Prólogo

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Mais um dia em Outer Banks, mais específicamente na "Zona nobre" da ilha. Não vou ser hipócrita e dizer que não gosto dos privilégios que tenho, claro que eu gostosa e usufruía deles às vezes. Mas é ruim não ter com quem compartilhar isso, sabe? Pode parecer idiotice, mas se eu não tenho com quem partilhar aquilo tudo, acaba se tornando nada. E foi por esse pensamento que acabei me identificando com minha melhor amiga, Kiara Carrera. Começamos a conversar no primeiro ano, ela se recusou a fazer grupo com qualquer uma das meninas de nossa sala, disse que elas eram muito mimadinhas e queria fazer sozinha. A professora queria dar zero no trabalho dela, e eu, num impulso levantei a mão e disse que ela poderia fazer comigo. Kiara me olhou surpresa e acabou aceitando, não sei se para não ficar sem nota ou se não me achou mimadinha como o restante, mas agora somos inseparáveis. Eu devo muito a Kie, graças a ela não fico sempre sozinha por aqui, tenho com quem falar minhas besteiras... Mas principalmente, graças a ela eu conheço minha família, vi que podem existir relações verdadeiras em meio a todos aqueles sorrisos falsos e vidas de aparência como eu estava acostumada. Além de sua amizade, Kiara me aproximou de meu irmão. Sim, eu tenho um irmão, se formos falar de laços sanguíneos, meio irmão. Sempre soube que minha mãe tinha outro filho, e que ele morava no lado mais pobre da ilha. Afinal isso foi um escândalo pior aqui, o marido de minha mãe, que é meu pai biológico, é um dos caras mais ricos daqui. Então tudo que ele ou a pessoas próximas a ele —ainda mais se o ex parceiro da mulher dele for um pogue, com o qual ela teve um filho— acaba repercutindo. Sempre quis conhecer meu irmão, mas toda vez que eu falava disso ou perguntava algo sobre, eles fechavam a cara e trocavam de assunto. O clima sempre ficava pesado para caralho depois, então parei de insistir. Pensei que nunca teria uma relação próxima com ele, mas então Kiara me apresentou seus amigos. O primeiro foi ele, assim que ouço seu nome e sobrenome, eu o abracei forte, que ficou sem entender nada, mas acabou retribuindo. Eu sempre tive medo de se caso o conhecesse, ele não quisesse saber de mim, mas assim que eu disse, temerosa, que era sua irmã, vi os olhos dele, tão parecidos com os meus brilharem. Ele sorriu de orelha a orelha e mt abraçou ainda mais forte, era um abraço protetor, como se ele tivesse sentido muita saudade de mim, mesmo que não nos conhecêssemos antes, disse que sempre desejou que sua irmã o encontrasse. Depois daquela melação toda, a Kiara riu, nitidamente um pouco emocionada com aquilo. Ela olhava para nós dois, a vi olhar para ele com um sorriso no rosto, como se gostasse de vê-lo feliz. Havia percebido que ela tinha um carinho muito grande por meu irmão. Logo ela me apresentou Pope, um rapaz bem gentil, e pelo pouco que falamos parecia bem inteligente também. Kiara explicou que ele era como o "estrategista" do grupo. Logo ela foi pra mais perto de uma casa, pertinho de onde eu estava com ela e os meninos e abriu a porta bruscamente, sem bater nem nada.

— Vai vestir uma roupa logo, John B. Quero te apresentar uma pessoa.

Diz, o tom de voz impaciente, os braços cruzados enquanto batia o pé no chão. Inclino um pouco a cabeça, tentando ver quem era. Logo avistei um cara bem alto saindo da casa simples, quando ele se aproximou mais da gente, pude ter um vislumbre maior dele. Ele tinha a pele bronzeada, me deu vontade tocá-la, usava uma camisa meio aberta que tava uma visão de seu corpo perfeitamente trabalhado. Apesar das roupas claramente velhas e gastas, eu gostei de seu estilo. Levo meu olhar até seu pescoço, onde tinha uma bandana amarrada. Observei seu rosto e nem percebi o tempo que fiquei fazendo isso. Ele se aproximou um pouco mais de mim, então observo seu cabelo longo, bastante bagunçado mas de algum jeito isso o deixava muito charmoso, ele era um pouco escuro, mas tinha pontas quase douradas, como o sol nascendo. Tive vontade de enterrar os dedos ali. Sua boca levemente rosada era muito bonita, seus olhinhos castanhos gentis também eram lindos, as sardinhas adoráveis e sutis desenhadas em seu nariz e um pouco acima de sua bochecha. Ele também tinha um sinal perto dos ossos de sua bochecha, isso dava um charme especial. Porra, a Kiara não me avisou que eu ia ver um cara assim! Logo o garoto fala comigo, me cumprimentando, a voz grave e macia, como se estivesse acariciando meus ouvidos... Me chamou novamente, fazendo com que eu voltasse a realidade.

Kind Little Eyes , au John BOnde histórias criam vida. Descubra agora