A chegada de Bella à Forks

405 24 6
                                    

Nunca pensei muito em como eu iria morrer. Afinal eu era jovem, saudável, não tinha inimigos e não tinha amigos, o que me fazia não sair muito e me manter segura dentro de casa.

Morrer por alguém que se ama é quase um ditado popular entre todo mundo, mas quem eu amava o bastante para isso? Eu simplesmente não tenho ninguém assim na minha vida. Minha mãe se casou com um jogador de baseball famoso, e acho que ela dava mais valor aos jogos que ele participava do que a como eu me sentia ficando sozinha em casa. Passei a odiar o esporte.

Meu pai, Charlie, era um cara legal. Ele era xerife de uma cidade minúscula chamada Forks, no interior do condado de Clallam, em Washington, mais de 1.500 milhas de distância de Phoenix. Passei tanto tempo longe dele que nem sei se o reconheceria de cara ao vê-lo pessoalmente.

Eu estava completando 18 anos, e como presente de aniversário, ou como desculpa para me mandar para longe enquanto viajava para trepar em lugares exóticos com seu marido celebridade, minha mãe estava me mandando para Forks, para ficar com meu pai. Eu sempre gostei de biologia, e meu querido padrasto foi convencido pela minha mãe a pagar minha faculdade, coincidentemente na outra margem do país.

"Vai ser bom para você, Isabella", minha mãe insistiu. Ela nem sequer se deu ao trabalho de dar uma boa desculpa.

* * *

E aqui estamos. Uma viajem entediante de avião e meu pai está me esperando no aeroporto.

- Bella – Disse ele, olhando-me de cima a baixo.

- Oi, pai – Falei, e vi o ar frio saindo da minha boca.

Eu visitava a cidade por duas semanas todo verão, mas foi há tanto tempo que eu não me lembrava que Forks era tão frio, mesmo na estação mais quente.

- Olha só para você – Disse ele, abraçando-me. - Da última vez que te vi, você ainda me pedia para te levar no colo.

- Acho que desta vez eu não vou pedir isso.

E foi o máximo de humor que eu consegui expressar. Eu realmente não tinha nada contra o Charlie, mas depois de tantos anos vivendo sem ele, nós simplesmente... não parecemos mais sermos pai e filha.

Ficamos nos olhando por um momento constrangedoramente longo antes que ele falasse qualquer outra coisa.

- Então... vamos? – Disse ele, esfregando a parte de trás de cabeça, como se fosse um pateta fazendo graça.

- Vamos – Respondi, e senti vergonha da minha tentativa falha de sorrir.

Entramos no carro dele e passamos um bom tempo na estrada. Forks não tinha aeroporto, e na verdade não tinha praticamente nada. Estávamos saindo do aeroporto mais próximo a ela, muitas milhas de distância. Quando finalmente entramos na cidade, olhei a placa passando do carro.

"Cidade de Forks. Seja bem-vindo."

Era uma placa bonita, com vários enfeites. Mas não passava disso. Era uma placa normal de uma cidade pequena normal com 3120 habitantes normais.

Agora com 3121 habitantes.

- Seu cabelo cresceu – Disse ele, olhando para mim por um instante enquanto esperava um semáforo abrir.

- Eu cortei desde a última vez que te vi.

Ele me olhou um pouco triste, percebendo que perdeu toda a infância da filha, provavelmente. Sei que meu pai me amava, mas isso não mudava o fato de que ele sempre foi tão distante de mim que parecia nem ser mais meu pai.

Karma Konserta: CrepúsculoOnde histórias criam vida. Descubra agora