Capítulo 3

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Normani Escobar

- Oie Fuchiricos! Eu sou Normani Escobar, e esse é mais um maquia e responde. – Falei sorrindo para a câmera enquanto me ajeitava para de fato iniciar. Mesmo que não parecesse eu era um pouco tímida, ainda que eu já trabalhe com a internet desde muito nova, eu não conseguia de fato me acostumar a falar sozinha. – Separei algumas perguntas, e irei responder conforme eu achar necessário. – Falei dando início em minha pele.

- Normani, você de fato noivou? – Sim Kelly, eu noivei. – Falei sorrindo ao mostrar o anel de pedra solitária imenso para meu dedo. E meu sorriso mal me parecia sincero pela câmera.

- Normani, porque Madda sumiu do canal? – Ela está ocupada de mais lidando com a cabra. – Respondi rindo.

- Normani, porque parou de mostrar sua família? – Minha família não gosta de exposição, e devido a alguns eventos desagradáveis, achei melhor não mostrar mais.

- Sua família era seu conteúdo. – Essa não é uma pergunta, mais achei que deveria responder. – Iniciei passando a base em meu rosto. – E não Loren, minha família nunca foi meu conteúdo. Quem me segue desde o início sabe que meu conteúdo sempre foi maquiagens, ainda que eu faça conteúdos diferentes em outras plataformas, meu conteúdo sempre foi o maquia e responde ou maquie e converse. – Falei. – Minha família sempre foi minha maior inspiração, gostava de os mostrar para inspirar a vocês a nunca desistirem. Mais como eu disse, as eventualidades me fizeram parar de os mostrar. – Conclui.

E eu não mentia ao dizer sobre minha família, eles eram de fato meus maiores apoiadores em expiração. E era isso que eu amava neles. Ainda que agora meus irmãos tenham suas vidas diferente da minha, onde maridos e filhos sejam suas prioridades, eles estão comigo sempre que eu preciso, assim como nossos pais.

Me sinto realmente feliz em ter participado da história deles com seus maridos. Os vi se apaixonarem, se esconderem, se esforçarem a seguir. Os vi sofrer por amor, perdoar, os vi se casarem, e os vi construírem suas famílias com o homem que eles amam, e vejo o quanto eles estão felizes.

E isso era de fato uma coisa que eu não entendia sobre mim.

Não conseguia me sentir feliz ao lado do homem que se esforçava todos os dias para me fazer feliz. Davi Dale, é um homem incrível, carinhoso, romântico. E eu não entendia o que havia de errado.

Não entendia onde estava o erro em não conseguir ver ele sendo minha pessoa.

- Normani, você mudou muito. – Também não é uma pergunta, mais a responderei mesmo assim. – Iniciei novamente saindo dos meus devaneios. – E sim, é claro que mudei. Já não sou uma menina, já sou uma mulher com vinte e sete anos, é óbvio que meu corpo mudaria daquele "padrão" imposto.

E essa era uma parte ruim de trabalhar com a internet, era como se fosse uma obrigação ser magra. Ainda que eu não tenha engordado muito, eu havia mudado muito em cinco anos.

- Normani, como foi o pós operatório depois da redução de mama? – Para mim até que foi tranquilo, Jaque. – Respondi colando meus cílios. – Mais lembrando que eu a fiz por questão de saúde, e não por estética. Pois o peso dos meus seios estava prejudicando minha coluna. E sempre recomendo a busca por profissionais, caso vocês tenham vontade de fazer.

E dessa forma eu fui respondendo as mais diversas perguntas e duvidas, ainda que eu me sentisse bem confusa sobre minha vida. E me sentia principalmente confusa sobre Estelar.

Ela tinha mudado muito em nossa amizade, e as vezes parecia que se eu não a procurasse, ela não fazia questão de o fazer. Não compreendia, ainda que eu achasse estranho a forma que ela havia passado a me olhar. Talvez eu fosse leiga o suficiente para não compreender, mais no fundo eu sabia que amigos não se olhavam assim. E eu também a olhava diferente, ainda que ela não perceba.

Mais eu não era corajosa como Nestor para assumir. Não era corajosa o suficiente para anunciar na internet um suposto relacionamento com outra mulher. E não tinha coragem para estragar nossa amizade por um devaneio.

Pois de fato era um devaneio.

Eu nunca me senti atraída por mulheres, nunca nem sequer havia beijado uma. E ainda que eu não tenha preconceito, (pois seria hipocrisia ter, quando seus três irmãos eram casados com outros homens) eu não me via assim.

E por não me ver eu ia fingindo, ia me escondendo dentro de mim. Onde aceitar me noivar tinha me parecido uma boa saída.

É claro que eu gostava de Davi Dale, ele era tão incrível que não fazia sentindo não gostar, mais ainda assim, não parecia ser suficiente. E mesmo não sendo, eu seguiria dessa forma. Pois corajosa, eu nunca fui. E mesmo percebendo meu erro eu permaneceria, ainda que amigos não se olhassem daquela forma eu não insistiria. Permaneceria vivendo de aparecias, pois foi assim que eu aprendi a ser com a internet.

- Esse foi mais um maquia e responde, curtem e comentem #AMIGOS. Um beijo e fui. – Conclui colocando a mão na lente da câmera ao encerrar.

E eu encerrava o vídeo e meus pensamentos.

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- Boa noite, querida. – Disse Davi Dale se levantando para me receber na mesa do restaurante.

- Boa noite. – Respondi retribuindo seu selinho. – Obrigada. – Falei sorrindo me sentando na cadeira que ele havia puxado para mim.

Apesar do romantismo rondar minha família, eu não gostava muito dele. Achava ele bonito ao ser vivido, mais de fato não era para mim.

- Trouxe para você. – Disse sorrindo ao me estender uma caixinha de veludo. Sorri em agradecimento a pegando e a abrindo. Era uma gargantilha extremamente luxuosa com pedras brilhantes.

Outra coisa sobre mim, era que eu de fato não gostava de esbanjo. Ainda que minha família carregue uma riqueza enorme, coisas simples me estigava. E Davi Dale, era meu oposto nisso. Ele de fato gostava de esbanjar sua fortuna. Sempre indo em lugares extremamente caros, gostava de dar presentes caros, e era aquele tipo de pessoa que anda com motorista e seguranças.

- Obrigada. – Agradeci por fim ao grande homem negro a minha frente.

Enquanto jantávamos eu o ouvia dizia sobre suas coisas, e ele contava feliz em como a última exposição de joias da empresa de sua família tinha sido um sucesso. Davi Dale, é um grande homem negro no auge de seus trinta anos, carrega consigo a luta pela sua cor, e a bondade genuína de um grande homem ainda que ele seja lutador. Olhos escuros, cabelo em corte estilo militar, barba bem cuidada, nariz afinado fazendo a perfeita junção com seus lábios carnudos, e está sempre com um brinco de pedra branca, uma corrente e dois anéis em ouro. Esse era Davi Dale, e eu ainda não conseguia entender o que havia de errado.

No fim do jantar fomos para sua casa, onde transamos, e eu dormi ali mais uma vez achando errado permanecer.

Stand Up: Série Irmãos Escobar - Livro 04 (DEGUSTAÇÃO)Onde histórias criam vida. Descubra agora