Capítulo 5

50 8 16
                                    

Na sua infância em Holmes Chapel, Harry viveu inúmeras situações, a maioria delas sendo consideradas cotidianas, mas que, para ele, tornaram-se únicas.

Ele lembrava-se particularmente de uma delas, quando, ainda sendo um pequeno garotinho com olhos sonhadores, passou dias emburrado por não conseguir uma certa fantasia para o Halloween. Na época, o evento era um dos mais empolgantes, já que ele sempre gostara de sentir como era ser outra pessoa.

Naquele ano, ele tinha escolhido se fantasiar de mágico, porém, justamente por ser uma cidade pequena e sua família ter deixado para comprar os acessórios de véspera, nada foi encontrado. Harry passou dias de braços cruzados e recusava-se a falar com sua mãe, ele se sentia tão traído! Como poderiam tê-lo deixado na mão?

Apesar disso, ele nunca foi alguém de colocar o orgulho em primeiro lugar, então todo o drama não durou muito tempo. Quando ele finalmente criou coragem para desculpar-se com sua mãe, ela respondeu, com um sorriso: "Talvez sua maior qualidade seja precisar das coisas, filho".

Harry nunca entendeu o verdadeiro significado daquela frase, afinal, qual seriam as vantagens de constantemente sentir necessidade?

Porém, agora, ele enxerga o mundo de uma forma diferente. Ele sente que precisa do sentimento cômodo, que precisa seguir seu sonho, que precisa escrever sobre certas coisas; sente que necessita voltar para aquele museus mais vezes, já que o homem que o ajudou – que sua mente lembra-se de ser nomeado Louis – aparenta entender daquilo tudo muito mais do que ele entende.

Talvez, o mais irônico de toda a situação, é que, acima de tudo, a obrigação de precisar de algo é uma característica totalmente artística. E Harry, desde que tomou conhecimento sobre quem realmente é, sente que a tem em excesso. Não que seja algo ruim, afinal, é isso que o faz ser assim: alguém que enxerga o mundo de uma forma diferente de todos e sente a necessidade de fazer mais pessoas enxerga-lo assim também.

Harry apenas chegou a essa conclusão graças ao tal do loiro curioso que ia em sua divisão no jornal muito mais do que deveria. Styles precisava de uma opinião sincera sobre o início de sua crítica e a reposta de Niall foi apenas um balançar de cabeças e a pergunta: "Por que você quer fazer isso?"

Ele deu de ombros, dizendo, como sempre, que era seu sonho. Horan negou e refez a pergunta e Harry, falando a primeira coisa que veio em sua cabeça, respondeu: "Porque eu preciso".

O loiro sorriu e disse: "A obrigação de um artista é precisar. Você está no caminho certo, Harry." Sua resposta, claramente, foi franzir as sobrancelhas e rir sozinho, já que o outro havia deixado sua sala sem mesmo despedir-se. E, por mais que Harry não sentisse que merecesse tal nomeação, ele a aceitou de bom grado.

Louis não gostava de sextas-feiras, algo totalmente fora do padrão. Elas indicavam o final de uma semana e também um museu lotado de pessoas, os principais sendo turistas mal-educados.

Entretanto, existia apenas uma coisa que o fazia esquecer o quanto esse dia era péssimo para si: sair para almoçar com Liam. Era típico deles, geralmente o dia que o amigo estava feliz justamente pelo motivo contrário de Louis, o que resultava em sorrisos e gestos gentis, incluindo sempre pagar a conta.

– Não gosto daquele senhor, se ele odeia tanto as obras em exposição é só não ir lá, não entendo a dificuldade! – Louis diz entre uma garfada e outra de seu salmão grelhado.

– Para mim, você será que nem ele quando for idoso: acha que tem opiniões diferentes mas na verdade é só um chato – Liam provoca, tomando um gole de seu suco de frutas vermelhas.

– Você é péssimo – Ele responde, escondendo um sorriso.

Tomlinson aprendera a gostar do jeito divertido e desafiador do moreno, era o que quebrava a monotonia de todos os seus dias. Era única a forma como Louis sentia que podia ser quem ele realmente era com o outro, longe de julgamentos e críticas, já que Liam sempre o escutava com atenção, ao mesmo tempo que também fazia piada com as situações.

CoïncidentOnde histórias criam vida. Descubra agora