Capítulo 29 - Verônica e Fernando

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Verônica

Uma semana depois...

Com os exames em mãos chego mais uma vez ao consultório da Dra. Luana, sinto um misto de coisas em meu coração e minhas idéias se embaralham todas em minha mente. Por um lado sinto medo pelo que pode ser, por outro lado sinto alivio por pelo menos estar tendo a oportunidade de fazer os exames, de me tratar e sem ter que esperar muito tempo.

Com a condição que os convênios estão hoje no Brasil, isso é um milagre. Logo ela me chama para entrar e eu me sento na cadeira a sua frente.

- Olá senhora Verônica

- Oi doutora

- Como está?

- Bem e você?

- Ótima. E então, fez os exames que pedi?

- Sim, estão todos aqui – disse entregando a pasta de exames nas mãos dela

Ela os olhava atentamente, lia cada especificação, analisava as imagens e senti um frio percorrer minha espinha. Mais uma vez ela tirou seus óculos, me olhou séria e respirou algumas vezes antes de falar.

- Você tem feito os exames de rotina Verônica? – perguntou ela

- Faz mais ou menos um ano que não faço doutora, mas por quê?

- Suspeitei

- O que quer dizer?

- Olha Verônica, infelizmente as noticias não são boas – coloquei minhas mãos no peito e respirei fundo várias vezes – Você infelizmente tem câncer, está em estagio avançado, mas se fizer o tratamento certo talvez consiga se salvar

Senti-me mal, meus olhos se encheram de lágrimas e minha voz não saia. Não podia acreditar nisso. Ela me passou os remédios que deveria tomar e disse que teria que fazer algumas sessões de quimioterapia.

Saí de lá destruída, cansada, triste e doente. Eu estava com câncer, e agora?

Fernando

Uma semana se passou desde o dia que toda a confusão se instalou, pensei várias vezes em ver a Andrezza, mas logo tirei essa idéia da cabeça. Estávamos chateados, magoados e com histórias totalmente diferentes.

Sentia falta dela todos os dias e não conseguia trabalhar direito, comer e nem mesmo dormir. Ela dominava meus pensamentos e todos aqueles problemas não paravam de rondar minha cabeça.

Estou sentado no sofá pensando em tudo isso até que a Verônica chega com uma cara horrível, parece abatida, abalada, triste ou algo do gênero. A observei ir para a cozinha e ficar andando pelo corredor. Ela voltou para a sala e parou na minha frente, abriu a boca para falar alguma coisa, mas desistiu e foi pro quarto. O que será que ta acontecendo aqui?

Passei a tarde toda e comecinho da noite sentindo a necessidade de ir ver a Andrezza, precisava sentir seu cheiro, seu carinho, seu amor e precisava do seu sorriso novamente. Pensei, pensei, pensei e repensei vinte vezes, ­­­­­­­­­­­­­até que decidi que iria para a casa dela, por bem ou por mal. Mesmo que ela me tratasse que nem capacho, eu iria tentar fazê-la acreditar em mim.

Levantei e me arrumei rapidamente, entrei no carro e segui ouvindo Gone,Gone, Gone do P, cheguei muito rápido, acho que estava tão ansioso e tão nervoso que nem notei que estava a muitos quilômetros acima do permitido. Quando cheguei a sua porta pensei em desistir, mas eu tinha que lutar por nós.

Lembrei de um esconderijo secreto onde ela guardava uma chave reserva, ela tinha me contado isso porque vivia perdendo suas chaves. Caminhei até um vaso perto da porta, o levantei e ali estava a chave.

Respirei fundo e abri a porta, tudo estava escuro e inebriava seu cheiro, fechei a porta e caminhei na ponta dos pés até o quarto. A porta estava entreaberta e pude ver uma iluminação fraca vindo de dentro, provavelmente era o abajur.

Quando finalmente entrei no quarto, pude presenciar a cena mais linda de todas as que já vi em toda a minha vida, ela estava dormindo com as mãos em sua barriga, com certeza estava acariciando nosso bebê.

Segurei as lágrimas que teimavam em rolar pelo meu rosto, tomei o mínimo de cuidado para não acordá-la e deitei ao seu lado. Uma sensação de conforto e paz tomou conta de meu coração, sabia que ela surtaria no dia seguinte, mas não estava nem ai, o que me interessava no momento era ter ela em meus braços.

Logo ela se vira para meu lado, me abraça e se dá conta de que está acompanhada. Ela abre seus lindos olhos e me encara por uns segundos antes de falar.

- Você veio – disse com a voz de sono

- Sim, eu vim

- Não era pra estar com a Barbara a essa hora? – disse

- Não, eu devia estar do seu lado, não devia ter saído de perto de você. Andrezza por favor, me deixe ficar aqui com você e nosso filho, só isso que te peço – disse quase chorando novamente

- Tudo bem, mas não pense que vai ficar assim essa historia – disse brava

- Ok, obrigado – e assim dormimos

No dia seguinte quando acordei, ela já estava arrumada e sentada na cama me esperando para ter aquela conversa. Sentei-me na cama e a olhei.

- Bom dia morena – disse

- Bom dia – respondeu seca

- Já sei, está na hora da conversa

- Exatamente – disse olhando para sua barriga e alisando

- Tudo bem, quem começa?

- Pode ser você, já que é o culpado não é? – disse me olhando fixamente

- Não tenho culpa e você precisa acreditar em mim

- Como? – disse ela incrédula – Não tem como, te vi com a boca na botija

- Só me escuta, por favor.

- Tá – revirou os olhos

- Eu estava conversando com os patrocinadores e você saiu com as meninas lembra? – perguntei

- Sim

- Logo depois te procurei pelo salão todo e não te achei, até que recebi uma mensagem de um numero desconhecido falando pra te encontrar na diretoria, pensei que você estava passando mal então fui correndo. Quando cheguei, não vi ninguém até que a porta fechou e a Barbara apareceu. Eu juro que falei para ela parar com aquelas insinuações, porém não adiantou nada e aí você a encontrou daquele jeito. Juro que não tive culpa, eu cai num golpe

- Perai, você disse que recebeu uma mensagem?

- Sim

- Pois eu só fui até lá porque recebi uma mensagem também – disse ela pegando o celular e me mostrando a mensagem

- Mas esse numero é da minha mãe, e é diferente do numero que me mandou mensagem – disse olhando para ela

- Então sua mãe está envolvida nisso – colocou as mãos na boca – Não acredito nisso, e eu aqui te odiando

- Por isso vim conversar, me perdoa seja lá pelo que fiz? – perguntei

- Não amor, eu que te devo desculpas, somos vitimas desse golpe – disse triste

- Fique tranquila que isso não vai ficar assim! – disse decidido

- O que pensa em fazer?

- Tomar uma atitude drástica com a Verônica – disse e ela se aninhou nos meus braços, a segurei forte e dei um beijo em sua testa.


Amor a Tira ColoOnde histórias criam vida. Descubra agora