Pequeno barco

146 17 1
                                    

Sinopse: Sam tem pensado sobre a vida e sobre se estabelecer. Ele sabe que o mundo ainda precisa de muita ajuda, há muita bagunça e ele está à disposição, mas ainda pensa em se estabelecer. Ainda pensa muito em Bucky.

----



"Sabe o que? Você deveria ficar"

Sam desvia o olhar para a margem. Ele balança as pernas, sentando no píer ao lado de Bucky.

"Oh, aquele sofá ainda está lá por mim?", o ex-soldado está olhando para ele. Sam ri e mantem o olhar.

"Talvez possamos dividir meu antigo quarto dessa vez...", e é Bucky quem desvia o olhar e encara a margem. Ele pega a garrafa de cerveja sobre o píer e bebe na tentativa de aplacar o calor que o convite de Sam provoca em seu peito.

Aos olhos de Sam, Bucky parece tenso. Ele espera em silêncio, não tem a intenção de voltar atrás com o pedido. Sam quer que Bucky fique, ele realmente quer.

"É só uma ideia...", ele murmura contra a boca da garrafa. Sam quer que Bucky fique, é a única coisa que ele tem em mente, mas obriga-lo não está nos planos. O que quer que aquilo seja, uma parte de Sam – que ele tenta ignorar – espera que seus pensamentos estejam em sintonia e Bucky queira ficar ali com ele, por ele.

"Eu gosto da sua ideia"

"Sim?"

"Sim. É uma boa ideia"

***


Crescer no Harlem estava fora de cogitação. Mudar após a morte do marido era a unida opção de Darlene. Seus filhos não cresceriam sem o pai naquele bairro. Ela sabia que se não fosse embora iria perde-los também.

A vida não tinha proporcionado á eles os dias mais tranquilos, mas o Sr. e Sra. Wilson sempre se esforçaram para educar seus filhos e não deixar que nada faltasse a eles. Paul trabalhava com fabricação de metais em Harosa, enquanto Darlene trabalhava como diarista do outro lado da cidade. Sam e Sarah aprenderam sobre responsabilidade muito cedo. Ele a levava e buscava na escola, e sabia bem onde deveria manter os pés. O almoço era preparado e congelado para eles, mas no jantar era sagrado que todos estivessem a mesa. No coração do Harlem, naquele apartamento, Sam com 9 anos e Sarah de 6, aprendiam a maior e mais preciosa de todas as lições, cuidar da família.

Sam sempre sabia quando as coisas não iam muito bem. Darlene achava isso uma benção e uma maldição. Muitas noites suas lágrimas não eram apenas as preocupações diárias, como o aluguel ou as contas para pagar. As vezes era pela dor de não poder protege-los daquela realidade. A realidade em que ela e Paul cresceram, a que eles conheciam e não queriam para seus filhos.

Paul, sempre muito paciente e amável, acolhia e acalmava sua esposa em dias assim. Eles eram uma dupla e tanto criando seus filhos para voar mais alto. "Um dia de cada vez querida", Paul todas as manhãs, antes de sair para o trabalho "Um dia de cada vez", ele beijava a testa de Darlene, espiava as crianças ainda dormindo no outro quarto e seguia para mais um dia agitado na fábrica. Sempre com um sorriso no rosto, sempre com esperança.

"Um dia de cada vez", foi o que ela disse para as crianças no cemitério, diante da lápide do marido e pai das crianças. "Um dia de cada vez", foi o que ela murmurou para si mesma, dentro da velha caminhonete vendo pelo retrovisor o prédio que moravam diminuir, enquanto dirigia. Sam e Sarah dormiam no banco de trás, encostados um no outro.

Um pequeno barco e remosOnde histórias criam vida. Descubra agora