabia como resgatá-la.
- Não sei o que você está pensando sobre o que viu. - Suspirou. - Vim pedir que não comente com ninguém, pode ser? - Não movi um músculo e isso pareceu irritá-lo um pouco. - São problemas banais de casal, nada demais. Sei que é sua varanda, mas peço que não invada minha linha de privacidade.
- Eu não pretendia fazer isso. - Finalmente achei minha voz perdida, me sentindo um pouco ofendida com seu comentário. Eu disse um pouco, porque no fundo eu sabia que poderia ter evitado o que vi. Ele me avaliou calado, parei a cinco passos do sofá, com as mãos cruzadas no peito. - Desculpe, não tive a intenção de bisbilhotar sua vida.
Ele deliberou por um instante, talvez procurando algum vestígio de mentira em mim, mas Aidan me conhece desde que nasci, sabe que não sou dada a esse tipo de coisa, ou acredito que ele saiba.
- Tudo bem. Acredito em você. - Fiquei muda, porém um suspiro aliviado escapou de mim. Não sabia como continuar aquela conversa sem dar uma de intrometida, o silêncio estava me incomodando, os olhos verdes dele pareciam me ler de uma forma que eu não compreendia, não ousava encará-lo por mais que cinco segundos, porém, ele continuava com aquele semblante, perscrutador e intimidador. - Por que você resolveu usar a varanda?
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𝐁𝐨𝐫𝐧 𝐓𝐨 𝐌𝐞 | 𝐀.𝐆. ❪ 𝐬𝐥𝐨𝐰 𝐮𝐩𝐝𝐚𝐭𝐞𝐬 ❫
FanfictionAidan Gallagher e Enola Browning. Dez anos de diferença de idade. Ele a pegou no colo ainda recém-nascida. A viu dar seus primeiros passos, balbuciar as primeiras palavras e a viu passar por tantas e diversas experiências ao longo dos anos. Ele viu...