Deus é uma Mulher (O conto) - John Victor Rocha

Capítulo 4 - More Than That - M.T.T.

Dizem os estudiosos, que o poder que um orgasmo possui sobre nossos corpos, é estrondoso, à níveis tão prazerosos que consigam nos relaxar em poucos segundos, tudo por conta do quão provocativos se tornam a nossa mercê.

Ela estava certo. Vênus sempre seria a primeira experiência carnal. Deixando para trás de vez, todas as minhas tentativas fracassadas de sexo virtual, na esperança de conseguir sempre obter o mesmo prazer que o convencional proporcionava.

Nem que eu quisesse, jamais conseguiria esquecer como havia sido minha primeira noite com uma mulher de verdade. O cheiro delicioso que seu corpo tinha, o movimento que suas belíssimas curvas faziam. Sem contar o lindo significado das palavras que sua magnífica boca produziam, tudo para me deliciar com o prazer de sua voz.

O jeito como Vênus tinha de somente ela saber rebolar aqueles quadris em mim, era enlouquecente. Jamais exitando ao sentir o toque de desejo, sabendo que meu corpo ansiava para tê-la em meus braços, e transformar tudo em um perfeito conto de fadas.

Durante noite passada, tudo não conseguia se refletir em minha mente apartir dos momentos serenos que passamos juntos à cama, em meio às mil promessas de amor que ela havia me feito nos lençóis amassados. Prometendo a todo custo que ficaríamos juntos para sempre. Que nosso amor sobreviveria a qualquer preconceito que tentasse nos separar.

Vênus havia me proposto com avidez, e confirmado com convicção que Deus realmente era uma mulher, e ela estava certa. Vênus era Deus...

...E Deus era uma Mulher...

E acordar aquele dia ao seu lado, sabendo que ela estaria pronta me esperar todo dia, transformou aquela cama em um refúgio do qual eu jamais gostaria de sair. Ficar ali com ela a manhã inteira na cama seria mais do que esplêndido, seria extraordinário.

Mas de repente, senti que algo não parecia estar tão acolhedor como antes. Transformando toda a nossa pequena bolha de calor, em um paredão de gelo, afastando à cada um de nós para as extremidades opostas de um iceberg.

Recluso, imaginei ter ouvido um som diferente no meu sonho, algo de forma que me fez saltar sobre a cama e checar para ver se minha amada continuava bem ao meu lado.

Mesmo que dando uma breve olhada pelos cantos e vendo que Vênus continuava quieta em seu canto, cheguei para mais perto e a abraçei de um jeito que desse para ficarmos assim, de conchinha por um tempo.

-Vênus... - chamou alguém junto a porta - EI VÊNUS, abre logo de uma vez a porra dessa porta - continuou a chamar uma voz estrondosa, batendo dessa vez contra a porta.

-Acorde Vênus...- chamei-a silenciosamente, mexendo de leve sobre a cama para não acordá-la de supetão. Seria perigoso acordar alguém em estado de susto, depois de uma noite tão maravilhosa. Imaginei que se tratando de tanto alvoroço, poderia ser algum amigo seu, ou até mesmo um ex-namorado junto a porta. Precisava tirar conclusões sobre isso.

O mínimo que consegui fazer para tentar acordá-la outra vez, foi mover-me devagar ao seu lado e dar um pequeno beijo nos seus longos cabelos negros, que no momento se encontravam desengreados por conta da noite de sexo pesado.

Só que nem isso foi o suficiente para tirar a beleza real de Vênus. Havia algo nela que era fabuloso, e se tratando daquela mulher. Tudo seria perfeito pelo resto da minha vida, e se Deus quisesse seria junto dela ao meu lado.

Mas ao levar minha mão em direção à seu braço descoberto, senti o frio gélido que correu direto de sua pele para dentro de minha carne, me petrificado feito uma múmia ao seu lado. Ela se quer se mexia, ou dava algum sinal de estar respirando.

Por impulso, levei dois dedos meus para região logo abaixo da cabeça dela e procurei encontrar a região capaz de se medir os batimentos cardíacos. Mas ao relar minha pele contra a maciez de seu pescoço, senti o choque gélido vir com tudo para cima de mim.