O levíssimo traço passando pela pele, a ponta arranhando-a de leve e deixando a marca do desenho pedido; um par de asas quebradas. Jungkook tinha o braço estendido enquanto Taehyung, concentrado, passava a arte para o membro desnudo. Jeon Jungkook era o papel naquele momento.Não existia um significado para escolher o par de asas partidas, apenas gostou do desenho que encontrou num aplicativo onde costumava tirar ideias. De longe era a sua primeira tatuagem. Nas costas, uma lua reluzente e pequena tomava conta do centro, e no tornozelo, uma espada estava rodeada por uma cobra cheia de detalhes. Todos elas a preto e branco. Não que odiasse cores, somente apreciava mais sendo apenas de duas cores, as neutras.
Era Taehyung quem sempre tatuava a pele de Jungkook. Sempre foi preferência de Jeon ser o Kim a tatuá-lo sabe-se-lá porquê. Talvez as mãos fossem mais suaves, o traço mais delicado ou a dedicação mais presente. Talvez fosse tudo e mais alguma coisa. Talvez o subconsciente o escolhesse para tal feito.
Jungkook, enquanto Taehyung fazia o seu trabalho, tatuar, passeava o olhar por todo aquele rosto bronzeado. O tom de pele brilhante pela luz da lâmpada branca presa no teto por fios elétricos. Taehyung tinha um piercing que Jungkook amava; o da sobrancelha. Olhava para ele como se fosse único no mundo, como se fosse a coisa mais bonita do mundo. Além disso, também gostava de ter diante aos olhos o cabelo de tom avermelhado. Taehyung parecia mel e ao mesmo tempo, gelo. Era estranho observá-lo e repartir Taehyung em várias partes, metades essas todas desiguais. Taehyung parecia do tipo quieto e introvertido, extrovertido e animado, triste e melancólico, festeiro e, como dizem, badboy. Era difícil ler Taehyung. Jungkook nunca conseguiu lê-lo por completo, pois o Kim era mais complexo do que aparentava ser.
- Algum de vocês quer um chá? - a porta é aberta abruptamente, assustando Jungkook e Taehyung.
- Puta merda. Podia ter errado Jimin... ou magoado ele - deixou o braço de Jungkook por momentos, e fitou-o irritado - Bata na porta antes.
- Desculpa - riu. Jimin não levava nada a peito, via o mundo cor-de-laranja, pois era sua cor favorita. Jungkook assemelhava-o a uma criança, uma criança no natal, pronta a receber presentes.
- Pode ser - Jungkook aceitou. Um chá poderia acalmar os pensamentos.
- Camomila ou Hortelã?
- Camomila - abriu um singelo sorriso. De seguida, Jungkook olhou para Taehyung, que parecia estar em outro mundo.
- Tae? - Jimin chamou.
- Não quero chá. Obrigado.
O estúdio de tatuagem tinha cozinha, uma raridade incomum. Jimin costumava fazer chá ou café 'pra todo mundo, como se fosse seu trabalho. Ou era seu trabalho. Jungkook não tinha a certeza disso. A certeza que sobrevoava era que Jimin era extremamente simpático e amável. Sorridente, feliz com a vida, um rapaz digno de casar, como diria sua mãe se conhecesse o Park.
- Goo, já volto com o seu chá de camomila - gesticulou as mãos, saindo de seguida.
Era provável que quem o vivesse o achasse extremamente estranho, só que aquela era a mais verdadeira realidade. Jimin oferecia chá aos tatuadores e clientes que passavam pelo estúdio. Um jeitinho leve de carregar a vida que facilmente é vista como ingénua, o que não é verdade. Por muito fofo e avoado que Jimin mostrasse ser, ele tinha noção da realidade ao seu redor. Uma coisa: só não era tão complexo quanto Kim Taehyung.
- Continuando - Taehyung sussurou ao dar de ombros.
Ele igualava monotonia.
- Você... - respirou fundo, pois sabia que a resposta seguinte não era aquela que estava em mente - você é bem abstruso.
Taehyung ergueu o queixo, os olhos indo ao encontro aos de Jungkook em câmera lenta. Existia algo naquele olhar, só não sabia o quê.
- E você, bem curioso - falou calmamente. Nem um resquício de grosseria em sua voz como havia tido á pouco com Jimin.
- Por tentar entender você? - continuo. Desejava um diálogo longo cheio de respostas.
- Curioso por tentar compreender algo incompreensível. Nunca fui... hm, como posso dizer? Fácil de lidar ou ler - falou simplório, dando continuidade á tatuagem - Você parece o contrário de mim. Bem transparente.
- Transparente? - levantou as sobrancelhas.
Taehyung soltou uma risada e parou de tatuar para olhar Jungkook com mais atenção. Olhou sua testa, essa que era coberta pela franja acastanhada de mechas azuis. Depois, Kim olhou para os olhos abertos e confusos á frente. Sim, transparente. Jungkook deixava transparecer suas vontades, uma delas de se aproximar de Taehyung.- Sim. Você quer me conhecer melhor? - soltou sem demoras. Jungkook desviou os olhos, evitando o olha perfurante e pensando no que responder.
- Acho que sim. Isso é ruim? Digo... querer conhecer você - perguntou inocentemente. Queria saber se seria ruim descobrir o verdadeiro Kim Taehyung.
- Não. É apenas visível nos seus olhos que quer me conhecer melhor - voltou a atenção á tatuagem. A situação um tanto tensa.

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SUGAR HONEY ICE & TEA
Fiksi Penggemar[CONCLUÍDA] Jungkook acha Taehyung complexo. A complexidade torna-se açúcar, mel, gelo e chá. inspirado na música: sugar honey ice & tea de bring me the horizon