Capítulo 3
Acordei pela manhã ainda anestesiada pela noite anterior, Pedro havia sido delicado, romântico. Imagina ver tomada por um homem, como seria, como me sentiria. De minha parte devo dizer que foi melhor do que todas as minhas imaginações, Pedro podia não me amar ainda, mas acredito que também não desgostava de mim, aquela noite, mesmo que não nos conhecíamos direito comprovou que poderíamos ser tudo que quiséssemos.
Ao despertar procurei pelo corpo de Pedro, mas ele não se encontrava mais ao meu lado.
Virei-me e me deparei com uma rosa branca, como ele sabia que eu sou apaixonada por rosas brancas? Acredito que havia lhe contado em uma das cartas, mas ele realmente havia se atentado aos detalhes do que eu escrevia?
A rosa se encontrava sobre o travesseiro e logo abaixo um bilhete, não negarei que aquilo me deixou com o coração derretido.
"Minha Doce Teresa, provavelmente quando acordar não estarei ao seu lado, mas desejo que saiba que se hoje levantei sorrindo o maior motivo foi tela conhecido.
Logo estarei de volta a quinta e verá a surpresa que preparei para você! Lhe desejo o melhor dos dias e anseio vê-la o mais breve possível.De seu mais novo amante
PedroA sensibilidade de Pedro me deixou intrigada, peguei a rosa e senti seu cheiro perfumado. Passei alguns segundos em êxtase. Não demorou muito e celestina apareceu, como sempre sorrindo; certamente ela se tornaria minha confidente, uma amiga, de fato. Conversamos muito, celestina mostrava um tanto curiosa, alfinetava detalhes sobre a noite, mas não me sentia pronta o suficiente para contar detalhes de tudo que havia acontecido. A baronesa me ajudou a se vestir e me pentear, me sentia radiante e plena, talvez até apaixonada. Será? O que me impede, não é mesmo? Já somos casados.
Descendo as escadas até o salão um dos empregados me entrega outra rosa branca, mas não diz nada, ao fim da escada mais uma rosa! Em meio ao salão fui abordada por 3 empregados com mais 3 rosas cada. Mas o que era aquilo? Estava confusa. Lurdes veio ao meu encontro afirmando "majestades, o imperador a aguarda no jardim".
No jardim? A esta hora da manhã? Estava intrigada, mas não questionei e me direcionei até a porta que dava entrada ao jardim na companhia de Lurdes e celestina que me guiavam até o local, sentia a troca de olhares entre elas e os cochichos, mas os ignorei.
Ao chegar à saída para o jardim lá estava ele, Pedro me esperava sorrindo e segurando um buque. Aquela impressão de que ele me rejeitava foi embora, agora estava tomada por um frio na barriga imenso, minhas mãos transpiravam, ao vê-lo ali, parado a minha espera, sorrindo e segurando aquelas flores, sem dúvidas me transformou em uma simples menina romântica. Pedro me estendeu a mão e sem questionar eu o acompanhei, ele me guiou até o jardim, mas saiu um pouco mais a frente, me pediu para que fechasse os olhos e só os abrisse assim que ele pedisse. Tomaríamos café ao ar livre? Estava cada vez mais surpresa e mais encantada.
A cada ponto de entrada ou saída do palácio eu ganhava mais um botão de rosa. Ao seu pedido mantive os olhos fechado, ele me deu permissão para abri-los e para a minha surpresa Pedro que me esperava sentado em cima de uma toalha xadrez. Estava claro! Era um pique nique; Pedro havia organizado nosso desjejum ao ar livre. Naquele momento o ar demorou a chegar a meus pulmões, analisei a imagem de meu marido que estava sentado com as pernas cruzadas, uma das mãos apoiadas no rosto enquanto exercitava a leitura, ao menos fingia a cena olhei para o buquê de rosas que havia se formado em meus braços e o encarei novamente sorrindo, sorria como se tudo estivesse mudado, como se só existíssemos nos no mundo. Seria possível conhecer um homem assim?
"Bom diorno Dona Teresa Cristina, permita-me dizer que estás mais linda esta manhã do que o sol que ilumina as flores na primavera "ao terminar o elogio senti meu coração acelerar, retribui o elogiou e sorri em forma de agradecimento. Me sentei ao seu lado e comemos, conversamos e rimos muito, Pedro tinha pensamentos sobre o mundo, sobre a sociedade e a cultura muito similares aos meus, lutávamos pelas mesmas causas.
. Havia notado o canto de sua boca sujo por um resquício de chocolate, certamente do bolo, levei minha mão delicadamente ao canto de sua boca para retirar, Pedro a segurou e chupou um o dedo que estava com a cobertura. Um clima se instalou no ambiente, a brisa soava sobre as árvores, seus olhos negros vibrantes estavam fixos aos meus de forma tão envolvente que senti um arrepio na espinha, sua mão veio em direção ao meu rosto colocando uma mecha de cabelo atrás de minha orelha e guardarei as palavras ditas naquele momento em meu coração até o fim de mês dias.
"há tão pouco tempo ao seu lado e sinto que não necessito ser o Pedro que todos esperam, posso apenas ser eu mesmo! Você é a primeira pessoa que me proporcionou isso e deve dizer que é o melhor dos sentimentos, obrigada Teresa!"As palavras caiam tão bem sobre o seu falar, sentia-me como uma jovem comum, pela primeira vez, sem responsabilidades, sem compromissos, sem restrições, sem uma coroa, ali eu e ele poderíamos ser como pessoas comuns. Sem nos cobrarem presença, simpatia, pontualidade e elegância. Poderíamos apenas nos divertir, conversas sobre assuntos mundanos, desde crianças treinados para um destino que não nos foi escolhido, mas imposto. Se sentir assim... leve, com alguém que carregue o mesmo peso que você torna a visão de mundo diferente
E veio em minha direção depositando um beijo delicado em meus lábios. Eu não precisava falar nada, sentia o mesmo em sua companhia. Talvez fôssemos mesmo destinados, talvez naquele momento o universo estivesse a nosso favor! Que Deus nos abençoe, é o que sempre desejo!
Ao se deparar já estávamos deitados no gramado admirando o céu, as nuvens tamparam o sol, nos dando a possibilidade de acompanhar seu andar e admirar suas formas, as folhas caiam das arvores de forma desgovernada e planavam sobre nós, ali tivemos uma conversa que tem um espaço único em meu coração e me lembro de cada palavra.
- Se pudesse ser qualquer coisa no mundo que não fosse imperatriz de um país, o que seria Teresa?
- Eu desejaria ser tantas coisas, mas me tornar imperatriz não me priva de meus sonhos, eu... eu gosto de quem sou, do título que carrego e quero usá-lo para algo que eu realmente acredite. Acredito que temos este poder. O poder de fazer acontecer. E você, o que seria?
- Seria um home solitário, certamente, talvez um professor, ou, um poeta. Penso como você, que o titulo que carregamos pode nos fazer transformar, mas a primeira mudança vem de onde se lê. Eu quero muito poder ensinar isso a os filhos que teremos.
'Aos filhos que teremos' o futuro que me assustava e deixava transbordada de emoções. Desejava ser mãe, mas temia por não ser uma mãe boa o suficiente. Vejo crianças como anjos que nos devolvem a pureza e transmitem sentimentos verdadeiros. Ouvir de Pedro que queria ensinar assuntos tão complexos e delicados para seus herdeiros era lindo, inexplicável e encantador. Espero que eu ofereça estes herdeiros antes do que possamos imaginar. A cobrança está sobre mim desde minhas primeiras regras, desde que nosso casamento foi acordado, desde que pisei no Brasil. Peço a Deus que me abençoe e que eu seja o que todos precisam, o que Pedro precisa, o que este país deseja e necessita.
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Um acordo entre Reinos - pedresa
FanfictionTalvez, talvez se eu tivesse vindo de outro lugar, talvez se eu fosse um pouco mais sofisticada, mais bonita, tantos pensamentos tomam conta da minha cabeça e eu raramente tenho resposta para eles. Desde que cheguei de Nápoles para esta terra estran...