Capítulo 9

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Assim como o escrito no bilhete, lá estava eu, na arquibancada muitas horas após o fim da aula. Quem me esperava fumava um cigarro e tinha os cabelos bagunçados, os quais quase não se destacavam com os ferimentos visíveis no corpo magro do ruivo.

BaekHyun notou minha presença, e indicou para que eu me sentasse ao seu lado, e assim eu fiz, aproximando-me dele receoso sobre o motivo do encontro.

— Onde você estava?

— Por aí — deu de ombros, como se aquela resposta vazia fosse óbvia e suficiente. — Estava preocupado?

Confirmei balançando a cabeça, e então ficamos em silêncio, enquanto eu esperava respostas melhores, e ele só estava ali, liberando a névoa viciante do cigarro caro que nos envolvia.

— Você me chamou aqui porque Kris terminou com você, não foi? — finalmente questionei, quebrando o silêncio que pairava naquela noite fria.

— Fui eu quem terminei com ele — falou ao soprar a fumaça do cigarro. — O filho da puta me traiu, Hun.

— Foi isso mesmo? — perguntei, já sabendo que era mentira, todos sabíamos das novas namoradas de Yifan e que, provavelmente, haviam novos namorados no meio de seu relacionamento com BaekHyun.

— Você não vai contar pra ninguém, né? — olhou em meus olhos, esperando que pudesse continuar. — Essa merda aqui, foi ele.

Novamente os machucados de BaekHyun me chamaram a atenção, os hematomas roxos e o sangue seco. Todos sabíamos que o Wu o machucava e, por isso, tentávamos afastá-lo, mas, dessa vez, havia sido algo muito além do que já tínhamos visto, Baek tinha sido literalmente espancado pelo chinês.

— Por que você não contou pra ninguém?

— Hun, mesmo se eu contasse pra alguém, o Kris sempre estaria certo. "A bichinha apanhou porque mereceu", "Tem que aprender a virar homem", era isso que eu ia ouvir, e ainda vou ouvir, porque o Kris com certeza foi todo orgulhoso contar pros amigos dele.

— Mas a Irene..?

— Ela não viu nada, e também não mudaria nada. Mas eu não vim aqui pra falar disso — falou antes de dar mais uma tragada no cigarro.

— Veio falar do quê?

— Eu quero que me faça esquecer do Kris — falou com o rosto próximo ao meu, tendo a fumaça inebriante saindo delicadamente de sua boca enquanto formava cada palavra, o que me atraía e tirava minha concentração do que acontecia à volta e de suas palavras.

— Está bem... — falei sem pensar nitidamente nas minhas palavras, mas percebi o que aquilo havia significado quando BaekHyun aproximou nossos rostos encostando seus lábios com os meus pronto para beijar-me.

Aquilo foi estranho para mim, a possibilidade de beijar BaekHyun, e a atração desconhecida que senti por ele naquele momento, eu não acreditava que isso poderia estar acontecendo logo comigo.

— Baek, eu não posso — falei afastando-o delicadamente. — A SeulGi...

— Está bem, Hun, me desculpe — falou e logo se levantou. — Vamos embora.

Ele não olhou para mim após isso, apenas desceu a arquibancada e atravessou o campo de futebol, e eu senti que deveria falar algo, mas o choque ainda era maior que isso, então o deixei ir.

Problem BoyOnde histórias criam vida. Descubra agora