Júlio e Marina estão parados na entrada do parque de diversões da cidade. Marina continua tão linda quanto no primeiro dia em que nos conhecemos no corredor da escola no ano passado. Ela tem um corpo curvilíneo e um sorriso tão encantador que aquece minha alma - pode parecer cliche, mas é a verdade. Seus cabelos num tom de chocolate e os lábios constantemente pintados de vermelho são a combinação perfeita, assim como suas sardas que eu costumo chamar de "Pequenas Constelações da Mari", os olhos de cor caramelo fazia o meu coração disparar quando olhava diretamente para mim.
Júlio estava ao lado dela, sorridente e segurando uma mochila que parecia tão cheia quanto a minha. Assim como a irmã, Júlio tinha um cabelo num tom de chocolate, as sardas no rosto e os olhos caramelos. E esse é um dos momentos em que eu agradeço a qualquer divindade existente por me conceder a honra de ser bissexual e poder apreciar a beleza desses irmãos da melhor maneira. Obviamente que eu prefiro Marina, mas se o Júlio também quiser e ela não se importar, eu realmente quero.
- Já que estamos todos aqui, podemos finalmente iniciar a nossa caçada. - Lúcio iniciou o diálogo, já que eu não conseguia fazer nada além de encarar Marina e seu irmão, sendo que a pessoa que mais me chamava a atenção, era ela.
- Ainda não consigo acreditar que você topou vir com a gente, Fran. - a voz melodiosa de Marina chega aos meus ouvidos e levo alguns segundos até compreender que ela estava falando comigo.
A sua pergunta deveria ter soado como uma ofensa, mas reconheço que tenho evitado sair com os meus únicos amigos nas últimas semanas... Talvez uma tentativa frustrada de fazer o meu coração entender que não pode continuar sofrendo por algo que não vai acontecer ou se derreter sempre que estou perto de Marina. Mas, como eu não posso simplesmente dizer o real motivo das minhas desculpas esfarrapadas sobre manter o foco nos estudos, simplesmente olho em seus olhos da maneira mais convincente que eu encontro e digo:
- É véspera de Halloween, não perderia por nada.
- Esse é o espírito, Chiquinha! - Júlio exclama animado e mal percebe o desagrado em minha expressão ou no meu gemido frustrado ao ouvir esse apelido tosco.
- Você sabe que eu odeio esse apelido...
- Eu preciso concordar, Fran é bem melhor que Chiquinha. - Marina se junta a minha causa, provavelmente compadecida da provocação do irmão.
- Isso é o que menos nos importa agora - a voz e Lúcio soa alto e bem próximo a mim, olho ao redor e percebo que mais ninguém além de nós quatro estamos aqui o que me faz questionar: que merda eu me meti dessa vez? - Não temos tempo a perder, logo dará meia-noite e não poderemos mais entrar, vamos logo! - ele continua insistindo e avançando em direção aos portões que estão escancarados com luzes coloridas piscando fortemente com letreiros em neon, nas quais tem nomes de atrações desse lugar.
O observo avançar portões a dentro e dou um suspiro alto quando Júlio e Marina o segue, não me deixando alternativa alguma além de seguir até eles.
Logo de cara percebo pouco movimento, o que é estranho. A cidade de GrandVille não é a mais numerosa ou a mais incrível, mas sei que nos dias de festividade os habitantes não deixam a desejar no quesito decoração, comida e atrativos. É justamente por isso que me surpreendo ao perceber que poucas pessoas estão presentes aqui dentro e que, em sua maioria, são trabalhadores do local.
- Está tudo bem?
A voz de Marina chega aos meus ouvidos e, apesar de amar escutar sua voz tão próxima da mim, não consigo prestar atenção na conversa que ela quer manter. Só consigo focar no fato de que estamos em um lugar que parece não estar aberto ao público de tão morto que aparenta estar.
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O Outro Lado Da Diversão
Short StoryQuando Francisca aceita sair com seus amigos na véspera do Halloween para se divertir, não imaginava que encontraria coisas das quais não estavam preparada. Quando o relógio bate a meia-noite, as coisas e as pessoas das quais ela conhece mudam compl...