O ponto final depois da vírgula.

me sinto eu

Eu me sinto tão perdida ao ponto de rir e chorar.
Eu me sinto tão bagunçada ao ponto de não saber o que sinto.
É dor e tristeza?
É amor intenso?
Não sei mais o que penso.
Estou rindo e chorando ao mesmo tempo.
Sei que minha risada é feliz.
Sei que minhas lágrimas são tristes e dolorosas.
Mas então, o que eu sinto?
Não é amor, isso é fato.
Não me vejo amando um alguém físico incondicionalmente.
Não me vejo aos prantos por querer alguém real.
Mas se não é amor, o que é?
Talvez dor...
Mas eu ria.
Eu ria e sabia,
Sabia que era felicidade.
Tem que ser,
Ou então, porque que ri?
Sorrisos e risadas são alegres.
Elas são sempre alegres, certo?
Não imagino-me rindo sem você.
Não imagino-me sofrendo, senão por você.
Não imagino-me amando alguém, senão você.
Não imagino-me viva sem seu toque.
Não imagino-me um ser real, porque quero você.
Quem sou eu senão você?
Pois me tornei sua e tu se tornaste meu,
Assim somos um só,
Assim somos corpo e alma em um.
Assim eu morri.
Pois tu já estavas morto.
Só me levei ao penhasco e deixei que me guiasse até a ponta de tal.
Assim eu quis,
Desejei,
Almejei,
Implorei,
Pedi,
Supliquei,
Falei,
Falei para que me empurrar da beira.
E então fez.
E me senti livre,
Me senti sozinha,
Mas me senti eu,
Me senti eu e não você.
Porque me doía,
Porque me rasgava ter você.
E mesmo que eu o tenha,
Agora não o tenho.
Não tenho você em mim enquanto caio.
Não lhe tenho enquanto perco a respiração.
Não o tenho enquanto voo chão a baixo.
Eu me tenho.
E me tenho por si só.
Me tenho sozinha,
Me tenho vazia.
Porque disto agora?
Eu, um ser, eu.
Me sinto vazia de tudo.
Me sinto infeliz.
Me sinto esgotada,
Mas enquanto caio me sinto finalmente eu.
Sinto a impureza.
Sinto o desgosto.
Sinto a dor.
Sinto o sofrimento.
Sinto a fadiga emocional.
Sinto cada pedaço de egoísmo.
Sinto o egocentrismo.
Sinto a ingênuidade.
Sinto a pessoa que sou.
Sinto a imperfeição.
Sinto o erro que sou.
Me sinto eu.