16- 𝙨𝙪𝙧𝙥𝙧𝙞𝙨𝙚

1.3K 193 140
                                    

Oficialmente, o penúltimo.
────────────────────────────

Despedidas são dolorosas. Para quem vai, e para quem fica. Mas especialmente para quem é deixado para trás. Pensar que está estagnado no tempo quando todos ao seu redor estão seguindo suas vidas nos causa um sentimento de impotência. Como se não fossemos o suficiente para acompanhar as pessoas do nosso convívio. Esses sentimentos, misturados com o álcool de uma vodka barata anestesiaram a mente e o corpo da escritora, que passou a noite em claro depois que Natasha à deixou em casa.

Nem todo o tempo do mundo faria Wanda se esquecer do abraço carinhoso que a ruiva lhe deu antes de entrar naquele táxi. Com lágrimas nos olhos, implorou em silêncio para que Natasha ficasse. Mas o pedido nunca foi feito, e Natasha não havia ficado. Diferente do beijo salgado pelas lágrimas, que ficaria por um bom tempo nas lembranças das mulheres.

— Bom para mim, as expectativas eram todas minhas mesmo. — Wanda murmurou apoiada na janela de seu quarto, que dava vista para a rua calma naquela madrugada. E como sempre fazia quando estava desmoronando, se apoiou nos seus personagens fictícios para se manter em pé. No fim, eram os únicos que continuavam para ela quando todos ao seu redor partiam.

Mas agora, uma nova personagem havia sido incluída em sua criação. Uma bailarina de uma caixa de música, que durante um determinado tempo dá rodopios até que o tempo da música termine. Mas apreciar a bailarina tinha o seu preço. Cada pessoa só poderia vê-la uma única vez em toda a vida. E por mais que você dê corda, ela se esconde no fundo da caixa novamente, voltando para a sua terra natal. E a música dela havia chegado ao fim.

Com a cabeça pesando uma tonelada, Wanda finalmente conseguiu dormir. O vôo de Natasha estava marcado para meio dia, e ela havia prometido que iria até Cornelia Street uma última vez ver a sua Natasha. Sua porque Natasha lhe pertencia, assim como Wanda pertencia à Natasha.

E como se Jack Frost se compadecesse de sua tristeza, a neve deixou de cair. Os turistas odiaram, mas a verdade é que Wanda não dava a mínima para o tempo naquele momento. Já tinha a sua tormenta particular para lidar.

Os tímidos raios solares daquela manhã levaram Clint até o apartamento de Natasha. O homem não queria se despedir da amiga por uma segunda vez, mas como o bom amigo que sempre foi, não iria deixar de segurar a mão de Natasha no momento que ela mais precisa de apoio. As malas já estavam feitas e alguns objetos pessoais empacotados. O apartamento, aos poucos, deixava de ter a cara de Natasha Romanoff.

— Natasha, pra que você precisa dessa pintura infantil? — Alexei indagou embrulhando a tela à pedido da filha.

— Alexei, só embala isso, tá bom? E com cuidado. — A mulher respondeu penteando os cabelos, que estavam lisos caindo na altura dos ombros. O mais velho continuou reclamando, mas Natasha optou por ignorar qualquer coisa que não fosse importante naquele momento.

— Ela não chegou ainda? — Natasha murmurou para Clint que a observava pelo espelho.

— Ainda não. — Clint respondeu de maneira simples, analisando as roupas da amiga rapidamente. — Não acha que se arrumou demais pra quem vai passar mais de cinco horas em um avião?

— Talvez sim, mas talvez não. Eu estou normal. — Natasha se defendeu observando sua imagem no espelho. Estava esplêndida. Mesmo para o inverno, onde as pessoas costumam abdicar da moda para se proteger do frio.

— Você se arrumou porque ela está vindo. Agora faz sentido, hmmm. — Clint não perdeu a oportunidade de azucrinar a amiga uma última vez, arrancando uma risada sincera da ruiva. — Eu vou sentir sua falta, ruiva. Muito.

𝙜𝙧𝙤𝙬 𝙤𝙡𝙙 𝙬𝙞𝙩𝙝 𝙢𝙚 - 𝘸𝘢𝘯𝘵𝘢𝘴𝘩𝘢Onde histórias criam vida. Descubra agora