O Florista

Alecrim: coragem e felicidade

Sasuke soube ainda novo que gostaria de um dia trabalhar com flores.

Pois elas o encantaram à primeira vista.

Em uma oportunidade, com sua família sendo convidada para um casamento de amigos próximos, ele viu todos os arranjos dispostos pela igreja e o grande salão de festas, e encontrou um tipo de beleza que nem todos os olhares eram capazes de ver.

Sendo assim, ele descobriu e guardou para si o amor pelas flores como um precioso segredo que deveria ser mantido a sete chaves, enquanto alimentava esse sonho de criar uma floricultura e estar rodeado pelos mais diversos tipos de flores no futuro.

No entanto, ele era um Uchiha, e isso significava que deveria ter o que a sociedade chamaria como "profissão digna" para honrar o sobrenome de sua família, e por vários anos sentiu seu sonho reprimido mesmo que ninguém soubesse dele. Nem mesmo Itachi, para quem ele contava praticamente tudo, sabia daquele desejo, pois ele temia não por alguma acusação do mais velho, mas por entender que deveria ser algo que dizia respeito apenas a si próprio.

Para poder sustentar seu futuro ele precisaria de dinheiro e estabilidade, mas optou por ter independência das finanças de seu pai, e protelou seu sonho para que quando tivesse a oportunidade, o concretizasse sem ter grandes problemas com dinheiro para sustentar uma floricultura, ou a si mesmo, pois já sabia que se tivesse algum contratempo, não poderia correr para Fugaku, ele não alimentaria seu sonho.

Assim, ele se empenhou no final do ensino médio, e conseguiu entrar na Universidade de Columbia, no coração de Nova York, onde cresceu e sua família se enraizou desde os tempos de seus bisavós, e ali cursou economia, conseguindo emprego no M&T Bank, um dos vinte melhores bancos dos Estados Unidos.

Sua conquista causou orgulho em toda a família, e mesmo Fugaku, que tinha atrito maior com o filho mais novo, ficou impressionado com tudo que Sasuke conquistou em silêncio, dedicado a se tornar um homem independente para depois seguir seus sonhos sem correr o risco de quebrar e precisar voltar falido para casa, onde talvez não fosse mais considerado de tanto orgulho.

Ele trabalhou por três anos no M&T e conseguiu fazer uma pequena fortuna antes de ter a oportunidade que vinha buscando já há algum tempo. Seu chefe, o polido e correto Hatake Kakashi descobriu o interesse de Sasuke em se mudar para Boston, e conseguiu contato com um dos diretores do State Street Corporation, outro importante banco que fazia parte da mesma lista do M&T, e assim deu ao Uchiha a oportunidade de deixar Nova York.

A única que teve em muito tempo, e a qual agarrou sem pensar duas vezes.

Mikoto não ficou contente com a possível distância que manteria do filho, eram pelo menos três horas entre Nova York e Boston, mas o apoiou, pois viu que seu futuro dentro do setor bancário era promissor, e segurá-lo debaixo de sua saia não ia funcionar, por isso o incentivou, mesmo com seu coração cheio de saudades.

Em suma, Sasuke não podia dizer que não teve sorte, pois contou com muito dela para alcançar seus objetivos desde Columbia, até a conquista da vaga no M&T, e os contatos de Kakashi que o colocaram longe dos olhares de seu pai. Era tudo parte de um plano maior do Uchiha caçula em sair da vista dos pais, indo morar em outro estado, longe deles para que assim pudesse fazer suas buscas e então abrir sua floricultura.

Ele tinha vinte e cinco anos quando chegou à capital de Massachusetts, empregado no State Street Corporation, e ficou quatro anos no banco, onde complementou seu dinheiro acumulado em Nova York. Pelo contato com aquele tipo de serviço, Sasuke aprendeu sobre investimentos, e fez seus dólares renderem o suficiente para que, antes dos trinta anos, ele alcançasse sua verdadeira independência.

Durante todos aqueles anos ele sempre se empenhou voltado para seu objetivo com as flores, e eventualmente sonhava com o casamento que lhe colocou em contato com os arranjos de rosas, camélias, margaridas e crisântemos. E em toda aquela jornada, foram as flores que o ajudaram a não cair quando parecia distante seu objetivo, quase inalcançável diante das cobranças familiares.