06 - Paz em meio ao caos

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Alguns meses haviam se passado, e tudo estava se encaminhando para a tranquilidade. Jake e Sam entraram em uma trégua, embora, algumas vezes, a tensão entre dois alfas era quase palpável. 

E surpreendentemente, os Cullens se tornaram bem mais toleráveis.

Jake passava mais tempo com eles, por causa de Nessie, do que na tribo. As patrulhas foram reduzidas, e como agora existiam duas matilhas, nossos horários ficaram bem mais flexíveis. 

Jake, Embry e eu, voltamos a ser os melhores amigos de sempre,dividindo nossas aflições. Principalmente agora que a mãe de Embry, Beth, e o Billy começaram a se conhecer melhor. O que foi muito nojento de se presenciar. 

Nosso projeto de criar uma oficina mecânica veio com força total agora que todos os problemas foram esquecidos.

Edward Cullen foi o principal patrocinador, depois de muitas recusas e um contrato que dizia que pagaríamos todo o valor com alguns acréscimos (foi o único jeito de Jacob aceitar a oferta), e com a certeza de que nós três terminaríamos o ensino médio. 

A vida começava a voltar ao normal para mim, indo para a escola no período da manhã, trabalhando durante a tarde, e quando a noite chegava, eu corria para Makah, na esperança de ver Claire.

E por sorte, eu sempre a via. 

Claire estava com quase cinco anos agora, mas no colo de David ela ainda parecia um neném. Ele estava com ela na janela do quarto, cantando uma música para fazê-la dormir. Ela lutava contra as pálpebras mas já estava perdendo. Fiquei olhando-a por mais um tempo, até David colocá-la na cama e apagar a luz. Me virei e comecei a correr de volta para La Push. 

- Ei, Quil. - Embry me chamou em pensamento, e levei um susto. Estava pensando em Claire - Veio colocar Claire para dormir de novo?.

Obviamente, isso não era segredo para ninguém.

- Só vim ver como ela estava. Emily havia comentado que Carol esteve gripada, e fiquei preocupado que Claire também estivesse. - Menti na cara dura. 

- Sei. - Embry riu como um latido. 

Por mais que ele fosse um dos meus melhores amigos, como qualquer outra pessoa, ele não entendia muito bem sobre o meu imprinting.

Nessas horas, eu preferia Jacob. A única diferença, é que o alvo de imprinting de Jacob iria crescer em menos de sete anos. Renesmee já estava beirando os doze anos. 

- Você não tem mais o que fazer não, Embry? Por que está rondando Makah? Está atrás de alguma garota para forçar o imprinting? - Agora foi minha vez de latir. 

Embry, assim como Seth e alguns outros membros mais jovens das matilhas não sofreram imprinting com ninguém ainda.

Virou uma espécie de piada entre nós, como se eles ainda não tivessem atingido a puberdade. 

- Ha ha bom, quem sabe talvez eu dê sorte e tenha com uma criança. - Desdenhou. 

- Ei, isso magoa - Grunhi e ele riu.

Começamos a brincar nos empurrando com o focinho. E então, vi na mente dele o motivo dele estar na floresta tão tarde da noite. Algo que Embry evitava pensar quando estava transformado.

- Ohh é isso então! - Comecei a latir como se fosse uma risada.

A mãe dele, Beth, estava em um jantar com Billy.

- Não tem graça, Quil. Tinha que ser a minha mãe? Tinha que ser Billy?. 

- Ué, qual o problema com Billy? Ele é um homem bem legal. - Defendi.

Eu até entendia ele estar assim, afinal, nossas mães sempre serão mulheres virgens. 

- O problema não é o Billy. 

Foi aí que eu entendi. 

Esse assunto ainda era tabu entre nós, então não falei mais nada. 

Tecnicamente, não tinha como Embry ser um lobisomem. A mãe dele é da tribo de Makah, e chegou grávida em La Push há dezoito anos atrás. Os quileutes acolheram-na como se ela fosse de lá, principalmente a minha mãe, que lhe deu um emprego na loja da nossa família. 

Mas, como tudo o mais que acontece na nossa vida, as coisas saíram do controle quando Embry se transformou na primeira vez. 

Foi um susto para o Sam, que não esperava que Embry se juntasse ao bando, já que ele não era da tribo. 

O que significa que o pai dele é um descendente direto das três principais famílias com o sangue metamorfo.

Uley, Ateara ou Black. 

Como a relação dos meus pais sempre foi a melhor, e o meu avô nunca comentou nada sobre um neto bastardo, logo descartamos a possibilidade dele ser meu meio-irmão.

Billy ficou tão surpreso quando viu Embry como um lobo, que também foi descartado. 

Sobrou apenas Levi Uley, o pai vagabundo de Sam, como principal aposta. Mas depois que Billy e Beth começaram a sair, as coisas ficaram ainda mais confusas, e Jake e Embry fizeram um combinado-sem-combinar de nunca mais tocar nesse assunto. 

Embry latiu quando viu o caminho que os meus pensamentos estavam tomando, então desviei a atenção para outra coisa. 

- Então, estava procurando algum fruto de imprinting? - Eu perguntei voltando a brincar. 

-Você sabe tão bem quanto eu que não é nada disso. - Ele pensou baixinho. - Não sabemos muito sobre o imprinting, mas acho que não funciona assim. Não acho que um dia vá acontecer comigo. 

- Ué, porque não aconteceria?. - Perguntei mesmo já sabendo a resposta.

Esse assunto sempre machucava Embry. 

- Você sabe o motivo. Você sabe… E também o imprinting não funciona assim. Nunca tiveram tantos de uma só vez. 

- Bom… Acho que já vimos o suficiente para saber que as lendas são reais, não é mesmo?. 

Depois disso ele ficou em silêncio.

Patrulhamos La Push e Forks juntos, e logo depois fui para casa dormir, enquanto Embry continuou de vigia na tribo. 

Pensei sobre tudo o que conversamos.

O que foi por muito tempo uma das lendas e histórias mais esquecidas da tribo. Depois do que aconteceu comigo e Claire, e Jacob e Nessie, tudo era possível.

Até mesmo um lobo cujo o pai era desconhecido, como o caso de Embry, sofrer imprinting, mesmo ele achando que não seria possível. Espero que quando acontecer, as coisas para ele comecem a melhorar.

Logo cai no limbo dos sonhos, onde Claire virava uma loba e não conseguia tirar os olhos de Embry.  

QUIL ATEARA - O ImprintingOnde histórias criam vida. Descubra agora