Entre nós e o meu coração acelerado.

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O dia passou a tomar conta do céu, cobrindo a noite e despertando em um tom forte de azul claro, que era preenchido por imensas nuvens branquinhas com várias formas diferentes; às vezes de animais, objetos e até mesmo de caricaturas engraçadas. O sol, posicionado ainda em um lugar pacífico e padrão, esquentava tudo o que podia: os corpos mortos que perambulavam pela floresta, a grama e o grande portão que protegia a comunidade Huimang.

Diferente de semanas atrás, quando Hoseok chegara tímido na instituição, agora ele parecia melhor; talvez mais confortável e descontraído, sorrindo pelos cantos e ajudando o que e quem conseguia. Todavia, isto não mudava seus pensamentos de que não merecia estar ali, apesar, tinha por volta de somente mais um mês e meio de vida. O que fazia ali, então? A qualquer momento poderia estrangular alguém! Por que aquelas pessoas eram tão boas? Hoseok desejava saber, tendo a mente confusa...

Suspirando fundo, Jung Hoseok tinha um sorriso desnorteado no rosto e apanhava nas mãos um buquê de flores arranjado de última hora, sendo estes de uma mistura de cores rosas, roxas, azuis e amarelas. Mantendo sua coluna reta e seus fios vermelhos desgrenhados sobre as pálpebras, ele fazia uma pose, sentado em um pufe acinzentado e trajando roupas brancas, dando um destaque maior a sua aparência visivelmente pálida. Lambendo os lábios, o Jung suspirou fundo, saindo de posição por alguns segundos e recebendo um resmungo em decepção, indicando que era para voltar a ficar em postura reta.

— TaeTae, isso vai demorar muito? — Hoseok questionou cansado, sentindo poucos raios de sol tocarem em sua pele, já que estava perto da única janela daquela casa.

— Uma hora e quarenta minutos, no mínimo. — Taehyung respondeu concentrado, arrumando sua tela em um cavalete que parecia ser novinho, e segurando com muito cuidado um pincel junto a uma paleta com diversas cores. — Levante um pouco o queixo, Hobi-hyung... isso... agora levanta mais o buquê, como se você estivesse em um casamento... perfeito! Fique nesta posição.

Concordando com a cabeça, o Jung rolou os olhos quando Taehyung o repreendeu pelo ato. Oras, ele nem queria estar ali! Não era um modelo, e muito menos fotogênico! Por que Taehyung queria tanto lhe pintar? Certamente a pintura não ficaria tão bonita quanto as paisagens que ele desenhava e colocava nas paredes.

Conseguindo sentir o aroma fraco que aquelas rosas exalavam, Hoseok fechou brevemente os olhos e bocejou baixo, sem que o amigo percebesse. Sua cintura não doía tanto como antes, só tinha um desconforto ali presente que o Jung aprendeu a ignorar com o passar dos dias. Ouvindo Taehyung dizer que estava fazendo um breve esboço para depois pintar, o Jung assentiu.

Não faziam mais de horas que Taehyung botou na cabeça que queria lhe pintar e lhe dar o quadro de presente, contudo, Hoseok não achava necessário, mas como não tinha absolutamente nada para fazer, somente concordou e disse que estava tudo bem. Ele só não esperava que teria que ficar parado, como uma perfeita estátua, esperando o Kim lhe desenhar.

Arqueando uma sobrancelha quando gargalhadas altas foram ouvidas, Hoseok se assustou quando a porta da frente fora aberta com força, revelando um pequeno bebê correndo pela casa de Taehyung e um Youngjae estressado querendo pegar a criança. Olhando Beomgyu rodeando o sofá com suas perninhas curtas, o Jung exibiu um sorriso miúdo quando o mesmo veio em sua direção, gritando um "me protege, Hobi ruivo gatinho" e abraçando uma de suas pernas, como se estivesse se escondendo.

Observando Youngjae suspirar fundo e em passos pesados andar até onde estava, Hoseok pegou a criança no colo e a abraçou, sentindo os braços dele passarem por seu pescoço, apertando-o. Olhando o semblante indignado do Min e seus olhos cerrados para si, Hoseok sorriu outra vez, só que diferente de antes, um tanto amedrontado.

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