33

7 0 0
                                    

— Não  aceito ser tratada dessa maneira negligenciada por ninguém!

Com a faca cintilante, linda e gelada, Heavenly Mary e sua saia lápis cor de pele. Nude. Subiu as escadas decentemente, desinibida, sensual, impecável. Com seu vestido encarnado, desfilava pelo corredor, linda, imperial, rasurando a pintura da parede enquanto arrastava a ponta da faça por onde passava.
— Agora eu  não sou mais uma mulher incompleta. Eu sou viúva. Vou subverter o mundo com minha experiência aterradora  e sufocante. Fingindo ser a realeza que eu não sou. Uma pobre coitada. Arrumando as sala para receber as visitas ricas, enquanto os quartos descascam de infiltração por todos os lugares. Me perdoa querido, se eu não sei fritar ovo em água, é que eu gosto de saturação e saturar me faz ser. Sou o meu ser o tempo inteiro, intrigante e razoável, feito assobios de criança. Um apito ultrasônico liberando ondas resonantes a ouvidos captantes. Quem sou eu querido? Quem sou eu, meu bem?
Maria Celeste, cruzou a porta do quarto onde o marido trabalhava com home office e o agarrou pelo cabelo enquanto o coitado do marido Calisto
— Luiz Calisto Bonifácio Oliveira —, homem íntegro  e provedor. Bom pai, presente e respeitado.  Trabalha com home office — com o já foi dito — para uma empresa de contabilidade. É contabilista desde 1999, um dos que resolve casos difíceis,  por que a sua eficiência é poderosa. Homem bem apessoado que fazem mulheres o desejarem em segredo. Heavenly Mary, agarrada a seus cabelos já meio grisalhos, o esfaqueou enfurecida.

Em meio a gritos e respingos de saliva de palavras ditas de forma brusca e animalesca Heaveanly Mary sorria esfaqueado seu marido babaca.

— Por que (facada) você (facada) não  (facada) foi (facada) tomar (facada) a  (facada) porra (facada) da (facada)  sopa (facada) meu (facada) amor?  (facada).
Foram ao todo 33 facadas no coração e na garganta do marido, sujando tudo ao redor com o sangue quente e vermelho como vinho. A cabeça pendendo para o lado direito, olhos revirados meio entreabertos, boca em expressão de sufocamento, língua roxa, beiço branco.
Calisto morreu de forma agonizante porém rápida. Como se uma agulha o furasse infinitas vezes e isso o fizesse respirar o seu próprio sangue até morrer. Heavenly Mary estava feliz. Realizada, com seu sorriso vilanesco. Sentia-se estonteante, maravilhada, uma mulher única que deveria receber um prêmio por ter acabado com esse desserviço humano.
— Fiz um favor à humanidade estrangulado meu amorzinho querido  traste imprestável velho mendigo do caralho. Agora me sinto como uma governanta assassina, que estrangula masculinidades fragilizadas e executa parceiros, eventualmente, como a fêmea do louve-a-deus. Eu sou uma semente que vingou no seu coração  e sufocou sua burrice meu amor. Eu me sinto como uma rainha reconquistando seu castelo. Como um herói recuperando sua cidade. Sinto que vou explodir de alegria genuína e me transformar em pó brilhante de felicidade. É uma delícia pra mim mesma repetir com todo fervor e mãos manchadas: — Eu matei esse imbec...

A SopaOnde histórias criam vida. Descubra agora