Behind the crimes scenes

Lar doce lar.

Chegamos à minha casa ao anoitecer, ajudei Lauren a tirar as malas do carro e levá-las para dentro em silêncio, assim como foi durante o caminho.
Lauren é o tipo de companhia que aprecio, aquela que apenas ficamos em silêncio e não é algo desconfortável.

Ao entrar me deparo com a mesma
cena de todos os dias, minha casa em completo silêncio, tudo em seu devido lugar, aconchegante; meu lar.

- Bom...-começo a falar.- Essa é minha casa, que será também sua por um tempo, sinta-se a vontade, mi casa es su casa.- brinquei.

- Que encantadora.- rebateu no mesmo tom. - Acho que vou levar um tempo para me acostumar.- admitiu. - Aonde posso colocar minhas coisas?

A guiei pelo corredor ilumado por pequenas lâmpadas amarelas na parede até uma suíte.

Olhei em volta, satisfeita com o trabalho que fiz decorando esse quarto há alguns anos atrás, nunca imaginei que alguém fosse realmente ocupá-lo. É um cômodo muito aconchegante, com um pequeno divã aos pés da cama queen-size, com acolchoados cinza claro, como as molduras dos quadros na parede. A parede leste é completamente feita de vidro, odeio quando é dia de limpeza.

Dou um passo para o lado de fora da porta, dando espaço para Lauren passar. A garota pareceu gostar do que viu, mas não foi os quadros caros nem o divã vermelho em contraste com a decoração cinza do cômodo que lhe chamou a atenção.

- São tantos!- exclamou animada olhando para a parede norte, com diversas prateleiras repletas de livros.

- Pois é...Eu costumava vir aqui ler no meu tempo livre, a iluminação durante o dia é incrível.- disse com naturalidade.

Enquanto Lauren olhava cada livro completamente entretida, fui buscar suas coisas e as deixei na porta do quarto.

- Obrigada mesmo Akira, por tudo. - falou meigamente quando soltei a última mala. - Ainda não sei porque é tão boa e gentil comigo, mas muito obrigada. - e sorriu.

- É meu trabalho, senhorita. Vou dormir pois foi um dia longo, descanse também, amanhã pegaremos pesado com as investigações. - disse firmemente. - Boa noite Srta.Evans.

- Pode me chamar de Lauren, e boa noite.

Me retirei e saí pelo corredor antes que pudesse ver outro de seus sorrisos.

Sua amiga morreu, como isso não parece afetá-la? Ou talvez seja apenas sua forma de sofrer...
Antes mesmo de pensar mais no assunto já estou de pijama em minha cama, não demoro muito e pego no sono.

-----------------

Acordo com um barulho de algo se quebrando, levanto num sobressalto. Olho para o relógio de cabeceira e são 8:14 da manhã.

Desço as escadas correndo até a cozinha, se não me engano foi de lá que veio o barulho.

Me deparo com Lauren desesperada tentando limpar o chão repleto de cacos de vidro e um líquido que acredito ser café. Me aproximo com cautela para não pisar com minha pantufa em nenhum caco.

- Está tudo bem? Se machucou? - pergunto genuinamente preocupada.

- Me desculpa...eu devo ter me atrapalhado e derrubei uma xícara, me desculpa mesmo.- disse a garota ainda juntando os cacos com um pedaço...de pano?

- Olha...deixa que eu limpo, tá tudo bem. - rapidamente pego uma vassoura e junto os cacos e os ponhos dentro de uma caixa de cereal vazia. - Prontinho.

- Desculpa, era uma bela xícara. - diz saindo de trás do balcão com outra xícara nas mãos.

- Eu já disse e repito, ta tudo bem. Era apenas uma relíquia de família que ganhei da minha falecida avó...

- Ai meu Deus me desculpa...- pediu a garota, parecia desesperada.

Dei uma gargalhada e ela me olhou confusa.

- Estou brincando, é só uma xícara que comprei numa loja barata de decoração.- Esclareço me apoiando com os braços no balcão, bem à frente de Lauren.

- Fico aliviada em saber, mas e quanto a sua avó? - indagou ainda curiosa.

- Ah, ela está morta mesmo.

Acho que a deixei envergonhada com o assunto tão mórbido repentinamente. Finjo limpar a garganta antes de começar a falar:

- Vou me arrumar pra ir à delegacia, Adrael me mandou mensagem dizendo que temos um suspeito... - Me interrompo na mesma hora, as vezes esqueço que é sobre Katy, amiga morta de Lauren que estamos falando.

É, vai ser difícil me acostumar com essa convivência.