O DIAGNÓSTICO E EXAMES.

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O DIAGNÓSTICO.

Desde que eu era adolescente, sempre trabalhei fora. Nunca me dei ao luxo de ficar "cobrando" as coisas dos meus pais (se é que filho tem esse "direito") então desde cedo sempre procurei estágios e depois de certo tempo, emprego. Com isso, mesmo depois de ser mãe, continuei sempre trabalhando e minha mãe me ajudando cuidar do CAMPEÃO.

Quando CAMPEÃO nasceu (17/03/2012), não havia de forma aparente, nenhuma deficiência. Lembro que quando eu estava gestante, eu sempre fazia mousse e, estranhamente (não sei se é normal isso) quando o liquidificador funcionava, ele parecia querer sair de mim... porque sei lá... talvez o barulho / som do liquidificador o incomodava bastante por minha barriga (com ele dentro rsrsrsrs) estar na reta da mesa, muito próximo ao eletrodoméstico. Enfim... na real não sei dizer se isso pode ser já algum sinal do autismo... pois nunca lembrei de perguntar aos médicos. Mas penso ser interessante compartilhar essa vivência.

Fora essa situação, desde a maternidade, foi um bebê, de certa forma tranquilo, não chorava tanto; rejeitava todas "chuquinhas" com chás de erva doce (que é uma das recomendações quando a criança aparenta cólica intestinal); sentia mais conforto quando estava em seu berço do que quando estava no colo; e tinha uma "mania" e esticar os braços e pernas como se estivesse com "frenesim" e inclinava levemente para trás; ele recusou mamar no peito aos 10 meses, como se sentisse um desconforto em ficar ali, grudado em mim enquanto amamentava.

No ano que CAMPEÃO completou 02 aninhos de vida, eu tive a oportunidade de ficar em casa cuidando dele o dia todo, pois não trabalhei fora nessa época.

Foi quando fiquei cuidando dele 24 horas por dia.

Como eu tenho vários sobrinhos e acompanhei o crescimento de quase todos eles, comecei a perceber que o CAMPEÃO estava apresentando uns comportamentos fora do "padrão regular" que meus sobrinhos tinham crescido.

- Percebi que ele evitava olhar em meus olhos;

- Ele pulava com uma frequência fora do normal (tanto é que quando ele parava em pé se apoiando no berço, pulava tanto que quebrava as madeiras que sustentavam o colchão do berço dele);

-  balançava as mãozinhas várias vezes (estando feliz ou triste) mexendo com os dedinhos (ao mesmo tempo que balançava) e muitas vezes ficava como se estivesse admirando suas mãos, fixando o olhar sobre elas;

- Brincava de forma não habitual com seus carrinhos: virava o carrinho de cabeça para baixo pra ficar girando as rodinhas; várias vezes ele fazia isso com o próprio carrinho de bebê que eu usava para carregá-lo;

- Focos de luz: ele ama ver luzes, fica fixado;

- Ventiladores: ele ama ver a hélice girando;

- Tapava com muita frequência os ouvidos quando estávamos em locais públicos ou em casa mesmo quando fazia algum som muito alto como ligar liquidificador ou som alto;

- Por diversas vezes eu percebia (e hoje assisto os vídeos e isso é muito nítido pra mim) que ele "não ouvia" quando eu o chamava;

- Nunca tinha pronunciado qualquer palavra que fosse: "mama", "papa", "agua", nenhuma palavra ele falou até os dois anos (na realidade, falou a primeira palavra mesmo no dia das crianças de 2015 "Dinossauro", pois assistia muito Pepa Pig e, sem seguida, a segunda palavra foi "mãe" no Natal de 2015, depois que já tinha começado a fazer as terapias);

Então, desde janeiro de 2014, fiquei por 6 meses observando essas características diferentes nele e como não estava morando em nossa cidade de origem, não tinha nenhum profissional que eu conhece, e na verdade, eu nem sabia quem procurar para me ajudar com essas dúvidas que eu tinha.

Fiquei observando e pesquisando na internet, digitava essas características que descrevi anteriormente aqui, e aos poucos, fui pesquisando, até que assisti um vídeo que passou no Fantástico, com o Dr Drauzio Varela em uma série que falava sobre AUTISMO. Aos assistir aqueles vídeos (ainda morando em outro Estado) parece que de certa forma minha "ficha" estava começando a "cair" (como diz o ditado) e comecei a ver claramente muitas diferenças que ele apresentava no desenvolvimento, em referência aos meus outros sobrinhos (a mais velha deles está com quase 30 anos).

Foi ficando nítido para mim, naquele momento, que eu precisava correr atrás de alguma resposta para todas aquelas "coisinhas" diferentes que meu filho estava apresentando no cotidiano.

Foi então que em julho de 2014, percebi a necessidade de voltar para nossa Cidade de origem e comecei a conversar com os familiares, para tentar ver por onde começaria essa busca de ajuda profissional. E nisso, fiquei mais 6 meses trabalhando um pouco mais em "mim", pois psicologicamente não é fácil para uma mãe saber que seu filho precisa de ajuda, e pior de tudo, é não saber por onde começar a providenciar essa ajuda... fiquei esse segundo semestre de 2014 também trabalhando os familiares, pois quase todos não entendia que CAMPEÃO precisava de ajuda, pois sempre visivelmente parecia um menino saudável, com uma aparência muito linda (sou suspeita de falar assim, rsrsrsrs) mas que nem imaginavam o "iceberg" por baixo daquela fisionomia "aparentemente sem deficiência" do nosso CAMPEÃO.

Nessa época então, com indicação dos nossos familiares, terminou que coincidiu uma viagem até outro Estado, em que foi indicado que havia lá um Neurologista que pudesse nos orientar. Dito e feito! Com a ajuda e auxílio dos nossos familiares (que graças ao Bom Deus SEMPRE estão ao nosso lado apoiando)  fez essa consulta. Profissional excelente, passou pedido de uns exames para fazer para tão somente "descartar" outras síndromes ou outras formas de deficiências que pudesse existir nele, pois de início, na consulta ele já havia notado claramente o Transtorno do Espectro Autista no CAMPEÃO!

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OS EXAMES.

O Autismo (Transtorno do Espectro Autista) é diagnosticado clinicamente, tomando como referência as características que o indivíduo apresenta num geral e existem formulários específicos que auxiliam nesse diagnóstico. Em razão de o diagnóstico ser clínico, são feitos algumas exames para descartar outras possibilidades, vários exames foram solicitados pelo neurologista/psiquiatra, tais como exames para identificar se havia:

Síndrome do X-frágil;

Cariótipo;

Tomografia do crânio;

Ressonância magnética do crânio;

Exame Bera (fonoaudiologia);

Porém, em todos os exames que o CAMPEÃO fez, não houve qualquer alteração significativa, tão somente na tomografia que identificou "assimetria ventricular estando maior um pouco do lado esquerdo" sendo sido considerado dentro da normalidade dos exames.

O AUTISMO é um transtorno que afeta o desenvolvimento da linguagem nos processos de comunicação, na interação e comportamento social da criança. Atualmente, estima-se que 70 milhões de pessoas no mundo todo são autistas e, segundo a OMS (Organização Mundial da Saúde) com relação ao Brasil o número de autistas passa para 2 milhões.

O autismo, segundo pesquisas, atinge ambos os sexos e todas as etnias, porém o número de diagnósticos é maior entre o sexo masculino (a cada 5, 1 apenas é menina). Daí a cor Azul ser o símbolo de identificação do Autismo. Na realidade HOJE (2021) essa estimativa é um tanto controversa, tendo em vista que há sim muitas meninas sendo diagnosticadas autistas, bem como está ocorrendo uma quantidade expressiva de diagnóstico tardio em mulheres jovens e adultas. Essas são "discussões" / informações para uma possível nova publicação.

O transtorno não possui cura, porém quando diagnosticado precocemente, ou seja, quanto mais cedo for diagnosticado o Autismo e quanto mais rápido iniciado o tratamento com as terapias, os resultados podem ser positivos, independente da situação de cada autista que ao seu tempo, vai conquistando seus próprios desafios.

Com isso, após o CAMPEÃO fazer toda essa bateria de exames e realmente definido o diagnóstico, começou a parte da "assimilação" (aceitação) dessa nova fase.

CAMPEÃO (Diamante Azul). Vivência com o diagnóstico do Autismo.Onde histórias criam vida. Descubra agora