Um Conto de Samhain

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Desde que descobriu ser descendente de bruxas irlandesas, Viviane decidiu que um dia conheceria a Irlanda e a história de sua família

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Desde que descobriu ser descendente de bruxas irlandesas, Viviane decidiu que um dia conheceria a Irlanda e a história de sua família. Há dois anos a mulher começou a se programar para fazer uma mega viagem de férias para o país europeu e a data escolhida foi justamente 31 de outubro, onde ela teria a oportunidade de comemorar o Halloween na Ilha Esmeralda¹, berço do nascimento desse festival celta, o mais importante da Roda do Ano² pagã.

Viviane havia chegado ao aeroporto de Dublin por volta das 11 horas da manhã, depois de mais de 10 horas de viagem. Foi direto ao hotel, pois precisava descansar um pouco antes de começar a se preparar para o maior evento gratuito de Halloween na Irlanda, o Macnas Halloween Parade³. Ele teria início por volta de 17h30 na cidade de Galway, que fica a 2 horas de onde estava hospedada.

Viviane começou a se interessar por bruxaria antes mesmo de saber o que era. Ainda criança observava sua avó Abigail, e seus costumes. A velha mulher celebrava as estações do ano e algumas outras datas que ela, ainda menina, não entendia muito bem. Mais tarde, já adulta, Viviane aprendeu que se tratava da Roda do Ano, basicamente o calendário pagão criado pelos celtas para indicar o ciclo do sol e da lua. Ela amava os rituais e dos oito Sabbats⁴ seu preferido era Ostara, quando o dia e a noite são iguais e celebra-se a chegada da primavera, que traz com ela fertilidade em abundância e esperança de uma nova vida. Sem contar a brincadeira de colorir a casca do ovos cozidos e trocar com todos do grupo. Sem dúvidas as reuniões que participava eram os melhores momentos do seu ano.

Mesmo após a morte de sua avó, Viviane não deixou morrer dentro de si o desejo de seguir as tradições. Permaneceu estudando como uma bruxa solitária e celebrando os oito Sabbats todos os anos. Ela aproveitava sempre para ler as anotações de Abigail, que amava mexer com ervas e incensos, deixando tudo anotado e organizado em um baú de vime em seu quarto. O baú era grande e fora pintado de marrom pela velha senhora. Havia um belíssimo pentagrama⁵ prateado na tampa, que finalizava a decoração do objeto.

Em uma dessas leituras, Viviane descobriu anotações de sua avó que nem mesmo seu pai sabia. Ela descendia de uma mulher queimada viva na época da caça às bruxas na Europa, em meados do século XVII. Naquele momento decidiu que conheceria mais sobre a história de sua família e juntaria um bom dinheiro para viajar para Irlanda.

Levou dois anos se planejando e finalmente ao tirar suas férias comprou as passagens para Dublin, além da hospedagem em hotel. Ela queria chegar no dia 31 de outubro para já participar do Macnas Halloween Parade, um evento grandiosos que atrai mais de 50 mil pessoas todos os anos em celebração ao Dia das Bruxas.

Viviane se arrumou com roupas bem quentes. Uma blusa de manga longa, casaco de lã, calça de couro, bota e na bolsa cachecol e luvas, caso estivesse muito frio. Ela ficou no saguão do hotel observando as pessoas. Parecia o carnaval do Brasil, já que a maioria se vestia com fantasias de todos os tipos.

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