Capítulo 2

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Passei o resto da noite pensando no que Rosa me contou, quando voltei para o baile, parecia alheia aos convidados, consegui manter poucas conversas, na verdade fugi de quase todas , até Arthur percebeu que eu estava aérea, me perguntei se ele saberia sobre o que a jovem faminta falava, mas achei melhor não contar, passei a me questionar sobre quem estaria escondendo algo tão sério que se Rosa decidisse me contar, poderia acabar morta.


Ao final da noite cruzei apenas uma vez com Nicolas antes de me dirigir ao meu quarto, nosso cumprimento foi um leve aceno de cabeça e um meio sorriso, estava nítido sua desconfiança de que algo no baile não me fez bem, e eu rezava para que pensassem que foi apenas a comida que de deixou indisposta. Virei a noite submersa em pensamentos distintos, tentei montar um quebra cabeça em minha mente mas parecia que as peças nunca formariam a mesma imagem, andei de um lado para o outro com minhas pantufas evitando que o barulho dos meus passos me entregassem, fui ao banheiro, caminhei até minha varanda e então decidida a não dormir, resolvi andar pelo jardim, fui até uma gaveta de madeira esbranquiçada e retirei um sobretudo longo de cetim branco, meus braços estavam envoltos em minha cintura conforme eu descia lentamente as escadas. Ao todo cruzei com 3 guardas que se reverenciaram com suas feições confusas, eu apenas levantava minha mão e continuava meu caminho, não queria perder tempo me explicando.

Passei por uma grande porta que dava ao jardim leste,  retirei minhas pantufas para sentir o grama recém cortadas fazer cócegas em minha sola, caminhei lentamente até um banco ao longe, respirei fundo me sentindo levemente tonta, minha cabeça doía por ter ficado tanto tempo tramando planos e pensando em possíveis traições, será que a pessoa que não quer que eu saiba o que se passa na cidade, é do conselho? ou talvez algum guarda, e qual seria o motivo? Não conseguia imaginar nada, nem uma possível traição, por que fariam isso? A que preço?

Se tais questões fossem reais, o que eu ansiava mais do que tudo para serem apenas delírios de minha mente, e preferia muito bem, me sentir culpada de ter pensado nessa possibilidade, do que ela realmente existir, eu não poderia agora apontar o dedo para alguém. Não imagino quem me trairia e o que ganharia com isso, já me esforço tanto para agradar a todos do meu país que ás vezes me sinto sobrecarregada, eu tenho orgulho de dizer que minha vida passou a ser totalmente relacionada a cuidar de Hérmes, suspiro pesadamente, devo estar ficando louca.

Sinto uma presença ao meu lado, viro a cabeça em direção a sombra, que na verdade se trata de Nicolas em seu pijama azul cobalto, ele me encara, os olhos brilhando a luz da lua que está pronta para se despedir de nós, um sorriso branco pinta seus lábios, e inconscientemente eu sigo seu gesto, Nicolas desliza pelo banco para ficar ainda mais perto de mim, eu acolho seu gesto tombando minha cabeça para o seu lado a descansando ali, ele afaga meus cabelos enquanto ficamos em silêncio olhando o céu. O calor que seu corpo emana ao meu lado parece me aquecer durante a noite fria, imediatamente me sinto confortável ao seu lado, o clima entre nós é leve, leve o suficiente para apenas aproveitarmos a presença um do outro sem precisar manter um diálogo, o barulho das folhas das árvores balançando infestam o ambiente, também se poder ouvir o som de alguns grilos entre os arbustos, tudo muito sereno, um contraste enorme com a minha mente que está um turbilhão. Finalmente resolvo quebrar o silêncio, afim de me concentrar em algo que não seja os meus pensamentos.

- Por que está aqui?- retiro minha cabeça de seus ombros e volto a encará-lo

- Eu estava sem sono, então te vi pela janela- ele deu de ombros, nem havia o perguntado mais cedo onde ficava seus aposentos, estranhamente era tão perto do meu na ala norte do palácio, mas então ele continuou- percebi que está longe demais, desde o baile, a vi sair de fininho e fiquei preocupado com a sua demora, quando  fui procurar pela senhorita, já estava novamente no salão, mas dessa vez com uma expressão tão distante, o houve?- droga eu era tão transparente assim ? ou ele que parecia me conhecer bem demais? optei pela primeira opção, já que não teria como ele me conhecer tão bem dado o fato de que nos conhecemos a algumas horas atrás, esquivei meu rosto olhando para frente e dei de ombros, torcendo para que ele acreditasse que eu estava indiferente

Lagrimas de ferroOnde histórias criam vida. Descubra agora