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                "Mas porque é que não fazes nada de jeito? Porquê? És um monte merda que anda aí." Começou. Era estranho se eu não acordasse com gritos. Depois ainda se queixam do meu humor matinal. "Viste as horas que chegaste ontem? Deves estar a gozar com a minha cara."

                "Mas tu calas a puta da boca? Ainda agora acabei de acordar e já estás a gritar. Fodasse." É para veres o que eu sofro com vocês. Levantei-me da cama e fui até à casa de banho. Não vejo a hora de estar fora desta casa.

                "Dói-te a cabeça, é? Estás de ressaca? Bem-feita, ninguém te mandou ir para as putas." Fecho os olhos com força enquanto a água escorrega pelo meu corpo. Lavo-me e saiu da banheira. Visto-me ao som dos gritos dos meus pais e desço as escadas. Nem tento dizer os bons dias pois sei que vou ser ignorado, como sempre.

                "Mas quem é que foi para as putas? Eu tive a noite toda a trabalhar para enfiar dinheiro no teu rabo, sim porque não fazes mais nada do que gastares o dinheiro que eu ganho." Respirei fundo e fui até à cozinha peguei numa maça dando uma trinca na mesma.

                "Oh pois como se eu não trabalhasse e não ganhasse o meu próprio dinheiro." Estou farto de gritos, às vezes só me apetece dar um soco aos dois. Estou tão, mas tão farto. Saiu de casa batendo com a porta para saberem que sai. Isto é assim desde dos meus... esquece, é mesmo desde que me lembro, ou seja desde que nasci. Sempre discussões para lá e para cá. Eles não querem saber de mais nada senão discussões e trabalho, trabalho e discussões. Eles não querem saber se eu fumo droga, se eu bebo, se eu roubo, se eu me prostituo, se eu estou bem, se eu estou vivo. Eles apenas não querem saber de nada, só deles. Às vezes pergunto-me porque é que eu ainda estou aqui, porque é que eu nasci, porque eu a ter uma vida de merda, porque é que sou eu a ter uns pais de merda e não os outros, porquê eu? Porquê? Eu até chorava, se tivesse lágrimas. Passei toda a minha infância e metade da adolescência a chorar, a ouvir gritos que agora já não tenho lágrimas e os gritos, com muito esforço, são ignorados. Queria tanto ser igual aos outros com um sorriso na cara, felizes, com uma boa família, com amor e carinho. Em vez disso eu apenas tenho desprezo e ignorância. Eu posso ter uma mãe e um pai em casa, mas eles nunca me criaram, eu tive que crescer sozinho, não totalmente sozinho, a minha irmã mais velha deu-me uma pequena ajuda. É a única que se importa realmente comigo.

                Já consigo ver a faculdade daqui. A faculdade é o meu único refugiu, não da melhor maneira, mas é. Eu gosto da faculdade, eu gosto de estar nas aulas, porque nelas eu não penso nas merdas que tenho em casa. Eu fodo cada gaja que me aparece à frente, não faço por mal, apenas quero esquecer-me dos meus problemas e foder gajas fúteis da faculdade faz-me esquecer por momentos, eu fumo, eu vou a festas da faculdade tudo para esquecer os pais de merda que tenho. Pratico andebol na faculdade, é nos treinos e nos jogos que eu descarrego toda a minha raiva, ódio pelos meus pais e frustração.

                 Estaciono o carro que os meus pais, milagrosamente, lembraram-se de me dar nos meus 18 anos. Sai do mesmo e caminhei, vagarosamente, até à entrada da faculdade. Tinha as mãos dentro dos bolsos, hoje estava vestido como sempre estou, com as minhas skinny jeans pretas rasgadas nos joelhos, uma t-shirt branca simples, um casaco comprido preto e as minhas habituais botas. Cheguei ao pé dos meus amigos, todos eles estavam a fumar, como sempre.

                "Bom dia." Todos eles me responderam.

                "Meu, já viste as miúdas novas? Jesus, são cá uma brasa." Louis diz fazendo com que eu sorrisse. Louis é o meu melhor amigo desde que me lembro. Sempre esteve lá para mim, é um grande apoio. Eu estou no segundo ano do curso de letras, simplesmente amo escrever e ler, mas mais escrever. Eu posso escrever tudo o que sinto num pedaço de papel que eu sei que ele nunca me vai desiludir e contar a outra pessoa ou espalhar por todas as pessoas.

                "Olá Harry." Diz uma miúda com um sorriso estupido na cara ao passar por mim. Eu limito-me a desviar o olhar dela e olho para o meu grupo de amigos. Eu não a conheço de lado nenhum, ou deve ser uma miúda com a amiguinha aos saltos ou se calhar foi uma miúda que eu já comi na arrecadação da escola. Ela apenas baixa o olhar e começa a andar para dentro da escola. Não, eu não sou simpático, não o consigo ser e não o quero ser. Não tenho uma boa vida e família para andar com sorrisos estúpidos na cara, não sou feliz, porque é que eu hei-de mostrar uma coisa que não sou. Assim ficam todos a saber com quem podem contar e comigo com certeza que não podem.

                "Nem vou comentar o facto de que a miúda mais boa da universidade te veio falar." Louis coloca um braço em cima dos meus ombros. "Vamos lá limpar a vista com as caloiras." Risse e eu acompanho-o na risada. Entramos na escola e começam os habituais olhares sobre mim e o Louis. O Louis é o típico rapaz social, alegre, sorridente, engraçado. Eu considero-me social e antissocial, pois todos na escola conhecem-me, mas eu não falo com ninguém. Limito-me a estar no meu canto, não quero saber da vida feliz e cheia de rosas dos outros, não quero saber se tiveram uma discussão estupida com os pais, pois todas essas coisas irritam-me porque enquanto eu dava tudo para ter uns pais como deve ser, os outros apenas limitam-se a discutir com eles sobre coisa fúteis e sem importância.

                "Então hoje há alguma festa?" Estávamos quase a chegar ao pavilhão de letras.

                "Sabes que sim, mano. É o início do primeiro semestre, há sempre festas." Sorriu. Não há festas melhores do que as do início dos semestres. Há festa no inicio de todos os semestres.

                "Conta comigo." Dei-lhe uma pequena palmada nos ombros e entrei dentro do meu pavilhão. Iria ter literatura, se não me engano.


        Oláa, aqui está a mina nova história espero que gostem dela tanto como eu estou e vou gostar de a escrever e espero que a sigam, como já tinha tido vai ser uma historia diferente da Survival, estou com um pouco de medo de que vocês não gostem, mas vou arriscar. E bom, por ultimo quero saber o que acharam deste capitulo e se acham se vai prometer ou não e as coisas que vocês sabem que nós, as escritoras gostamos, muahahahah

Obrigada mais uma vez á escritora da Dark Jeans e Worn Jeans(Sequel) (aconselho a lerem-na ahah são brutais), por fazer a capa desta história. 

OBRIGADA POR TUDO <3

Shelter //  H.S HIATUSOnde histórias criam vida. Descubra agora