Part 5

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 Não dormi bem naquela noite, mesmo depois de chorar. Ao fundo o ruído constante da chuva e do vento no telhado não desaparecia. Puxei o velho cobertor xadrez sobre a cabeça e mais tarde coloquei também o travesseiro. Mas só consegui dormir depois da meia-noite, quando a chuva finalmente se aquietou num chuvisco mais silencioso.

Só o que eu conseguia ver pela minha janela de manhã era uma neblina densa, e podia sentir a claustrofobia rastejando em minha direção. Jamais se podia ver o céu aqui; parecia uma gaiola.

O café da manhã com Charlie foi um evento silencioso. Ele me desejou boa sorte na escola. Agradeci, sabendo que suas esperanças eram vãs. A boa sorte geralmente me evitava. Charlie saiu primeiro para a delegacia, que era sua esposa e sua família. Depois que ele partiu, fiquei sentada à velha mesa quadrada de carvalho, em uma das três cadeiras que não combinavam, e examinei a pequena cozinha, com as paredes escuras revestidas de madeira, armários de um amarelo vivo e piso de linóleo branco. Acima da pequena lareira na minúscula sala adjacente, havia uma fileira de fotos. Primeiro, uma foto do casamento de Charlie.

Não queria chegar cedo demais na escola, mas não conseguia mais ficar ali. Vesti meu casaco mesmo que não precisasse, já que eu era uma vampira e saí para a chuva. Olhei para o meu carro, era um Mazda CX5 2021, foi um presente de Kol, para que ela se sentisse da família, ela sabia que Kol nunca gostou dela, apesar de seu pai a amar, Kol dizia que ela era apenas uma das várias vampiras que Elijah já transformou. Ela sabia que isso não era verdade, por que antes de contar sobre sua decisão de morrer ao lado de seu irmão, Elijah lhe mostrou como era ser amada por um pai, e fora que Klaus sempre brigava com Kol quando ele dizia isso. Ela sabia que tão da família Mikaelson como Kol.

Não foi difícil encontrar a escola, embora eu nunca tivesse ido lá. Como a maioria das outras coisas, ficava perto da rodovia. Não parecia uma escola o que me fez parar foi a placa, que dizia ser a Forks High School. Era um conjunto de casas iguais, construídas com tijolos marrons. Havia tantas árvores e arbustos que no início não consegui calcular seu tamanho. Onde estava o espírito da instituição?, perguntei-me com nostalgia. Onde estavam as cercas de tela, os detetores de metal?

Estacionei na frente do primeiro prédio, que tinha uma plaquinha acima da porta dizendo SECRETARIA. Ninguém mais havia estacionado ali, então eu certamente estava em local proibido, mas decidi me informar lá dentro em vez de ficar dando voltas na chuva feito uma idiota. Saí sem vontade nenhuma do meu carro e andei por um pequeno caminho de pedra ladeado por uma cerca viva escura. Respirei fundo antes de abrir a porta.

– Posso ajudá-la?

Meu nome é Isabella Swan - informei-lhe com línguas de sinais, e logo vi a atenção iluminar seus olhos. Eu era esperada, um assunto de fofoca, sem dúvida. A filha adotiva e muda do chefe de polícia finalmente voltara para casa.

– É claro - disse ela. E cavucou uma pilha instável de documentos na mesa até encontrar o que procurava. – Seu horário está bem aqui, e há um mapa da escola. - Ela trouxe várias folhas ao balcão para me mostrar, eu apenas acenei com a cabeça e peguei a papelada e fui para fora novamente, onde o frio bateu em minha pele, eu não sentia fria mas a sensação do frio batendo em minha pele era maravilhosa. Fui até o meu carro e me dirigi para o estacionamento da escola onde a maioria dos carros eram antigos, apenas um carro se destacava entre todos, era um Volvo e agora o meu Mazda estaria sendo destaque da escola também. Desci do carro e me encaminhei para dentro da escola, onde fui para por um rapaz asiático.

– Você é Isabella Swan, não é? - Ele parecia direitinho o tipo prestativo de clube de xadrez.

Bella – corrigi e ele apenas me encarou com um pedido de desculpa em sua cara.

– Eu sinto muito por não saber línguas de sinais, então não sei o que você me falou, mas tenho uma amiga que entende. – fala e reviro os olhos, pego um caderno que estava na sua mão e escrevo que era para me chamar apenas de Bella.

– Oh sim, claro Bella... então posso vê suas aulas? – pergunta eu aceno e entrego seu caderno e meu mapa de aulas.

– Hmmm, educação cívica, com Jefferson, no prédio seis. - fala ainda olhando para o papel em sua mão.

– Vou para o prédio quatro, posso mostrar o caminho... – Sem dúvida, superprestativo. – Meu nome é Eric – acrescentou ele e eu apenas acenei novamente. Acho que conversar com alguém nesta escola será bastante difícil, ao que parece nem todos se empenharam em aprender língua de sinais.

Caminhamos de volta ao redor do refeitório, para os prédios ao sul perto do ginásio. Eric me acompanhou até a porta, embora estivesse claramente marcada.

– Bem, boa sorte – , disse ele quando toquei na alça. – Talvez nós tenhamos algumas outras aulas juntos. – fala e aceno e lhe dou um tchau com a outra mão ainda segurando o papel com o mapa e as aulas.

Depois de duas aulas, comecei a reconhecer vários rostos. Sempre havia alguém mais corajoso do que os outros que se apresentava e me fazia perguntas sobre como eu estava gostando de Forks, eu respondia e todos me olhavam culpado por não conseguir entender, fico me perguntando o por que de vir conversar comigo sendo que não sabe língua de sinais. Tentei ser diplomático, mas principalmente menti muito, sobre a minha família real. Pelo menos nunca precisei do mapa.

Uma garota se sentou ao meu lado em ambas as aulas de trigonometria e espanhol, e ela me acompanhou até o refeitório para almoçar.

Ela era minúscula, vários centímetros mais baixa do que meus cinco pés e quatro polegadas, mas seu cabelo escuro encaracolado descontroladamente compensava a diferença entre nossas alturas. Eu não conseguia lembrar o nome dela, então sorri e balancei a cabeça enquanto ela tagarelava sobre professores e aulas. Fiz o possível para acompanhar, mas encontrei a maior parte das informações entrando por um ouvido e saindo pelo outro.

Sentamos na ponta de uma mesa cheia com vários de seus amigos, que ela me apresentou. Esqueci todos os nomes assim que ela os pronunciou, embora tivesse certeza de que os aprenderia com o tempo. O garoto da Inglaterra, Eric, acenou para mim do outro lado da sala. Foi lá, sentado no refeitório, tentando conversar com sete estranhos curiosos, que os vi pela primeira vez.

Eles estavam sentados no canto do refeitório, o mais longe possível de onde eu estava sentado na longa sala.

Havia quatro deles. Eles não estavam conversando e não estavam comendo, embora cada um tivesse uma bandeja com comida intacta na frente deles. Eles não estavam me olhando boquiabertos, ao contrário da maioria dos outros alunos, então era seguro encará-los sem medo de encontrar um par de olhos excessivamente interessado. Mas não foi nenhuma dessas coisas que chamou e prendeu minha atenção.

Eles não se pareciam em nada. Dos três meninos, um era grande - musculoso como um levantador de peso sério, com cabelo escuro e encaracolado. Outro era mais alto, mais magro, mas ainda musculoso, e loiro mel. O último era esguio, menos volumoso, com cabelos desgrenhados cor de bronze. Ele era mais infantil do que os outros, que pareciam estar na faculdade, ou mesmo professores aqui, em vez de alunos. A menina era parecida com um pixiel, magra ao extremo, com traços pequenos. Seu cabelo era de um preto profundo, cortado curto e apontando em todas as direções. Cutuco uma menina que estava ao meu lado e era a única que me entendia;

Quem são eles? – pergunto.

– Esses são Edward e Emmett Cullen, Jasper Hale. Quem saiu foi Alice Cullen; todos eles vivem junto com o Dr. Cullen e sua esposa. – fala baixinho e se encolhendo na cadeira ao meu lado. Eles eram os vampiros que Charlie tinha comentado quando cheguei.

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