Adeus

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Jason

Segurava as mãos dela. Seu toque tão suave. Lembro de muitas das vezes vim aqui e mesmo sem ela saber quem eu era, na maioria das vezes, ela alisava minha cabeça. Passando as mãos por cada fio de cabelo. A quem eu poderia recorrer agora ?. Quem eu iria visitar quase todos os dias da semana?. Será que me acostumaria com a ausência dela?. Não...nada mudaria o fato de ela não está aqui. A dor dentro de mim é cortante e intensa. Como se eu tivesse pego uma faca e de forma interna rasgado toda a pele do meu corpo. Como eu poderia me curar?. Por que não tive mais um tempo?. A vida tinha me tirado a única força de levantar de manhã para encarar o mundo a fora.

-Você tinha que esperar mais um pouco, apenas mais um pouco...

Anos Jason! Sim, anos. Mas eu precisava que ela vivesse para ver o cara que eu iria me tornar. Eu iria lutar dia e noite para achar uma cura. Eu prometi isso a ela mentalmente. E falhei. Sua mão estava quente apenas pelos aparelhos que mantinha seu sangue circulando. Mentalmente pedi que desse me mais um minuto de vida dela. Precisava olhar em seus olhos antes de me despedir para sempre. Mas sabia que isso não iria acontecer. Não tinha poder no mundo capaz de trazer alguém a vida. Não depois de ter dado o óbito. Nem mesmo a medicina que era um "Deus" para mim. Que infantilidade.... Ergui minha cabeça. E pelas janelas encontrei olhos negros me fitando. Por que ele estava aqui?. Jessica!. Será que eu já não havia tido tanto sofrimento. Precisava que meu luto fosse visto agora para servir de sarro nos dias que iriam se seguir?. Quanto mais eu teria que aguentar ela se foi, você está livre Como?. Indaguei meus pensamentos. Como posso esta livre se vivo em uma vida onde depende apenas de mim para se manter vivo, alimentado e vestido. Não tenho pais ricos para me bancar e me saciar sempre que me sentir sedento por algo. Tirei a vista dele. Não queria ser visto dessa maneira, e parecia que ele tinha entendido, pois quando olhei, ele não estava mais lá.

Por volta das duas horas da manhã eu puxei a única coisa que mantinha ela viva, os cabos do aparelhos. Sabia que ela não estava mais lá. Para que apreciar tamanho sofrimento?. Assim que os batimentos cardíacos pararam no monitor, uma enfermeira entrou as pressas. Fiz um gesto para que ela parasse

-Eu puxei - a olho

-Sr...você...

-Acabei com o sofrimento dela. Eu sei o que acontece se eu desconectar ela. Tive meu momento. Acabou

Levantei e saí do quarto. Podia sentir o olhar dela nas minhas costas. Mas não tentou me impedir. A recepção estava quase vazia, tinha apenas uma mãe que segurava sua filha em seu colo. Jessica e nem mesmo Samuel estavam aqui. Melhor assim. Pedi um táxi para casa. Precisava de um banho. Deixar que toda essa mágoa e raiva fosse extraído pela água que escorreria pelo meu corpo. Conforme o taxi percorria as ruas vazias, tudo se passava em câmera lenta. Senti meu celular vibra, mas não tinha ânimo para olhar quem era. E por mais duas vezes ele vibrou até que eu pudesse descer do carro. Olhei a casa de fora. Me dava nojo saber que eu, nem mesmo era teve condições de viver em um lugar que nos desse um pingo de felicidade. Entrei em casa e meu padrasto estava sobre o sofá, como se nada tivesse acontecido. Bebendo e assistindo ao jogo.

-Então ela se foi? - perguntou

Eu tinha mesmo que responder essa pergunta?. Era tão óbvio. Ele sabia mais rápido do que. Mesmo assim ousou tocar, mexer na ferida recém aberta

-É...ela se foi - suspiro

-Era de se esperar. O quadro dela nunca melhorava.

-Você não se importava mesmo com ela. Pra você é fácil falar - retruco

-Ela nem lembrava mais de mim. Sua mãe deixou de esta aqui a muito tempo. Você que gastava nosso dinheiro indo visitar ela e pagando a clínica

-Gastando nosso dinheiro?. Meu!!. Eu trabalhava como um condenado para se manter. Enquanto você bebe e farra

-Não ouse me confrontar moleque imbecil

Foi rápido. Seus passo. Virei meu rosto depois de ser atingido pelo um soco desferido dele. Não iria deixar barato. Ele tinha uma grande parcela de culpa nisso tudo. Avancei para cima dele. Agarrando ele pelo o meio e Jogando sobre o sofá. Embolamos até cair no chão. Acertei um soco no rosto dele

-É sua culpa!!! SUAAAA - grito em meio ao ato

-Você vai me pagar - fala ele me Jogando de lado

Antes que eu pudesse reagir. Tinha seu corpo sobre o meu. Era uma sensação sufocante. Tendo meu peito pressionando contra um preso maior do que o meu. Sinto cada lado do meu rosto ser recebido por algo um pouco sólido. Se eu não revidar ele vai me bater até que eu se torne um ser desconhecido. Passei o tato pelo chão e agarrei a garrafa de vidro que ele estava bebendo. Sem cogitar eu lanço na cara dele. Sinto meu peito se aliviar conforme ele cai ao lado. Levanto um pouco tonto. A casa girava conforme eu tentava ir para o meu quarto. Foi mais rápido do que eu. Sou empurrado contra a porta do banheiro. Ela estava entreaberta, sinto meu corpo colidir sobre o chão. Vejo a silhueta dele vindo em minha direção. Tento me levantar na tentativa de correr. Impossível. Sinto o ar me faltar quando sou atingido por um chute em meu abdômen. Queria ar, mas não encontrava, era meu inimigo do momento. Mais um chute, dois...três...quanta dor o ser humano é capaz de aguentar antes o corpo apagar?. Ergui o braço em redenção, como se aquilo fosse adiantar. Desta vez o sangue espirrou de minha boca com seu ato contra o meu rosto

-Você vai morrer aqui sozinho. Por que você não tem ninguém. É um verme o qual eu alimentei e é dessa forma que eu sou retribuído. Ninguém vai procurar você garoto. Espero que encontre sua mãe o mais cedo possível

Senti algo escorrer pelo meu rosto e cair sobre o chão. Nâo era sangue, mas sim uma lágrima. Era assim que tudo acabava?. Uma morte que levava a outra?. Que boa vida eu tive. Confrontei a minha própria existência antes que eu pudesse apagar. Sabendo que nunca mais poderia acordar...

《Perdão pela demora. Tentarei compensar》❤

Por Você.....(Conto Gay)Onde histórias criam vida. Descubra agora