A entrada do circo estava bastante movimentada, apesar de poucos jovens presentes o tumulto era garantido. O homem de conjunto vermelho sorria sombriamente para aquela pequena multidão que se empurrava na tentativa de comprar um bilhete de acesso. Seu sorriso ampliou quando me viu se aproximar e, assim como havia ocorrido anteriormente, meu corpo se arrepiou, o meu sangue parecia congelar em minhas veias e meu coração martelava em meu peito. Senti um puxão em meu braço e percebi ter sido Marina, que ainda segurava a minha mão. Ela me puxava em direção ao arco que indicava a entrada do circo e eu me perguntei quando ela havia comprado os tickets, porque eu não havia notado.
- Às vezes é bom ter um tumulto de jovens por perto. - e foi assim que eu entendi que estava invadindo o espaço sem gastar um único real.
Apenas segui o fluxo e fui com ela, adentrando aquele ambiente que parecia chamar a atenção das pessoas presentes, mas que para mim só representava o horror. Tive medo do que poderia me encontrar quando eu atravessasse aquelas portas, tive medo de encontrar corpos empilhados, sangue por todo lado, um verdadeiro circo do horror. Porém, nada me preparou para o que de fato me esperava.
- É sério isso?! - Marina exclamou ao meu lado, sua voz um pouco mais alto que um sussurro surpreso.
- Eu estou me perguntando a mesma coisa... - respondi ainda perplexa com tudo o que eu via.
Homens desfilavam vestidos como animais, recebendo chicotadas enquanto obedeciam à ordens gritadas, mulheres barbadas com as vestes encharcadas de sangue cominhavam sorateiras entre as ciganas e malabaristas que equilibravam cabeças humanas no lugar de bolas ou pratos, meu estômago embrulhava diante aquela visão.
- Mas que merda...?
Não tive tempo de entender o que Marina estava olhando ou peguntando, porque de repente tudo escureceu. A mão de Marina soltou a minha e me senti sendo puxada para longe dela.
- Marina! - gritei, como se isso fosse fazer com que, seja lá o que ou quem estivesse me puxando, sentisse dó e me deixasse ir. De longe eu podia ouvir sua voz me gritando, me chamando e eu respondia aos berros. - Marina! - tornei a gritar enquanto me debatia para tentar me livrar do aperto em que me encontrava, mas quanto mais eu tentava me livrar, mais apertado ficava ao meu redor. - MARINA! - o grito arranhou minha garganta.
O choro mais uma vez se tornou presente e quando dei por mim estava sozinha em algum quarto escuro, sem janelas ou qualquer vislumbre do que poderia estar me esperando do lado de fora. Eu estava sozinha e uma crise de pâncio me tomou. Sentei recostada a uma das paredes e fiz a única coisa que me era permitida no momento: chorei.
![](https://img.wattpad.com/cover/288988716-288-k6385.jpg)
VOCÊ ESTÁ LENDO
O Outro Lado Da Diversão
Short StoryQuando Francisca aceita sair com seus amigos na véspera do Halloween para se divertir, não imaginava que encontraria coisas das quais não estavam preparada. Quando o relógio bate a meia-noite, as coisas e as pessoas das quais ela conhece mudam compl...