Como superar o fora de um feio. [𝒕𝒂𝒆𝒌𝒐𝒐𝒌]

CAPÍTULO 3

- O que pensa que está fazendo aqui?! - exclamou baixo, tentando não atrair atenção para nós. Jihyun estava lindo como sempre, usava um conjunto de smoking preto bem justo ao corpo forte, seus cabelos pretos estavam lisos e brilhantes, podia sentir seu cheiro forte de perfume.

- Como assim?

- Se veio para me envergonhar na frente de minha família, pode ir esquecendo! - seus olhos estavam furiosos, eu não entendia o motivo para tanto ódio. - Se você abrir a boca…

- Mas que porra em. - estava de saco cheio por ser tratado tão rudemente por alguém como ele, não iria deixar com que me humilhasse sem eu ter feito nada. - Olha você pode ir tirando sua bunda grande de perto de mim, me deixa em paz!

Jihyun estava pasmo com minha reação, até mesmo eu não conseguia acreditar que havia finalmente descarregado meu estresse em cima de alguém.

- Você não passa de um pobre de merda. - Jihyun enlouquecido por uma raiva que nem mesmo eu poderia compreender, agarrou com força um de meus braços puxando-me para fora da poltrona. Estava abismado com o que acontecia ali, a dor do aperto aumentava gradativamente conforme era puxado contra seu corpo. - Se abrir a porra da boca para alguém e falar das minhas notas, ou da minha orientação sexual, vou ser obrigado a dar uma surra nessa sua carinha linda. 

- E-espera... - olhava ao redor esperando que alguém próximo me ajudasse, entretanto ninguém parecia notar o que acontecia entre nós.

- Tá me ouvindo caralho?! - falou mais alto em meu ouvido. Meu braço já se encontrava extremamente dolorido, o outro tentava inutilmente segurar a taça de champanhe inacabada.

- Jihyun está me machucando. - meus olhos começaram a arder, estava prestes a chorar.

Senti a presença de alguém logo atrás de mim, duas mãos rodearam minha cintura e com um simples puxão, fui afastado daquele agressor.

- Jihyun, o que estava fazendo? - olhei para cima e pude ver o corpo de Jungkook grudado ao meu, suas mãos ainda estavam presas a minha cintura. Ele parecia estar ainda mais sério que o normal, o tom de voz era grave.

- Não era nada tio, Taehyung e eu somos conhecidos apenas. - tio.

Jungkook era o tio de Jihyun. Jeon Jungkook.

O moreno ao meu lado olhou para mim, em seguida para a taça de champanhe que tremia em minhas mãos. Eu estava em choque, e ele provavelmente conseguia sentir todo meu corpo implorando por ajuda.

- Conversaremos depois. - Jungkook cortou o diálogo de forma ríspida e puxou-me consigo para longe. Entretanto, pude ver a expressão de Jihyun se fechar automaticamente, talvez porque sabia que estava encrencado.

Caminhamos juntos para longe do local, estava um pouco zonzo e pensativo sobre o que acabara de acontecer, com isso os corredores que cruzamos não faziam sentido algum para mim. Estava perdido.

Entramos em uma sala grande e completamente mobiliada com madeira de mogno brilhante e estofados escuros. As paredes estavam cobertas do teto ao chão com prateleiras compridas repletas de livros e mais livros, muitas poltronas e sofás de dois lugares estavam espalhados, juntamente com mesinhas pequenas.

Exatamente no centro havia uma grande mesa, com suas pernas trabalhadas em detalhes de ramos e folhas. Em cima havia alguns papéis e canetas. Jungkook os afastou rapidamente para o canto e num ato surpreendente virou-me para si pegando em minha cintura e colocando-me sentado sob a superfície fresca.

Prendi o ar ao sentir seu corpo tão próximo ao meu. Tudo que eu mais desejava estava acontecendo, sentir sua presença era realmente tentador.

- O que houve entre vocês? - Jeon foi direto ao ponto. Olhava-me com seriedade, mas conseguia perceber um pouco de preocupação em suas feições. - Ele te machucou? - engoli em seco depositando a taça de champanhe o mais longe possível de nós.

- Ele só apertou meu braço, mas está tudo bem. - quando Jeon fez menção em tocar meu braço dolorido, por reflexo o puxei para trás, assustando a nós dois.

- Não parece estar tudo bem. - o moreno disse por fim, voltando sua atenção para meus rosto. - Vai me dizer o que houve entre vocês, ou terei que descobrir sozinho?

- Não posso contar, Jihyun me mataria. - as duas mãos de Jeon alcançaram meu rosto, obrigando-me a olhar dentro de seus olhos. Eu poderia me derreter ali mesmo diante de seus pés.

- Pode confiar em mim Taehyung. - eu poderia estar imaginando coisas, mas seu toque era firme e carinhoso, eu conseguia senti-lo preocupado comigo, mas ao mesmo tempo irritado com a situação.

Engoli em seco sentindo meu corpo amolecer aos seus toques. Jeon aproximou-se mais ficando entre minhas pernas, meu coração estava tão acelerado que temia ser audível para ele.

Ficamos longos minutos parados, apreciando o singelo silêncio que nos preenchia. Eu estava acanhado demais, entretanto uma vontade avassaladora de estar perto dele crescia em meu peito.

Me sentia seguro, querido.

Jungkook estava pensativo. Seus dedos acariciavam meu couro cabeludo, um ato simples porém aconchegante.  Com um suspiro alto, Jungkook decidiu cortar o silêncio.

- Juro que estou tentando me segurar Taehyung, mas … - minha cabeça encostou em seu peitoral forte, por alguns instantes pude sentir seu coração bater tão rápido quanto o meu. - Estou com uma imensa vontade de te beijar. - suas mãos voltaram a pressionar meu rosto para que eu pudesse encara-lo. - Tem algo em você que está me instigando, - seus olhos percorriam todo o meu rosto, rapidamente, ele parecia estar entrando em desespero. - O que você fez comigo? Eu nem te conheço direito, que merda … - bufou alto enquanto retirava as mãos de perto de mim.

Estava extremamente surpreso com toda aquela situação repentina, mas não queria que Jeon se afastasse, em um ato impensável segurei suas mãos. Eram tão grandes e macias.

- Espera, eu … - estava com receio de dizer aquilo, tudo estava sendo um grande absurdo. - Eu também me interessei, quero dizer, o senhor é lindo e … - parei de falar ao sentir meu rosto pegar fogo. - O que eu quero dizer é que também tenho vontade de beija-lo.

Jungkook fechou os olhos, parecia estar cheio de pensamentos e indecisões, sua mente perturbada, estava prestes a ter um colapso.

- Eu desejo muito. - caminhou em minha direção, lento e calmo, porém seu rosto exibia uma tensão inabalável. - Mas não podemos Tae, - suspirou contido, suas mãos desceram pela extensão de meus braços, grunhi de dor ao sentir uma ardência na região que havia sido apertada por Jihyun. O homem rapidamente retirou sua mão do local, preocupado. - Sou bem mais velho, e você ainda é um adolescente. Não podemos. - engoliu em seco afastando-se um pouco.

Eu estava triste, apesar de Jungkook estar correto, eu o queria muito, um beijo não seria nada de mais.

- Deixe-me ver seu braço. - assenti lentamente, ainda envergonhado pela declaração desajeitada de minutos atrás. Não poderia deixar que essa oportunidade escapasse entre meus dedos. Nós dois queríamos a mesma coisa e Jungkook não sabia que eu era maior de idade. Tudo poderia dar certo, eu só precisava tentar mais uma vez.

Desci da mesa com um pulo fraco, virei de costas e respirei fundo. Não conseguia acreditar que estava mesmo tentando seduzir aquele belo homem. Comecei a desabotoar os botões de minha camisa sem que Jungkook notasse.

Ele me esperava impassível, porém quando percebeu o objetivo de meus movimentos, seu corpo tornou-se rígido. Podia ver pelo canto do olho, seu maxilar trincado marcando em todo seu rosto, as mãos fechadas em punho. 

Ele queria ver meu braço, e eu o estava mostrando.

Deixei que minha camisa escorresse por toda a extensão de minha pele, até que caísse ao chão, suave como uma pluma. Virei um pouco para o lado e lhe mostrei o braço avermelhado. Jungkook me observava como um animal.

- Está vendo aqui Jungkook? - apontei para a região. Meus olhos entregavam tudo o que sentia, Jeon aproximou-se vagarosamente, quase colando seu corpo ao meu. Podia sentir toda a região de minhas costas e meu bumbum se esquentarem com sua presença.

- Que se dane. - ele murmurou num tom de voz rouco o suficiente para me fazer delirar. Em poucos segundos meu corpo era prensado contra o seu.