Capítulo 10 - O que será de nós agora?

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Escrita por Pink_Potter

Ainda não podia acreditar na correspondência daquela coruja; não queria acreditar. Só de imaginar que algo acontecera com Hermione ficava louco; saber que fora provocado por Ron estava fazendo-o subir pelas paredes. Xingava todos os bruxos por ser proibida a aparatação com longas distâncias. Sentado num vagão qualquer de um trem destinado a Londres, Harry contava os minutos para chegar logo ao St. Mungus.

As poucas pessoas que tentaram uma conversa no decorrer da viagem foram ignoradas; ele estava ocupado demais com os próprios pensamentos para conversar com alguém. Fragmentos da carta não paravam de vir à sua mente... "Houve um acidente"... "Hermione Granger Weasley precisou ser hospitalizada"... "Seu marido, Ronald Weasley, contou que fora uma queda acidental de uma escada"...

"Queda acidental"... Harry não conseguia engolir essa história. Tinha certeza que a queda de Hermione não fora acidental. Ron pode não ter tido a intenção, mas de algum modo, Harry sabia que ele fora o culpado pela queda de Hermione. "Se algo acontecer a ela... Se eu a perder...!", ele nem queria pensar nisso. Contudo, se o pior acontecesse, Ron certamente pagaria.

Uma lágrima escapou de seus olhos. Talvez uma mistura de raiva e tristeza. Logo quando as coisas finalmente tinham se acertado, logo quando ele estava tendo a única chance de ser feliz com a mulher que amava e que o amava... Aquilo não poderia ter acontecido. Harry deu um sorriso triste; ela o amava. Agora, era aquilo que não lhe saia do pensamento. Seria injusto se a perdesse novamente. Olhou pela janela para contemplar a paisagem. Rezava mentalmente para chegar logo ao hospital; rezava mentalmente para não levarem sua Hermione dele.

Foram mais de três horas de viagem. Quando cegou a estação de trem de Londres eram quase onze horas da noite. Sem nem pensar duas vezes, desaparatou imediatamente dali. Foi aparecer em frente ao prédio onde ficava o St. Mungus. Respirou fundo e entrou no local, caminhando apressadamente até a recepção.

- Hermione Granger! Eu procuro por Hermione Granger – falou completamente desesperado. A atendente o encarou.

- Boa noite. Aguarde um momento, por favor – ela parecia estar buscando o nome de Hermione, mas a calma dela o deixava irritado – Tem certeza que o nome da paciente é esse?

- Claro que tenho! – Harry só faltou gritar, como Hermione não estaria se recebeu uma coruja informando que ela estava ali.

- Seria Hermione Granger Weasley? – ela perguntou o encarando. Harry bufou de raiva; esquecera-se completamente que Hermione ainda era casada.

- Essa mesmo!

- A senhora Weasley está no quarto andar – a moça falou. Ouvir Weasley só estava enraivando-o ainda mais – Quarto 412.

- E como ela está? – ele perguntou.

- Não sei responder. Tudo que posso informar é onde ela se encontra – a mulher respondeu.

- Está bem. Obrigado – Harry disse e saiu xingando baixo.

Enquanto caminhava, sentia seu coração acelerar cada vez que se aproximava mais de Hermione. Temia por ela, se algo de ruim tivesse acontecido? O elevador parou no quarto andar, e Harry avistou um longo corredor. Havia inúmeras pessoas, medibruxos e enfermos que passavam apressados ou pareciam aguardar notícias de algum conhecido. Buscava em todas as portas o número 412. Estava no 407 quando avistou alguém. Um homem ruivo estava sentado numa das poltronas que havia no corredor. Harry ficou estático. Ron levantou a cabeça e virou para a direção de Harry. O moreno se aproximou devagar, respirando fundo e repetidamente como se quisesse diminuir sua ira. O ruivo se levantou, parecia procurar o que dizer.

- Harry... Eu sinto mui... – mas ele não terminou de falar, pois Harry deu um soco bem no seu nariz. Ron cambaleou para trás, segurando o rosto que começava a ficar sujo de sangue.

- Desgraçado! – Harry deu outro soco – Acha que o que ela sofreu por você foi pouco? Quer o que agora? Matá-la?

- É claro que não! – Ron tentava se afastar de Harry, mas não se atrevia a se defender ou revidar. Algumas pessoas pararam para olhar, mas ninguém tinha coragem de ser oponente de Harry Potter.

- Eu não vou deixar a Hermione chorar por você nunca mais – Harry agarrou Ron pelo colarinho – O casamento de vocês acabou.

- Não é você quem decide isso – o ruivo protestou.

- Eu sei, mas não foi eu quem decidiu – Harry o encarou – Você vai embora daqui agora mesmo, pois tenho certeza que Hermione não vai querer vê-lo.

- Eu não vou embora!

- Vai sim, nem que eu tenha que te tirar daqui a força! – Harry avisou.

- Não pode me impedir de ver minha esposa! MINHA! – Ron se exaltou.

- Mas eu deixarei vê-la, se ela quiser... Quando todos os papeis do divórcio estiverem prontos. Enquanto ela estiver aqui você não a verá – ele disse – Você perdeu, Ron. Perdeu e o único culpado disso é você mesmo. Agora você vai sair daqui, antes que seja o próximo a necessitar de uma vaga nesse hospital!

Ron o encarou por alguns instantes, cheio de raiva no olhar. Seu nariz ainda doía e sangrava; seu lábio superior também estava ferido. Olhou ao seu redor, ninguém dizia uma palavra, apenas assistia. Ajeitou sua camisa, e procurando um último fio de dignidade, levantou o rosto e saiu. Sequer olhou para trás.

Quando terminou, as pessoas voltaram a fazer o que estavam fazendo antes da briga começar. Harry virou para a direita e viu o número do quarto de Hermione. Aproximou-se, e bateu na porta. Um médico apareceu, mas antes que Harry pudesse entrar no quarto, ele mesmo saiu e fechou a porta.

- Boa noite – o médico falou – Sou o Dr. Mark Carson. É o senhor Potter, certo?

- Sim, sou eu – Harry respondeu.

- Fico aliviado que tenha chegado. A paciente acordou há algum tempo, mas ela se recusava a receber seu marido – ele contou. Estava certo, ela não queria vê-lo, ele pensou.

- E sabe se ela gostaria de me receber?

- Foi a única pessoa que ela me autorizou a deixar entrar – o homem disse.

- Então... Está tudo bem? – Harry perguntou.

- Sim, felizmente nada muito sério – Mark contou – Ela apenas quebrou a perna, mas já consertamos isso.

- Graças a Merlin! – Harry respirou aliviado.

- O mais difícil foi controlar a hemorragia – o médico comentou.

- Hemorragia? – o moreno olhou assustado.

- Ela caiu de uma escada, seria um milagre se tivesse saído ilesa.

- Mas... Mas...

- Calma, senhor Potter. Como disse, está tudo bem agora – Mark sorriu – Nós conseguimos salvar o bebê – Harry ficou pálido. Será que ouvira direito?

- Você di-disse be-be-be-be-be... – ele gaguejou.

- Bebê! Você não sabia? – o médico perguntou.

- Sabia? Bebê? – Harry ainda não conseguia acreditar.

- Sim! Hermione está grávida. De três semanas – ele contou – Um aborto não seria difícil com o que aconteceu, mas como disse, nós...

- Bebê – Harry não parava de dizer aquilo. O médico o encarou intrigado e o ajudou a sentar no banco.

- O senhor está bem?

- Três semanas? Bebê! – ele agora sorria. Tinha mais de um mês com Hermione, então, certamente aquele filho era dele. Harry encarou o médico – O senhor contou pra Hermione?

- Ela também não sabe?

- Acredito que não. Será que posso contar a ela? – ele pediu, fazendo o médico sorrir.

- Claro que pode! – Mark disse.

- Meu filho! Bebê! – Harry ria abobalhado para o médico.

- Parabéns, então – o médico apertou a mão de Harry.

- Obrigado! Obrigado por ter salvado minha Mione e meu filho – o moreno agradeceu.

- Não precisa agradecer – ambos levantaram – Desejo felicidades. Pode entrar agora, ela está meio sonolenta por causa dos remédios, mas está acordada.

- Certo – Harry se aproximou da porta e a abriu.

O quarto estava parcialmente iluminado por uma fraca luz vinda do teto. Havia duas camas, mas apenas uma ocupada. Hermione estava deitada, e imóvel. Harry percebeu que seus olhos estavam fechados, e ela parecia dormir. Sentou numa cadeira ao lado dela e segurou sua mão, beijando-a em seguida. Hermione se moveu um pouco, virando a cabeça para onde Harry estava. Abriu os olhos e ao vê-lo deu um pequeno sorriso.

- Boa noite, linda – ele sussurrou. Levou os lábios até a testa dela e a beijou.

- Boa noite – Hermione sussurrou de volta. Ela parecia mesmo bastante sonolenta.

- Você me deu um grande susto – ela sorriu.

- Me desculpe.

- Shh... Não foi sua culpa – ele passava a mão pelos cabelos dela.

- Ele... Ele já foi? – Harry notou um brilho estranho no olhar dela.

- Sim, meu amor. O mandei embora.

- Obrigada – ela fechou os olhos.

- Ele não vai mais te aborrecer. Falei que só voltaria a ti ver se você quisesse e só quando fosse entregar os papeis do divórcio – Harry contou. Hermione abriu os olhos novamente e sorriu.

- Eu não quero vê-lo de novo, nunca mais – ela falou.

- Então você não o verá – Harry sorriu. Hermione o encarou, não sabia se contava tudo o que tinha acontecido, ou se escondia a parte que Ron a agredira. Contudo, não gostaria de esconder nada dele - O que ele fez? O que aconteceu?

- Nós brigamos. Ele descobriu sobre nós... – ela contou – Ron se descontrolou e... – Hermione o olhou bem nos olhos.

- Ele te bateu? – Harry perguntou. Ela apenas confirmou com um aceno de cabeça. Harry sentiu ainda mais raiva do ruivo – Maldito! Como foi capaz? – então acariciou o rosto dela – Eu sinto muito Mione.

- Não foi sua culpa – ela deu um pequeno sorriso – Quando eu tentei ir embora, ele me segurou... Demorei um pouco para conseguir me livrar dele, mas acabei perdendo o equilíbrio e cai da escada!

- Sabia que não foi um simples acidente – Harry bufou de raiva – Deveria ter dado mais socos naquele imbecil!

- Você bateu nele?

- Sim – eles deram um sorrisinho – E o coloquei pra correr!

- Pena que não vi! – ela brincou – Eu te amo, Harry!

- Também amo você! Nossa! Não sabe como sofri nessas últimas horas achando que nunca mais ouviria você dizer isso! – Harry falou, fazendo-a sorrir.

- Agora eu serei apenas sua... – Hermione disse. Harry a encarou e sorriu.

- Eu acho que não!

- Não? Por quê? – perguntou ela, confusa.

- Porque eu tenho certeza que outra pessoa vai querer você também!

- Outra pessoa? Harry, não estou entendendo! – ele levantou da cadeira e sentou na cama ao lado dela; fazendo-a recostar a cabeça seu ombro.

- Você também não sabia, não é?

- Não sabia de quê? Harry Potter; quer fazer o favor de se explicar! – Harry sorriu. Uma das mãos que usara para abraçá-la, ele levou até o ventre dela.

- Que está carregando um bebezinho aí dentro de você! – Hermione ficou muda. Ela se afastou de Harry para encará-lo.

- Está querendo dizer que...

- Você está grávida! De três semanas – ele contou – Um filho, Mione! Nosso filho!

- Mais isso é maravilhoso – ela deu um largo sorriso – Como você sabe?

- Por pouco você não perde o bebê... O médico quem me contou – Harry disse.

- Ah, Harry... Que bom que deu tudo certo – Hermione recostou novamente a cabeça no ombro dele – Eu finalmente posso dizer que sou feliz, que tenho uma família. Tudo graças a você!

- Eu posso dizer o mesmo, em relação a você, Mione – Harry a encarou – Eu sou feliz porque nos reencontramos, porque você me ama... Porque eu me atrasei uma vez... Aqueles cinco minutos te trouxeram para mim.

- E agora eu nunca mais quero me separar de você – ela sorriu – Eu te amo, Harry! – ele a olhou bem nos olhos por alguns segundo... Depois a beijou...!


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FIM!

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Cinco minutos... (RESPOSTADA)Onde histórias criam vida. Descubra agora