12 - Brincos e absorventes

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Eu estava na casa de Sam e Emilly, esperando Claire terminar de se arrumar para sairmos.

Hoje seria o dia no qual ela finalmente furaria as orelhas. Eu estava ouvindo sobre isso a meses, por isso me coloquei a disposição para levá-la ao estúdio de tatuagem e body piercing em Port Angeles.

Não fazia sentido na minha cabeça ela estar tão ansiosa por ter seu corpo violado dessa forma, mas como tudo o que ela pedia era quase uma lei para mim, eu aceitei de bom grado acompanhá-la nessa aventura.

- Claire... Você só vai furar as orelhas, não precisa se maquiar tanto pra isso. - Reclamei pela milionésima vez. Eu estava há quase uma hora sentado na mesa da cozinha de Emilly.

- Não se apressa uma garota, Quil! Você deveria saber disso. - Ela rolou os olhos. - Mas pronto... Podemos ir.

Emilly riu baixinho da minha desgraça, e nós saímos pela porta. Claire foi o caminho todo procurando uma boa estação de rádio, mas desistiu quando só encontrou música country ou "músicas da era da vovó".

- Olha... Quero te mostrar uma banda nova, acho que você vai gostar, Quil. - Ela mexeu por um momento no celular e uma música melodiosa começou a tocar.

Ergui as sobrancelhas em aprovação. Era realmente muito boa.

- Acho que não conhecia essa ainda... - Comentei balançando a cabeça no ritmo e Claire colocou o celular no apoio do painel.

- O que seria da sua vida sem mim?.

Eu ri concordando.

- E aí... Como estão as coisas com a Carol?. - Perguntei interessado.

Carol era a irmã três anos mais velha de Claire. Ela é uma garota inteligente e com opiniões fortes.

E as duas viviam em embates e discussões.

Claire suspirou pesado.

- Ela continua uma chata Quil... Você acredita que ela estava problematizando até o fato de eu furar as minhas orelhas? - Claire bufou. - Segundo ela, é só mais uma forma do patriarcado me controlar.

Ela continuou reclamando sobre diversas coisas até chegarmos no estúdio e me senti tenso.

- Tem certeza de que quer fazer isso? - Perguntei preocupado olhando para a placa de neon vermelha que mostrava que estavam abertos.

- Simmmmmm! Vamos.

Eu precisei me controlar muito para não jogar Claire por cima do ombro e tirá-la daquele local escuro e sufocante. Segurei as mãos dela conforme o body piercer furava uma orelha e depois a outra.

Mas toda a preocupação foi embora quando vi o sorriso que ela abriu ao se ver no espelho com as orelhas vermelhas e levemente inchadas, e dois brincos pequenos e dourados brilhando contra a luz branca.

- E aí... Feliz? - Perguntei quando estávamos na viagem de volta para La Push.

- Não vejo a hora de cicatrizar e eu poder usar brincos maiores. - Ela comentou olhando pela janela.

- Claro, claro... Então, quer uma raspadinha ou isso é infantil demais para você?. - Provoquei olhando para uma placa de posto de gasolina.

Claire pensou por alguns momentos e eu segurei o riso.

- Talvez... Raspadinhas podem ser uma boa ideia agora. - Seu tom de voz foi indiferente.

Concordei com a cabeça e fiz o retorno até o posto de beira de estrada.

Tomamos nossas raspadinhas em silêncio, apenas aproveitando todo aquele açúcar e a companhia um do outro.

- Obrigada por hoje, Quil! Você é a melhor pessoa do mundo. - Ela falou quando terminamos a bebida colorida e entramos no carro.

- Não agradeça por isso, Claire-ursinha. - Respondi dando leve tapinhas no alto de sua cabeça.

Ela rolou os olhos, mas sorriu.

- Você não vai parar de me chamar assim?.

- Hey, achei que amigos pudessem dar apelidos um ao outro.

- E podem! Mas não apelidos infantis. Você me chama assim desde que eu me conheço por gente.

- Vou pensar em outro apelido então. - Menti.

Claire ficou repentinamente em silêncio e eu estranhei. Suas unhas compridas pintadas de preto batiam sem parar na tela do celular, e quando estávamos quase chegando na Aldeia, a garota começou a se contorcer no banco ao meu lado.

- Está tudo bem? - Perguntei preocupado quando ela gemeu baixo, inclinando o corpo para frente.

Uma expressão de desconforto cruzou seu rosto.

- Aham. - Respondeu olhando pela janela.

Quando chegamos na casa de Emilly, Claire nem olhou para trás quando saiu correndo do carro, batendo a porta no processo.

Entrei atrás dela, e sem surpresa, encontrei Emilly com a pequena Sarah, na cozinha espaçosa dos Uley.

- Oi Quil... Deu tudo certo? - Ela perguntou sorrindo com aquele jeito bondoso, e me ofereceu um de seus famosos bolinhos, que recusei.

- Aham... Mas a Claire ficou estranha de repente e entrou correndo. Não entendi o que aconteceu. - Falei em dúvida se ia atrás dela ou se ficava por ali.

- Certo... Espera aí, vou ver se está tudo bem com ela. - Emilly virou as costas e entrou pelo corredor, até o quarto onde Claire estava.

Tentei me concentrar pra ver se conseguia ouvir alguma coisa, mas os gritos de alegria de Nate vindo da sala atrapalhavam um pouco.

- Está tudo bem, Quil. - Emilly falou voltando para a cozinha. Seu tom de voz diminuiu um pouco, e só pude entender direito por causa da minha super audição. - Ela está menstruada. Mas não comente nada com ela, ouviu? Claire deve estar envergonhada por isso ter acontecido quando estava com você.

Pisquei meus olhos confuso, sem saber direito como agir sobre isso.

- O que eu faço?! - Exclamei surpreso, o que fez Emilly rir ainda mais.

- Nada... Só agir normal. - Ela deu de ombros, ajudando Sarah a comer.

Dei algumas voltas pela cozinha, tentando me lembrar das aulas de ciência. Eu realmente não sabia nada sobre menstruação, e o que eu tinha conhecimento era de quando convivia com a minha irmã, Jessica, ou ouvia dos pensamentos de Leah na matilha.

Com um suspiro, resmunguei um "volto logo" para Emilly e fui até a loja da minha família, no centro da Aldeia.

Peguei algumas revistas de bobagens femininas, que eu sabia que Claire gostava, e também diferentes tipos de chocolate a alguns doces.

Cumprimentei Beth, a mãe do meu amigo Embry, que trabalhava como caixa, e voltei para a casa de Sam.

Emilly ainda estava na cozinha, e só sorriu quando viu a sacola. Entrei pelo corredor e fui até o último quarto da casa, onde Claire sempre ficava quando passava as férias e feriados aqui.

Bati timidamente na porta, e a garota de cabelos escuros apareceu na minha frente.

Claire não olhou para a minha cara, e confesso que os meus olhos também estavam fixos no alto de sua cabeça.

Sem falar nada, estiquei a mão com a sacola na ponta dos dedos, e Claire a pegou. Virei as costas, voltando pelo corredor e a voz da garota de treze anos me fez parar.

- Obrigada, Quil. - Ela sussurrou baixinho.

- Não agradeça por isso, Claire-ursinha. - Falei olhando para trás, a tempo de ver o sorriso sincero e inocente, antes dela fechar a porta.

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⏰ Última atualização: Jul 16 ⏰

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QUIL ATEARA - O ImprintingOnde histórias criam vida. Descubra agora