𝑷𝒂𝒕𝒊𝒆𝒏𝒄𝒆 𝒐𝒏 𝒂 𝑴𝒐𝒏𝒖𝒎𝒆𝒏𝒕 [Tradução]

[Capítulo 6]

* ~ Dia Atual ~ * ~

Harry estava sentado do lado de fora da cabana, enrolado em seu roupão e segurando uma xícara de café perto do peito. Ele estava lá desde o nascer do sol e, embora estivesse frio, o tempo estava lindo.

Ele não conseguia dormir; a dor na parte inferior das costas e quadris o estava deixando louco e ele não era capaz de deitar na cama por mais tempo e esperar que o sono o puxasse para baixo. Ele tinha pouca esperança na melhor das hipóteses, mas agora que Severus e Ron o tinham retirado de todos os analgésicos e soníferos, era uma tarefa quase impossível.

Ele suspirou e tomou um gole de seu café, então fechou os olhos e recostou-se na cadeira, respirando o cheiro do mar e ouvindo as ondas quebrarem na praia abaixo. Ele tinha feito isso tantas vezes, sentou-se e deixou o ambiente envolvê-lo em um lugar que lhe trouxe mais paz do que qualquer outro lugar, mesmo Hogwarts, jamais havia feito. Agora, porém, agora tudo o que aconteceu antes parecia impedi-lo de alcançar aquela sensação de paz e ele odiava isso.

Ele era tão diferente do garoto que cruzou o limiar todos aqueles anos atrás? Era impossível voltar a ser como as coisas eram antes? Em algum lugar na parte de trás de sua cabeça, uma vozinha sarcástica estava lhe dizendo que era sempre impossível voltar, que o passado era o passado por uma razão, mas, ao contrário de quase tudo que ele havia aprendido nos anos seguintes, seu coração ainda tinha um mínimo de esperança.

"Não conseguiu dormir?" veio a voz de Severus, e ele inclinou a cabeça para olhar para ele.

"Não," ele disse com um suspiro quando Severus veio sentar-se à sua frente.

"Dor?" Severus perguntou, fixando-o com aqueles olhos escuros.

Harry acenou com a cabeça e colocou sua caneca sobre a mesa, dizendo, "Não sei o que fazer. Não posso viver assim, é um inferno."

Severus pareceu magoado com a afirmação e uma carranca profunda se estabeleceu entre suas sobrancelhas quando disse, "Nós encontraremos uma resposta, Harry, eu prometo a você. Um pouco mais de pesquisa, um pouco mais de terapia -"

"Eu sei que você está fazendo tudo que pode, e eu agradeço, eu realmente agradeço, eu só ... eu não sei o quanto mais posso aguentar." Ele esfregou os olhos com cansaço e massageou a ponte do nariz antes de respirar fundo e dizer: "É debilitante e está drenando. Acordo exausto e tudo parece uma luta. Em alguns dias, tudo o que posso fazer é colocar um pé na frente do outro e eu odeio me sentir assim, é horrível. "

Severus estendeu a mão e segurou sua mão, e o gesto era tão familiar que fez o peito de Harry se contrair. "Eu gostaria de poder tirar isso de você, eu faria qualquer coisa para tirar o seu sofrimento," ele disse, sua voz tão suave que inundou Harry com todas as memórias que ele havia tentado tanto reprimir.

"Eu sei," ele disse baixinho, apertando a mão de Severus, segurando o olhar do homem.

"Ron estará aqui em breve. Vocês dois já se reconciliaram?"

Harry deu de ombros, soltando a mão de Severus e recostando-se na cadeira. "Eu acho que não. Nós realmente não falamos um com o outro na festa de Elodie."

"Eu nunca soube que Ron guardasse rancor", Severus disse, imitando-o e recostando-se em sua cadeira, cruzando os braços sobre o peito.

Harry odiava a facilidade com que Severus falava de Ron, e ele não podia dizer honestamente que sabia onde estava seu ciúme. Ele estava com ciúme de Ron pelo relacionamento que tinha com o homem por quem tinha sentimentos tão complicados, ou estava com ciúme de Severus pelo relacionamento que tinha com o homem que um dia fora seu melhor amigo? Pensar nisso fez sua cabeça doer.