Capítulo 3 - Expectations

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Dois meses haviam se passado desde a noite maldita em que eu havia sido pego me masturbando dentro daquele almoxarifado velho, para segundos depois receber o primeiro e único boquete da minha vida. Algo que fez meus nervos aflorarem, empregnando minha alma com a pior das tentações, o sexo sigiloso e proibido.

E desde então, tudo se resumia a longas noites de sexo intenso, semana após semana, tudo sendo incluso no pacote que ambos havíamos assinado, adeptos a uma novo conceito sobre o amor.

Só que de fato, nenhuma de nossas memórias eram boas o suficiente para continuarem vívidas dentro do meu coração. Se tocando de que todas as vezes em que havíamos feito sexo, nenhuma delas tinha sido especial o bastante, estando ligada ao fato de que nem estivemos sobre um lugar decente para tudo isso. Uma cama de hotel, seria um bom exemplo.

E quando tentei explicar isso a Vênus, de que gostaria de algo mais carnal e espiritual, ela me propôs que fizéssemos um acordo casual. Que se eu verdadeiramente estivesse afim de ter algo sério com ela, teria que concordar com sua idéia de provações divinas.

A principio não entendendo nada, imaginei que talvez fosse uma loucura boba que todo casal fazia algum dia na vida. Mas ao prestar atenção com mais afinidade ao que ela tinha à me dizer, percebi que se assimilava a uma promessa.

Que se eu realmente fosse submisso ao seu amor, deixaria ela me mostrar que Deus de fato era uma mulher. Uma força universal maior do que tudo nesse mundo, se baseando no princípio feminino autoritário. Comprovando a existência de força, junto dos intelectos femininos de persuasão e superioridade.

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E como o prometido, lá estava eu feito um idiota, na esperança de saciar seus desejos. Parado no mesmo corredor do hotel que Vênus havia me mandado ir horas antes, ao nos encontrarmos para um breve café da tarde. Nada muito chamativo, para causar desconfianças nos outros alunos do campus.

Tudo com a idéia dada por ela de aproveitarmos a noite inteira só para nos dois, já que ela não teria que dar aulas essa noite, nem na manhã seguinte. Se possível teria o dia inteiro para descansar da noite que ela esperava ser um verdadeiro estouro, entre a gente.

Mas mesmo tendo a chance de ficar com meus pensamentos uns poucos minutos antes de bater à porta do apartamento de Vênus, eu não conseguia me esquecer do quão abalada ela parecia estar durante o café dessa tarde. Totalmente inexpressiva em relação à mim, ficando sempre de cara abaixada, ou olhando para os lados feito um cachorro assustado ao canto.

Lembro-me bem também de como segurei a sua mão e jurei que tudo ficaria bem, mesmo ela não querendo me contar o que havia acontecido de verdade. Tentei descobrir com o máximo de sutileza possível, mas nem isso foi necessário capaz de fazê-la abrir a boca. Algo de estranho havia acontecido desde o nosso último encontro, porém não tinha forças para contar de fato o que eram, para mim.

Tocando a campainha, ouvi quando um leve barulho apitou no interior do quarto, seguido por passos velozes que corriam de um lado ao outro. Algo de interessante parecia estar ocorrendo lá dentro. Só esperava que a diversão não começasse sem mim.

Fiquei na expectativa de que ela estivesse terminando de organizar alguma surpresa romântica para mim, algo que Vênus não gostaria de mostrar por incompleto, e que por isso talvez estivesse demorando para me responder.

-Entre... - gritou a voz de Vênus, ecoando do interior de seu apartamento até chegar ecoando no ambiente externo aonde eu me encontrava parado - só estou terminando de me arrumar.

Atendendo ao pedido que vinha de dentro do quarto, empurrei a porta com o máximo de cuidado possível, relutando com a ambiguidade do momento que se seguiria, concluindo que sua fechadura ficava aberta para qualquer um que chegasse e já quisesse ir entrando, diretamente, algo que achei muito perigoso para uma mulher que morava sozinho.

Deus é uma Mulher (O conto) - John Victor RochaOnde histórias criam vida. Descubra agora