𝐁𝐨𝐫𝐧 𝐓𝐨 𝐌𝐞 | 𝐀.𝐆. ❪ 𝐬𝐥𝐨𝐰 𝐮𝐩𝐝𝐚𝐭𝐞𝐬 ❫

Sonho proibido

Fiquei estática, sem saber bem o que dizer. Queria entrar correndo em casa, mas a verdade é que não conseguia sequer me mover sob o olhar duro e repreensor de Madd.

- Eu estava mesmo trabalhando em algumas planilhas, mas terminei mais cedo do que imaginava e fui para o Hyde Park. - Aidan tinha uma postura plácida, serena.

- Sem me convidar Aidan? E o que a pirralha tem a ver com isso? - A hostilidade de Madd me fez encolher. Eu poderia revidar, mas no fundo me sentia culpada, pois tirei Aidan de seus afazeres e agora eles estavam brigando.

- Não a trate desse jeito. - Aidan rosnou baixo. - Enola, entre por favor. - Ele me olhou de lado, juro que por mim já estava lá dentro há muito, muito tempo atrás, mas como se saía do lugar mesmo?

- Não Enola, fica. Quero saber porque raios uma ninfetinha anda convidando meu namorado para passeios. Vamos, abre a boca garota. - Ela deu dois passos para a frente, Aidan estava no caminho, bloqueando-a.

- Foi só um show. Você está bancando a criança ciumenta. - Ele disse encarando-a, mas ela nem piscou. Se chacoalhou livrando-se das mãos dele em seus ombros.

-E por falar em criança. - Sorriu de lado, em uma clara direta para mim, Aidan parecia tentar manter o controle com muita dificuldade. - Existe telefone Aidan, poderia ter me ligado e nós iríamos juntos.

- Claro que não! - Ele se irritou de verdade, quase gritando. - Você diria que não gosta de lugares cheios, que liguei em cima da hora, que não gosta daquele tipo de música e mais uma infinidade de desculpas esfarrapadas, no entanto, se os idiotas da tua turma te ligam, você corre até de pijama se for preciso e se enfia no bar mais asqueroso de Londres com eles. - Percebi que Aidan se inclinava pra cima dela, e vi pela primeira vez ela se abalar um pouco.

- Vai ver porque são ótimas companhias. - Ela não quis ficar por baixo, achei aquilo extremamente ridículo e desagradável.

- Exato Madd, nós não apreciamos mais a companhia um do outro e pra mim chega. Acabou. - Ele disse bem baixo e bem devagar, como se quisesse enfiar aquela palavra no ouvido dela, para que a mesma não a esquecesse.

- Como assim? To muito velha pra você Aidan? - Ela segurou o choro, mas algumas lágrimas despencaram e pelos velhos tempos, eu senti um pouco de pena dela.

- Não se trata de idade. Se trata de você, do que você se tornou e de nossa incompatibilidade. Não quero mais discutir no meio da rua, mando o restante das tuas coisas pro teu apartamento. - Ele passou a mão nos cabelos, fechou a cara indicando que a discussão chegara ao fim.

- Espero que não se arrependa, pode ser muito tarde Aidan. - Madd limpou o rosto de forma grosseira. - Eu não vou ficar esperando por você. E você Browning. - Olhou pra mim com ódio, os olhos vermelhos tornavam o momento ainda pior. - Eu já percebi teu joguinho, quero ver até onde isso vai durar.

Ela deu as costas, eu cheguei muda e assim permaneci até o fim. Madd acelerou o carro cantando pneus, algumas pessoas observaram sua saída triunfal com curiosidade.

- Aidan, eu... Eu... Se eu soubesse…

- Não se justifique. Esse namoro já tinha afundado. - Ele respirou profundamente antes de continuar. - A verdade é que me sinto livre. Aliviado, pra ser mais preciso. Eu estava afundando junto com esse relacionamento e te garanto que ela também, embora ainda persistisse. - Ele fez uma pequena pausa, percebi que apesar do alívio, ele também se sentia esgotado pelo ocorrido. - Foi mal as grosserias da Madd, nem eu a reconheço mais. - A voz dele era profunda e tinha uma nota triste de fundo.

Eu olhava para meus pés, quando ouvi seus passos se distanciando. Não tinha certeza se ele de fato estava bem com isso, a culpa me corroía, e se no fundo ainda houvesse esperança para eles e por causa de minha birra ela se esvaiu? Eu posso mesmo ter acabado com o futuro dos dois. Me vi sozinha do lado de fora e me obriguei a entrar quando senti minhas mãos dormentes do frio, meu celular vibrou no bolso do casaco. Um alerta de mensagem chamou minha atenção na tela, não isso exatamente, mas o fato de ser um número não identificado.