Quases

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A cidade era um caos às duas da manhã. Embora a madrugada toda costumasse ser repleta de movimento, o momento perfeito pra que os vilões se perdessem pelas ruas e começassem a dar trabalho aos responsáveis por manter a segurança dos civis, aquele horário em específico era o ápice da criminalidade. Exatamente por isso, [nome] parecia tão atenta durante a patrulha, ainda mais pelo fato de não estar sozinha, mas, sim, acompanhada por dois estagiários mais novos e inexperientes.

 Exatamente por isso também é que o rosto dela perdeu a cor ao se deparar com o brilho azulado e familiar das chamas de Dabi.

— Finalmente um que vale a pena! — exclamou um dos estagiários, o de cabelos claros e espetados e olhos vermelhos como brasa, não se demorando muito nas preparações e logo partindo pra cima do homem de cabelos escuros.

— Não — interviu a pro-hero, repentinamente. — Eu cuido dele, vocês ficam com os outros — garantiu, estendendo um dos braços na frente do corpo do loiro de ânimos à flor da pele. Katsuki, à contragosto, intercalou a atenção entre a pro-hero e os olhos caídos de um azul elétrico do vilão, que sorria, debochado. Com um rosnado, o loiro se afastou.

— Molho de soja, cacete, vem logo! — exclamou, depois de sair pelo ar, movendo-se a partir das explosões geradas pelas palmas das mãos e fazendo o Hanta segui-lo, em disparada, atrás dos peixes menores.

[nome] confiava nas habilidades dos estagiários escolhidos o suficiente para saber que, pelo naipe dos criminosos que os mandara perseguir, a dupla da UA não teria grandes problemas naquela missão. Mesmo assim, respirou fundo, não pretendia demorar muito ali.

— Vai mesmo cuidar de mim? — questionou o moreno, sem sequer se preocupar em disfarçar o tom malicioso. Não que fosse adiantar de muita coisa, já que, mesmo que a voz fingisse inocência, o sorriso ladino nos lábios parcialmente queimados denunciava suas reais intenções.

— Vai pro inferno — ela resmungou, finalmente relaxando os ombros e deixando a guarda baixa. A voz baixa do rapaz de cabelos escuros soou em uma risada enquanto ele se aproximava a passos lentos, as mãos, anteriormente postas para o ataque, enfiadas nos bolsos do sobretudo preto, e a coluna inclinada na direção dela.

— Se quiser ir comigo — blefou, com a breguice costumeira, e a mulher balançou a cabeça negativamente, sentindo o nariz alheio tocar o seu.

A respiração de [nome] perdeu o ritmo milésimos de segundo antes de sentir os lábios tocarem o canto de sua boca. 

Sempre que se encontravam, era a mesma sequência de acontecimentos: o desgraçado a provocava insistentemente, mantendo-se fiel aos "quases" até que ela se visse na necessidade de tomar alguma iniciativa. Quase a beijava, os toques eram quase despudorados, as palavras eram quase explícitas.

O selar no canto dos lábios durou pouquíssimo tempo, sendo acompanhado de uma pequena trilha deles, que descia da boca feminina à linha da mandíbula e, só então, ao comprimento do pescoço. À essa altura, uma das mãos do moreno já se encontrava na nuca da super-heroína, enquanto a outra deslizava, sorrateiramente, pela cintura alheia.

— Vai demorar muito nessa? — indagou [nome], sentindo o rosto queimar ao ter os olhos azulados voltados para si.

— Pra quê tanta pressa? — questionou, afastando-se do pescoço já sensibilizado para encarar, de frente, a face da pro-hero, pendendo a cabeça para o lado e arrumando uma mecha solta do cabelo feminino. — Até parece que estamos fazendo alguma coisa errada — comentou, cínico, com a mesma expressão neutra de sempre, segurando a face alheia e, finalmente, unindo os lábios aos da mulher.

O aperto na cintura foi intensificado, puxando o corpo contra o seu. A mão ali presente movia-se sem rumo, como se fosse a primeira vez que explorava a curva das costas da pro-hero, embora nenhum dos dois fosse capaz de contar quantas vezes os digitos passearam por aquela região.

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⏰ Última atualização: May 04 ⏰

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