Capítulo 35

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Taehyung

2025

32° aniversário.

Decidi não fazer nada para comemorar meu aniversário, não estamos com vontade de organizar nada, então decidi sair um pouco sozinho mesmo, caminhar e pensar no quanto minha vida mudou nesses anos, hoje completo trinta e dois anos e é engraçado quando falo isso, as pessoas sempre me falam que não parece, que pareço muito mais jovem, ou então falam que tenho muito ainda para viver.

Não é irônico que as pessoas vejam seu exterior e achem que entendem e vêem tudo sobre você ? Por que ao ouvir essas coisas eu só consigo pensar que tipo de situações a mais eu preciso passar para poder dizer com todo a propriedade que eu já amadureci, vivi e aprendi tudo o que precisava aprender ?

Coisas demais aconteceram na minha vida nesse período entre a adolescência até agora e posso dizer com toda a certeza do mundo que eu já vivi o suficiente sim.

O lado bom e o lado ruim dessa vida, infelizmente as ruins tomaram uma maior proporção, mas aprendi com ela a aproveitar o máximo das coisas boas, por que elas passam assim como os momentos ruins passaram.

Andando pelas ruas super movimentadas de Nova York como é todo fim de ano, assistindo famílias correndo da neve que cai sem cessar, casais brincando de atirar bolas de neve um no outro, amigos procurando um lugar para se esquentar ou apenas beber algo, diversas cenas cotidianas, simples e felizes.

Realmente felizes.

Meu telefone toca e vejo no visor uma foto minha com Jimin.

- Oi Minie. - atendo feliz.

- Feliz aniversário soulmate - ele praticamente berra em meu ouvido.

- Obrigado meu portinho - agradeço de verdade, amigos como Jimin são raros de se encontrar, ele tem me ajudado de uma forma inimaginável não faço ideia de como vou agradecer a ele por todo o apoio que me dá.

- Onde você está? - ele pergunta e pelo tom sei que está bravo comigo.

- Estou caminhando pela cidade, você está em casa ? Posso passar aí daqui a pouco, ver meus sobrinhos, estou com saudade. - suspirei ao lembrar dos bebês.

Jimin e Namjoon se casaram faz quatro anos e há dois anos decidiram adotar, entraram com toda a papelada para a adoção, mas numa tarde ensolarada caminhando por um parque da cidade eles encontraram a progenitora dos gêmeos, ela chegou até eles e contou toda a sua história, ela tinha engravidado sem querer e naquele exato dia ela procurava pelo parque algum casal que estaria disposto a adotar as crianças, ela fez uma prece, pediu para que dois anjos fossem enviados para cuidar dos bebês que ela não sentia ser dela, eles tinham outros pais e ela sentia isso e foi assim que aconteceu, eles foram escolhidos por seus próprios filhos, acompanharam o restante da gestação da mulher e era incrível ver a ligação dos gêmeos com os pais mesmo estando na barriga da progenitora, antes mesmo de nascerem eles já os sentiam de longe. Nosso meigo e carinhoso Taemin e nosso genioso e esperto Jungho, são duas preciosidades escolhidas para nós.

- Estamos na sua casa então venha rápido nos ver, os meninos também estão com saudades do tio Tae - ele terminou de dizer e pude ouvi-los gritando ao lado de Jimin que ria ao telefone.

- Estou indo - desliguei o telefone e mudei o destino de volta para minha casa.

No caminho encontrei uma joalheria e um pingente na vitrine me chamou atenção, é um coração preenchido com a palavra família, o pingente é muito similar a um que tenho em uma pulseira que ganhei de Jungkook há anos atrás, então decidi comprá-lo para tirar aquele coração vazio de lá e colocar um mais significativo em minha pulseira.

Encarei aquela porta enorme mais uma vez, anos depois e o sentimento ao olhar essa porta é completamente diferente, a dor que carreguei até aqui aquele dia ainda faz parte de mim, sei que faz, por que não vou simplesmente apagar da memória aqueles que amei um dia, mas o que faço com ela já não é o mesmo, depois de todos esses anos eu decidi transformar a minha dor em amor e amar incondicionalmente aqueles que estão aqui comigo, por que eles merecem amor, eu mereço amor, é como demonstrar respeito por aqueles que já foram, passaram pela minha vida, mas me amaram tanto que minha única saída é amar em dobro enquanto estou aqui.

Dessa vez não bati, girei a chave e entrei na minha casa, no meu lar, o cheiro de comida caseira inundou meu olfato, escuto a falaria vindo da sala e vou até lá.

Estavam todos ali Jimin e Namjoon cada um com um dos gêmeos no colo sentados juntinhos no sofá, Hoseok hoje trouxe Baek que vem se tornando um grande amigo para todos nós, Jungkook fazia sala para nossos amigos e estava sentado em uma poltrona, quando eles me vêem se levantam para me cumprimentar com um abraço, sorrisos e carinhos são distribuídos a mim e eu recebo de bom grado, esses homens são a família que me restou nessa vida.

Minha família.

- Como se sente ? Os ossos já estão doendo com a idade ? - Jimin fala enquanto me entrega Taemin que já se jogava em meu colo.

- Estão, mas isso acontece desde meus vinte e cinco, oi meu amorzinho, como está ? - pergunto a Taemin e recebo apenas um dada em resposta o que é muito vindo de um bebê de onze meses.

- Ele vê sua foto e fala dadá, talvez ele o chame assim eternamente Taehy - Namjoon falou praticamente babando no filho em meu colo.

- Oh, eu gosto de dada meu amorzinho, pode me chamar assim - ele sorri quando falo, como se tivesse entendido exatamente o que falei.

- Que cheiro gostoso está no ar, o que é ? - perguntei para Jungkook

- Não faço ideia bebezinho, você sabe que o cozinheiro aqui não sou eu - ele me respondeu.

- Onde está Saori? - perguntei a ele mas ele não chegou a responder.

- Estava dando as vitaminas dela Tetê - Yoongi entra na sala com nossa filha em seu colo sorridente e toda babada de alguma coisa rosada, mas ao ver Taemin em meu colo logo fechou a cara, ainda não descobrimos se o ciúme é de mim ou de Taemin.

- Ei ciumentinha, você tem que aprender a dividir - Yoongi a aperta e entrega a Jungkook, ela apenas esconde o rosto no pescoço de Kookie.

Saori, quando decidimos adotar há um ano atrás não imaginávamos que poderíamos ser capaz de amar tanto uma criança no nosso primeiro contato, foi um amor incomum a primeira vista, Jimin havia dito que quando encontrássemos nosso filho nós sentiríamos que era como se ele fosse planejado exatamente como sempre sonhamos, que nossa ligação seria tão forte que não haveria dúvidas de que era aquela a pessoinha dona do nosso coração e amor, foi exatamente o que aconteceu, ela sorriu para mim e meu mundo inteiro parecia caber ali, no coração daquela bonequinha fofa.

Ela chegou até nós com seus dois anos e as moças do orfanato disseram que ela nunca reagiu com ninguém como reagiu conosco, ela parecia nos conhecer há anos, se aconchegava de um jeito incomum em nossos braços, como se sempre tivesse feito parte daquele abraço, se sentia em casa nas visitas que fazia antes da adoção definitiva e quando ficamos uma semana sem fazer a visita por conta de alguns problemas que tivemos ela passou tão mal que fomos chamados para ampará-la, pois os médicos acreditavam que o mal estar era psicológico e de fato era, foi apenas chegarmos perto dela que a melhora foi instantânea, ela era nossa, não havia dúvidas de nenhuma das partes.

Saori, o significado do seu nome é árvore de cerejeira, árvore essa que simboliza o amor, a felicidade, a renovação e a esperança, exatamente tudo o que a minha pequena representa para nós. Exatamente o que minha família representa na minha vida.

Agora sim, toda a minha família está presente, estamos completos, por mais que minha menina mantenha um bico no lábios e um olhar enfurecido em minha direção o que só me faz rir da situação.

Depois de tudo o que passamos nada mais justo do que estarmos assim, unidos, felizes e finalmente completos.

Completos não, transbordando tamanha felicidade.

VazioOnde histórias criam vida. Descubra agora