capítulo 1

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O dia estava lindo, uma chuva fria e fraca caía no meu gramado, enquanto eu observava a paisagem da janela de minha sala. Como de costume vestia meu roupão bordô enquanto tomava um chocolate quente que fiz seguindo uma receita na Internet, sinceramente não tinha ficado muito bom como eu esperava.

Tinha tido um dia difícil, minha mãe havia planejado um almoço em família que não acabou bem, sinceramente não estou surpresa.
  Afasto as lembranças do ocorrido de mais cedo e foco em planejar o resto do meu dia, logo anoiteceria e pretendia aproveitar meu final de semana sozinha em casa da melhor maneira; fazendo absolutamente nada.

Dias assim são muito comuns pra mim, não há nada que eu goste mais do que ficar sozinha, para algumas pessoas isso pode parecer solitário, mas para mim é o significado de paz.

E essa é minha vida, minha família implicando com absolutamente tudo a ponto de que prefiro nem falar com eles, eu sempre preferindo ficar longe de pessoas...ok, agora parando pra pensar isso é bem solitário. Na verdade não sou tão sozinha, tenho alguns amigos que infelizmente não tenho tido tempo para vê-los.

Falando neles, logo escuto meu celular tocar em cima da mesinha da sala, é Maya.

      - alô? - digo atendendo o celular e indo até a pia da cozinha deixar minha xícara que outrora tivera cheia de chocolate quente.

      - estou indo aí pra nós nos arrumarmos juntas pra festa - disse Maya decidida.

  - Não faço ideia de que festa você está falando, mas de qualquer forma não vou. - comentei como se fosse a coisa mais óbvia do mundo.

   - É uma pena, já estou na sua porta, venha abrir logo. Tá frio aqui fora sabia?

  Clássico de Maya. Reviro meus olhos xingando mentalmente minha amiga de todos os xingamentos possíveis. Deixo o celular em cima da mesinha novamente e me dirijo de má vontade até a porta, lutando fortemente contra a vontade de chutar algo no caminho.
  
  Não me entenda mal, não estou brava por Maya ter vindo, em geral a companhia dela é ótima em todos os momentos. Mas definitivamente ir à uma festa com Maya justamente hoje não estava nos meus planos, e se não está nos meus planos é por um bom motivo.

  Abro a porta e seu largo sorriso e seu rosto iluminado de animação encontram minha carranca de quem teve seus planos para o dia arruinados.

  - Akira que saudades! - gritou e veio correndo me abraçar.

- Nos vimos literalmente ontem Maya. - lembrei ela.

A garota apenas mostrou o dedo médio em resposta e entrou pela porta, jogando seus longos cabelos cacheados ao passar por mim.

- Eu não vou nessa merda de festa. - Esclareci antes de qualquer coisa.

- Você vai sim, tenho um amigo que quer te conhecer. - contou ela fazendo uma careta maliciosa.

- Não me convenceu ainda.

- Vai ter bebida, muita música...

- que tipo de música? - perguntei curiosa.

- Sei lá Akira, talvez toque algumas antigas da One Direction. Ah, espera, só tem antigas. - disse com um falso olhar desafiador.

- Tá bom, tá bom eu vou. - cedi ignorando completamente o comentário anterior.


  Maya e eu fomos até meu quarto aonde passamos longos minutos escolhendo uma roupa pra mim. Normalmente não é difícil, desde que a roupa seja preta pra mim já está de bom tamanho. Mas Maya insiste em dizer que pareço "um emo que entrou na festa errada".
     
     A festa seria feita por alguns amigos de Maya, disseram que seria algo simples, então já ganharam pontos comigo.

     Tudo bem eu assumo, eu odeio festas. É literalmente um espaço que as pessoas dançam completamente fora de si por conta da bebida, ninguém fica sóbrio o suficiente pra lembrar o que fez durante a noite ao amanhecer. E por último a coisa que mais me incomoda, as pessoas se pegando. Talvez eu tenha um pequeno problema com isso, mas ver aquelas pessoas quase se engolindo com as línguas me dá nojo.

  Em geral afeto me dá nojo, não pense em mim como um monstro por isso, mas abraços, beijos e declarações melosas definitivamente não fazem meu estilo.

  Após muito tempo experimentando roupa após roupa, já sem paciência eu pensava seriamente na possibilidade de ir com meu roupão mesmo.

-Olha Maya...- comecei dizendo em voz baixa. - Acho que não vou a festa, tive uma semana difícil na delegacia e preciso de um bom descanso, isso inclui; nada de festas.- concluí.

- Tudo bem, eu entendo.- respondeu a morena com um pequeno sorriso de compreensão nos lábios.- Se quiser posso lhe fazer companhia, sinceramente eu nem estava com tanta vontade de ir nessa festa boba mesmo, a propósito já trouxe até meu pijama.- ofereceu Maya, o sorriso aumentando.

Aceitei e fomos para o grande sofá da sala escolher um filme, parando apenas na cozinha para pegar algumas guloseimas.

- Sabe Maya - comecei a dizer. - prefiro mil vezes passar horas assistindo qualquer filme idiota com você do que estar numa festa lotada de gente estranha. Gosto de você.- terminei completamente sem graça.

- Sinceramente essa foi a coisa mais sentimental que já ouvi de você. - rimos juntas.- também gosto de você.

  

Behind the crimes scenesOnde histórias criam vida. Descubra agora