Um pouco mais de tudo (Parte II)

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De três coisas eu tinha certeza. O mundo não era da maneira que eu imaginava. Dois, eu sempre tive um anjo da guarda, ironicamente falando. Três, eu estava andando ao lado de um demônio. O que mais viria a seguir para que eu completasse essa lacuna?. Eu não sabia o que perguntar. Era tantas perguntas que a que eu realmente queria fazer sumia da minha mente, assim como a próxima e a próxima. Olhando para ele, o mesmo parecia pensativo. Acho que a forma que ele esperava que eu reagisse foi totalmente antagônica a real. Mas como eu poderia reagir?, pulinho e festas?. Ainda mais sendo algo descrente em minha concepção.

-Quantos anos você tem ? - foi a única coisa que me veio a mente.

-Muito mais do que você pode imaginar. Milênios a frente - ele tenta sorrir para não tornar aquilo tão estranho

-Então você é um velho no corpo de um adolescente?, você possuiu esse corpo, tipo...possessão?

-Claro que não. Eu posso fazer isso. Mas com que objetivo?. Eu nunca precisei fazer isso. Na verdade eu tento ao máximo não dar índicios da minha existência para outros seres. Eu e Victor gostamos de se manter neutro

-Como é ver tudo se passar e você se continuar imutável? - falei com certa comoção

-Triste. Se limitar a encontrar alguém como você porque se você se apaixonar por um mortal você vai acabar perdendo-o algum dia. Imortalidade tem seu preço. - ele parecia sentir isso

-Mas e o Victor? - qualquer tristeza em seu rosto pareceu sumir com a menção do nome

-O Victor é a coisa mais importante que aconteceu na minha vida. Já ouviu falar da escola Salvatore?, fica em Mystic Falls, Virgínia. Lá é um abrigo de seres sobrenaturais, todos os tipos...

-Todos os tipos... - interrompo ele

-Vampiros, Bruxos, Lobos....uma sucessão de muitas coisas. Achou que tudo se resumia a anjos e demônios? - ele pareceu achar graça. Mas era exatamente isso que eu achava

-Nossa!! - falei suspirando de surpresa.

-Eu fiquei nessa escola. O diretor é gentil. Ele me acolheu como aluno e achava que eu era um jovem apenas, mas sabia da minha origem. Quando se é como eu, você tem que achar entretenimentos. Ser jovem é ir a escola, várias e várias vezes. Fazer faculdade se quiser. Sei...tentar ser humano. Lá eu esbarrei com Victor. A gente se desentendeu, era como se de imediato eu soubesse o que ele era. No momento eu não sabia, ele tinha mais parte demônio do que angelical. Um Hibrido de anjo e demônio

-Tá me dizendo que.. ele é um anjo?

-Agora sim. Ele faz parte dos anjos caídos. Foi corrompido aqui até virar um demônio. Mas você nunca perde sua essência real. Muitas coisas contribui para que ele voltasse a ser um anjo novamente, se livrado de seu lado demoníaco. Mas isso você não vai entender. Não agora.

-Então ele é um anjo? - ele aquiesceu - e a família. Praticamente todos sabem da origem dele. Mãe, pai...árvore genealógica...

-Como eu disse, algumas coisas não dar para se explicadas. Mas Victor sempre gostou de coisas de game. Ao saber que algo como a loud iria surgir, ele meio que formulou uma vida em si...

-Como isso é possível? - o olho

-Encontra alguém disposto a fazer o que ele quer. Dinheiro não falta. A humildade gosta do luxo. É gananciosa demais.

-Então ele paga para se passarem como família dele ?

-Eu não diria que paga. Jason...você vai se complicar mais ainda se entrar em detalhes mais complexos.

Ele tinha razão. Mas algumas lacunas estavam se preenchendo. Difícil, mas estava.

-Como era meu pai? - perguntou demorando importância - minha mãe contava muitas histórias sobre ele

-Seu pai morreu num acidente quando você tinha um ano. Sua mãe achou que lhe privar disso fosse o certo - fiquei atônito por um momento - desculpe...

-Não...é...tudo bem. Eu...bom, nada de surpresa é tão surpresa para mim agora.

Tentei sorrir. Mas eu senti a dor de algo passado. Meus olhos lacrimejaram

-Não deveria ter contado. - ele se culpou

-Tudo bem. Uma hora eu saberia...ou não. Mas é melhor saber do que viver numa mentira.

Sentei no banco da praça. Passei minha mão pelo meu rosto. Eu queria chorar. Minha heroína mesmo depois de morta ainda me protegia. Ela queria que eu crescesse sendo alguém normal. Como todas as crianças sem pai que as mães diziam que ele tinha abandonado-as. Senti os braços de Leandro sobre meu corpo, tentando me confortar.

-Eu daria tudo para mudar isso. Mas certas coisas estão fora do meu controle

-Então agora eu posso culpar alguém que realmente existe?, o cara lá de cima ? - o olho

-Culpar ele não vai trazer seu pai de volta. Mas certas coisas é necessário para o que você vai ser. Parece estranho, mas eu e Victor a gente tem um sentimento de afeto por você muito grande, sabe...é como se você fosse um filho para nós

-Ser filho de vocês seria maneiro - sorrio. Obscurecendo minha tristeza- pelo o menos eu teria dois pais

Ele riu

-E seríamos os melhores pais que pudéssemos. Mesmo não tendo um ótimo exemplo de paternidade

-Não acho que os pais definam o que os filhos vai ser - tentei confortar ele - você é um exemplo disso

Ele lançou um sorriso de agradecimento

-Victor disse que falta poucos minutos para que eles partam. Acho que você vai querer se despedir do seu namorado

-Que?, do que você tá falando ?? - falou dando uma de desentendido.

-Acha que eu tenho um péssima audição. Lembre-se que eu vigiei você sua vida toda. Relaxa, eu me fiz de surdo e mudo a alguns detalhes- ele Rio

-Então você sabe ? - falo ainda descrente

-Só se você quiser que eu saiba. Posso ainda bancar o desentendido.

-Não...a gente só não quer...

-Ele não quer - ele completa - eu entendo. Eu vivo isso. Mas ao menos algumas pessoas sabem. Victor sabia que ele iria se apaixonar por você.

-Como ? - falo dando um sorrisinho

-A forma como ele ficou quando você sofreu o acidente. Preocupado. E não era como amigo, era como se perder você fosse uma parte dele indo. Eu não entendi isso, mas era bonito de ser ver

Saber que eu causei um sentimento bom, de uma situação triste, foi o que me alegrou nessa noite. Como eu ficaria sabendo que a pessoa que eu mais gostava estava indo viajar por não sei quantos dias?, eu não sabia como ficaria sem ele. Levantei. Precisava voltar a loud antes que ele viajasse. Leandro pareceu entender, mas ao invés de darmos passos voltando. Tudo ficou preto e estávamos diante da frente da Mansão. Eu havia me teletransportado, eu não, Leandro havia feito isso.

Por Você.....(Conto Gay)Onde histórias criam vida. Descubra agora