PARTE III

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O clima estava frio; a temperatura devia estar atingindo os 5° ou 0° graus celsius. Jungkook vestia um pólo vermelho, um casaco vermelho por cima, uma calça moletom preta e possuía o capuz do casaco sobre os fios acastanhados com mechas azuis. Tremia e os dentes de cima batiam contra os debaixo, mas estava quase. Quase chegando á casa de Taehyung. Faltava cerca de minutos para por os pés sobre o tapete de boas-vindas.

Quatro meses haviam se passado. A relação entre Taehyung e Jungkook evoluiu ao ponto deles se visitarem em casa ou irem na residência um do outro para passar o tempo. Avançou bastante, porém, devagar, o que não foi um problema para nenhum dos dois. Estavam bem daquele jeito.

Andando a passos leves pela calçada, olhou para o céu. Ele gritava que estava próximo a expulsar gotas de água de modo forte.

Jungkook estava agasalhado mas mesmo assim sentia frio, principalmente no nariz, nas orelhas e na boca. Os olhos pareciam querer fechar, o clima causava sono e preguiça da parte de Jeon.

Mais á frente, ele viu a porta da casa de Taehyung, agradecendo mentalmente por finalmente estar ao redor dela, perto da pequena habitação. O telhado era feito de telhas, a estrutura de pedra, a porta de madeira e as cores girando entre o neutro e o colorido. E quem diria que um dia Jungkook estivesse na moradia de Taehyung, o rapaz complexo e um tanto monótono; uma desordem arrumada de forma a confundir vários e a deixar outros bem entendidos.

Ao chegar perto da porta, Jungkook decidiu bater ao invés de tocar a campainha. Duas batidas para despertar Taehyung e chamá-lo a abrir a porta, já sabendo quem estava ali.

- Que gelo - arrepiou-se - Entra - puxou o pulso de Jungkook para dentro da casa. O toque quente colidindo contra o frio.

- Oi. Está realmente frio - comentou o óbvio. Um arrepio subiu por suas costas, os ossos gelados e a roupa quente por dentro e gelada por fora.

- Espera aí - Taehyung disse. Jungkook fez o que ele pediu, permanecendo em pé jo meio da sala.

A sala era pequena mas confortável. Um sofá verde musgo no centro, uma mesinha de vidro á frente do sofá, um armário ademais com uma televisão sobre ele. Á sua frente existiam três portas, uma delas onde Taehyung entrou.

Quando o Kim saiu, Jungkook reparou que ele tinha nas mãos um conjunto moletom, quente e frouxo.

- Veste isso aqui. Você está tremendo. Odeio frio - deu a roupa para Jungkook, que tremeu ao sentir a mão do tatuador em seu ombro por instantes, depois de entregar-lhe o conjunto de roupa.

- Muito obrigado - surpreso, essa era a palavra que definia Jungkook. Não estava esperando por isso.

Antes de ir ao banheiro trocar-se, não pôde deixar de reparar nas bochechas avermelhadas juntamente com o nariz de Taehyung, chegou a achar fofo. O tom de cabelo combinava com as zonas pintadas rosto afora por conta do frio excessivo.

Após vestir o conjunto moletom, fofo e liso, todo roxo, saiu do banheiro com as suas roupas na mão, pousando-as em cima do armário que existia ao lado do banheiro. Andou mais para a frente e viu Taehyung sentado no sofá, encarando a TV desligada.

- Pronto. Estou bem melhor - sorriu, andando até ele.

Taehyung ficou em silêncio, somente o olhando de cima a baixo.

Desde o dia do café/cinema, Taehyung mostrava seu outro lado, o mais intenso. Sempre com os olhos em Jungkook, vendo as vestes do dia e falando menos. Jeon julgava estarem andando para trás, o que era uma baita mentira. Estavam correndo para a frente como em uma maratona.

Taehyung já estava bem mais aberto. Não todo, porém o suficiente para deixar Jungkook fazer questões mais pessoais, como da família, essa que era inexistente, palavras suas. Sua irmã havia morrido juntamente com os pais em um acidente de ônibus. Uma enorme tristeza. Sendo Taehyung, ele estava bem e já havia ultrapassado a fase, já havia esquecido de que alguma vez não esteve sozinho no mundo e que agora caminhava só. Do estúdio para casa, de casa para o estúdio, por isso que suas frases eram tão simples e pouco detalhistas.

Jungkook não sabia exatamente o que queria de Taehyung, mas queria algo. Algo fora do comum. E Taehyung também pareceu desejar uma coisa ao levantar-se do sofá e ir ao encontro de Jeon, que observava seus movimentos.

- Nossa relação é estranha - admitiu Taehyung em um sussurro - Mas ela me faz sentir menos sozinho - pegou nas mãos de Jungkook, unindo-as - Nunca disse isso, mas obrigado por tentar entender o "algo incompreensível".

- Você parece ter... muitas... muitas fases, como a lua - Jungkook começou falando - Agora acho que entendo um pouco mais o seu incompreensível. Estou bem com isso - sorriu aberto. Estava feliz por Taehyung agradecer e por entender o seu lado de tentar compreendê-lo.

- Isso nunca aconteceu comigo mas... é estranho dizer que gostaria de beijar você por causa do frio? - Taehyung larga as mãos de Jungkook, agora cravando os olhos nele.

O coração de Jungkook começou batendo mais forte enquanto franziu as sobrancelhas e entreabriu a boca. Tinha escutado bem ou alucinara? Taehyung queria beijá-lo? Assim? Do nada? Tudo era estranho com Taehyung, porém não achou que chegasse tão longe. Piscou inúmeras vezes antes de abanar minimamente a cabeça, respondendo que sim, era incomum, mas excêntrico de certa forma.

- Você quer me beijar? - o tom baixo, perguntando uma primeira e última vez.

- Sim. Não sei explicar o que tem dentro da minha cabeça, mas tenho a sensação que beijar você vai responder algumas perguntas minhas. E também quero isso - explicou, sendo 100% sincero.

Jungkook agiu. Aproximou os rostos, narizes se tocaram. Nenhum deles fechou os olhos, pois primeiro ficaram olhando para a boca um do outro. Taehyung alisou os lábios com a língua e colocou uma mão em cada lado do pescoço de Jungkook.

- Você parece mais natural que eu - Taehyung murmurou antes de beijá-lo.

Os lábios a princípio tímidos, assim como as mãos de Jungkook. Elas acabaram indo para cintura fina de Taehyung e esse, alisou as bochechas frias de Jeon, beijando-o como quisesse marcar aquele momento na história da humanidade. Jungkook colocou a língua pelo meio de modo usual, esperando que Taehyung enroscasse a sua. Quando as pontas das línguas se tocaram foi a perda da consciência de ambos os lados.

Taehyung foi afastando Jungkook para trás, agora ele com um braço ao redor de sua cintura. Iria encostá-lo na parede como apoio á durabilidade do beijo, aumentando o tempo. Taehyung sentia um aperto no feito e as faíscas no estômago, Jungkook, a respiração pesada e o coração na garganta. Ambos envolvidos no momento inesquecível para os dois.

Nenhum quis parar o osculo, só que as respirações pediram para encerrar por um tempo, então assim fizeram. Abriram os olhos e olharam um para o outro. Taehyung manteve a mão na cintura do outro. Estavam processando toda a informação do momento, da ação, do beijo, da vida.

Até pareciam filósofos de tantas questões que tinham em mente e do que falavam um para o outro.

- Acho que agora nenhum de nós tem frio - brincou Jungkook. Taehyung abriu, pela primeira vez, um grande sorriso.

Não estava sozinho agora.

SUGAR HONEY ICE & TEAOnde histórias criam vida. Descubra agora