Capítulo 33

20 2 0
                                    


- Mulher é uma bosta! - Ethan entrou com tudo no meu quarto.
- Olha só, ele aprendeu a falar nomes. - brinquei voltando a atenção para o meu celular. - O que a Rachel fez dessa vez?
- Não me irrita, Peeta. - ele se atirou na minha poltrona. - Elas cobram romantismo e quando a gente é romântico elas não gostam. Afinal, o que elas querem de nós? - ele perguntou quase gritando.
- Nossa sanidade. - falei sem tirar os olhos do celular. - Mas você ainda não me respondeu o que ela fez.
- Primeiro você larga essa merda e presta atenção em mim e depois eu penso se eu te conto ou não. - sorri antes de bloquear o celular e encarar meu amigo. - Cara, a gente tá junto há mais de meses e ela meio que indiretamente perguntou o que a gente tinha. Eu entendi o que ela queria com isso. - ele mexeu na orelha esquerda. - Eu pensei comigo: "Vou fazer uma surpresa, chamar ela pra sair e fazer o tal pedido".
- Já tô prevendo a merda que você fez. - falei e Ethan fez cara feia pra mim. - Fala logo.
- Então, levei ela pra jantar no restaurante do seu avô. - o melhor restaurante de Austin. - Reservei a melhor mesa, escolhi o melhor cardápio e ainda contratei músicos. - ele sorriu sem vontade.
Ethan era um cara romântico, sempre foi. Diferente de mim que nunca quis me apaixonar, quem dirá amar alguém. Ele era o tipo de nerd famosinho no colégio, chamava atenção das garotas mas não costumava usar elas, como eu fazia.
- E então? - o incentivei realmente querendo saber o que Rachel havia aprontado.
- Eu fiz a bosta do pedido. - ele exasperou. - E a louca começou a chorar e saiu correndo. - ele levantou e mexeu na orelha com força quase a arrancando. - Ela me deixou lá com cara de taxo.
- Nossa, isso não tem nada a ver com ela. - falei pensativo. - Tem certeza que você falou as coisas certas pra ela?
- Como assim, irmão? - ele perguntou franzindo suas sobrancelhas claras.
- Tipo, você falou aquelas besteirinhas que elas gostam de ouvir antes de fazer o pedido? - perguntei e ele ergueu apenas uma de suas sobrancelhas. - Cara, você falou pra ela que amava ela e que queria ter uma vida ao lado dela e ter vários filhos ranhentos de olhos azuis e tal?
- Você é nojento. - ele ralhou comigo e eu ri. - E sim, eu falei tudo isso.
- Então eu não sei, mano. - cocei a nuca. - Quem sabe ela faz o tipo Cash de ser? - ele franziu o cenho. - Porra Ethan, você é burro. Você por um acaso falou pra ela que ela na cama é um furacão, que logo após o sexo ela fica selvagem ou até mesmo que quando ela senta e meche em cima do seu...
- Cala a boca, Peeta! - ele fez um aceno com a mão. - Eu não sei porque eu ainda te peço ajuda. - ele negou com a cabeça. - Você não sabe o que é amar uma mulher.
- E nem quero. - peguei meu celular novamente. - A única coisa que eu quero com mulher é foder. - gargalhei alto quando senti a almofada acertar o meu rosto em cheio.
O celular dele começou a tocar e só pelo fato das bochechas dele terem ficado vermelhas eu já sabia quem era. Naquela mesma noite ele e Rachel se acertaram, ela alegou que saiu correndo porque não queria que ele a visse chorando e entendesse tudo errado o que acabou acontecendo de qualquer maneira, mas quem se importa. Eles foram felizes até quando o destino permitiu.
E Ethan tinha razão. Eu não sabia o que era amar uma mulher, mas agora eu sabia, e eu ia fazer tudo o que estivesse ao meu alcance para sustentar o meu amor por Katniss.
- Peeta! - Katniss me chamou. - Está tudo bem, baby?
Encarei os olhos cinzentos da minha namorada. Consegui identificar algo como preocupação em seu olhar, então lhe lancei um sorriso e ela pareceu relaxar sorrindo comigo em seguida.
- Estou bem sim. - apertei seu queixo de maneira delicada. - Eu só estava decidindo o que tatuar.
- Você vai fazer outra tatuagem? - ela perguntou e eu assenti. - Pra quê?
- Para encorajar você. - menti. - Você não gosta? - perguntei esperando por sua resposta.
Ela desviou seus olhos dos meus para as minhas mãos, meus braços, meu pescoço e em seguida pousou suas mãos pequenas e macias na minha costela direita que era onde estava a tatuagem preferida dela. Seus olhos encontraram os meus e eu senti todo o meu ar se esvair com o olhar que ela havia me lançado.
- Eu amo. - ela sorriu me fazendo sorrir também. - Eu amo muito. - seus dedos passaram por minha sobrancelha falhada. - Eu amo todas elas.
E eu amo você, Florzinha.
- Eu vou beijar você. - falei e ela sorriu mais ainda.
- Não precisa me avisar. - ela disse descendo sua mão por meu rosto parando com ela no meu pescoço. - É só beijar.
Enfiei uma de minhas mãos no meio de seus cabelos e a puxei pra mim. Nossos lábios se colidiram sem muita delicadeza e ela pareceu não se importar. Sua mão pequena se embrenhou em baixo da minha camiseta tocando a minha costela e eu sorri contra sua boca antes de aprofundar o beijo.
- Você me chamou aqui para assistir vocês dois se pegando? - mordi o lábio de Katniss lentamente, antes de encerrar o beijo e encarar minha prima. - Que nojo. - ela falou fazendo careta.
- Por que você chamou a Johanna aqui, Peeta? - Katniss perguntou de cenho franzido.
- Florzinha...
- Quem você acha que vai fazer as benditas tatuagens, patricinha? - Katniss arregalou os olhos, antes de me encarar. - Quem vai primeiro? - Johanna cruzou os braços e deu um sorriso diabólico.
- Peeta. - Katniss choramingou próximo ao meu ouvido. - E se ela fizer algo totalmente diferente do que eu pedir só pra me perturbar? - ela perguntou baixo. - E se ela usar mais força do que o necessário para me ver sofrer? - Katniss fez cara de espanto. - Eu tô com medo.
- Relaxa, Flor. - acariciei seu rosto, sorrindo em seguida. - Johanna é louca, mas não fará nada com você. - eu garanti. - E caso fizer, ela vai se ver comigo. - olhei feio para minha prima.
- Estou cagada de medo. - Johanna revirou os olhos. - Quem vai primeiro? - ela repetiu a pergunta. - O meu primo gostoso ou a namorada azeda dele?
- Eu ainda não acredito que vocês sejam parentes. - Katniss soltou encarando a minha prima. - Eu vou primeiro. - ela me olhou. - Se eu gritar você promete que vai me salvar? - ela sussurrou me fazendo rir alto.
- No mesmo instante. - afirmei selando nossos lábios. - Boa sorte, flor. - ela fez beicinho pra mim.
- Eu espero não precisar dela. - ela sorriu. - Até mais, baby.
- É pra hoje ou para amanhã? - Johanna resmungou mal humorada. - Vem.
Katniss acompanhou minha prima e eu me joguei no banco que havia ali, esperando as horas se passarem. Eu já sabia que tatuagem eu faria e estava muito curioso para saber o que Katniss faria e onde faria.
- Você tem certeza de que é isso que você quer fazer? - Johanna perguntou sentando em sua cadeira e eu assenti. - Acho uma coisa boba, mas enfim. - ela deu de ombros e começou o seu trabalho.
Depois de duas horas na sala fechada com Johanna, Katniss finalmente saiu. Eu queria ver a tatuagem dela no mesmo instante, mas ela alegou que iriamos mostrar juntos depois que eu fizesse a minha. Eu até tentei subornar a minha prima para que ela me contasse pelo menos o local da tatuagem da minha namorada, mas não obtive sucesso algum.
- Chegamos. - falei e abri a porta do meu apartamento para que Katniss passasse. - Pode me mostrar agora.
Ela gargalhou alto.
- Quanto desespero. - ela brincou, largando a bolsa sobre o sofá. - Eu estou com fome. - ela se encaminhou para a cozinha. - Foram horas presa naquele cubículo.
- Eu sei. - falei, parando ao seu lado. - Me mostra a tatuagem e depois eu preparo algo para você. - falei ansioso.
Ela me encarou sorrindo, antes de abrir a minha geladeira e retirar de lá uma lata de refrigerante.
- Tenha calma, baby. - ela falou com a voz mansa. - Tudo tem o seu tempo.
Revirei os olhos e me atirei sentando em uma das cadeiras apenas observando ela se servir de uma fatia de bolo que eu havia comprado e bebendo seu refrigerante.
Katniss havia despertado um novo sentimento em mim, algo que eu jamais imaginei sentir por alguém algum dia. Pra ser sincero eu tinha medo do amor. Eu havia sofrido por ser rejeitado pela minha mãe e havia sofrido muito quando Ethan se foi. Mas eu tinha a sensação de que com Katniss daria certo. Daria certo pra sempre.
- Prontinho. - ela sorriu limpando a boca com o guardanapo. - Você não acha melhor a gente mostrar as tatuagens depois? - ela perguntou e eu neguei a fazendo sorrir. - É que ainda está vermelho e tem o plástico em cima.
- Não tem problema. - falei rápido. - Por favor, Flor. - resmunguei imitando o beicinho que ela fazia para me convencer a algo.
- Isso é golpe baixo. - ela sorriu, se colocando em pé. - Tudo bem.
A acompanhei até a sala onde ela ficou de frente para mim.
- Fiz algo que representa nós dois. - ela sorriu antes de se livrar de seu blazer. - E confesso que sua prima me surpreendeu e muito. - ela desfez o nó do vestido em seu pescoço e virou de lado.
Na altura do seu seio esquerdo havia uma rosa, exatamente igual a flor que eu havia dado a ela no dia de seu aniversário.
- Você me acha uma Florzinha? - perguntei sorrindo e ela fez cara feia.
- Você queria que eu pedisse pra Johanna tatuar a roda da sua moto ou a bituca de um cigarro? - ela ralhou e eu me aproximei.
- Eu amei, Flor. - sorri. - Eu posso tocar? - perguntei e ela assentiu.
- É a sua Flor. - ela deu de ombros. - Literalmente a sua flor.
Toquei a rosa com a ponta dos meus dedos e deslizei os mesmos por toda a sua extensão sobre o olhar atento da minha namorada.
Katniss me surpreendia a cada dia. Eu ainda não sabia se ela havia mudado ou apenas deixado que a pessoa maravilhosa que vivia dentro dela saísse. Independente disso eu achava ela incrível.
Na verdade eu amava aquela garota independente de qualquer coisa.
- Obrigado. - agradeci, beijando a sua têmpora e ela sorriu.
- Sua vez, baby. - ela refez o nó em seu vestido.
Dei um passo para trás e sorri antes de retirar minha jaqueta e a jogar sobre o sofá, segurei a barra da minha camiseta com as ponta dos dedos e a ergui de uma só vez. O olhar de Katniss caiu exatamente no lugar onde havia a minha mais nova tatuagem, que com certeza já era a minha preferida.
- Tatuada no meu peito. - falei me referindo a Flor desenhada no lado esquerdo do meu peito. - Literalmente e pra sempre. - dei um passo até estar cara a cara com ela. - Eu amo você, Flor.
Soltei a maior certeza da minha vida antes de beija-la.







Notas Finais

Gostaria de pedir perdão pelo meu sumiço, e me justificar. No ano de 2016 descobrimos um câncer no meu avô, a luta começou ali, ficou mais intensa no mês de julho de 2019 e chegou ao fim em outubro de 2019, quando ele partiu. E me curar da dor da perda, levou tempo, muito tempo.
Mas, eu voltei e pra ficar
Obrigada pelo carinho e por ainda estarem por aqui ❤

Queen of disaster Onde histórias criam vida. Descubra agora